A banda Pentatonix tem uma música de natal muito conhecida cujo nome é That's Christmas to me - Isto é Natal para mim. A letra fala dos eventos típicos em torno do final do ano: a expectativa da vinda do papai Noel, a família reunida para celebrar, meias penduradas na árvore de Natal com os presentes e as luzes piscando, a ceia com os amigos. Cada uma das estrofes encerra com a afirmação: Isto é Natal para mim!
Eu sou fã das músicas de Natal. Curto as canções clássicas dessa época do ano. Mas Natal, para mim, tem uma dimensão muito mais profunda do que falam as músicas. Apesar de gostar da árvore de Natal, das luzes e enfeites, sempre lembro a mim
mesmo de que preciso transcender, ir além da visão mercantilista e comercial com que o Natal é tratado.
Eu tenho de me lembrar que a figura central não pode ser o papai Noel, mas tem de ser o menino que nasce. Eu preciso ir a Belém entender o que aconteceu naquela esquecida aldeia da Judeia, longe dos holofotes e do glamour dos palácios, distante do olhar indiferente dos sacerdotes do templo - capazes de citar profecias memoráveis do Antigo Testamento, mas que desprezaram sua mensagem e cumprimento.
Eu preciso mergulhar na percepção dos magos do Oriente que fazem uma longa viagem pelo deserto, andando de camelo por 1.600 kms para contemplar uma criança deitada numa manjedoura. Eu preciso caminhar pelas tensões de José, a gravidez de Maria, o choque da aldeia com o relato
estranho de uma virgem que se engravidou. Preciso conversar com os pastores, assustados e admirados do que viram ao redor de Belém. Isso é Natal para mim!
Ele me lembra de um plano maior, de algo que vai além da história como um dado observável e me remete a uma dimensão sobrenatural de um Deus disposto a resgatar os homens das trevas, do obscurantismo religioso e da religiosidade vazia.
O Natal também me lembra de um Deus que invade a história e se torna carne, do verbo encarnado na figura de uma frágil criança que precisa de todo cuidado de Maria - que por sinal acabou de sair da puberdade. Isso é Natal para mim!
E ele também me fala de coisas estranhas, como a batalha de anjos e demônios que querem devorar a criança que está pra
nascer, de acordo com a linguagem de Apocalipse 12. Texto profético, tenso, escrito sob uma perspectiva cósmica, a-histórica. O relato bíblico do nascimento desta criança nos leva a considerar tensões, conflitos e lutas.
Herodes está disposto a matar. Há dor em Belém, mas, ao mesmo tempo, o Natal nos fala de redenção, restauração, Graça e acolhimento. O Natal nos remete a um Deus que assumiu um corpo com suas limitações naturais e que se entregou em autossacrifício numa cruz. Isso é Natal para mim!
Eu quero refletir sobre os relatos do nascimento desta criança, quero entender todos os desdobramentos. “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; e seu nome será: maravilhoso conselheiro, Deus forte, pai da eternidade, príncipe da
paz. E seu reino jamais terá fim." Sim! Isso é Natal para mim!
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