Alguns anos atrás a Europa estava celebrando o fato de que estava há cinquenta anos sem conflito. Para uma região marcada por batalhas e lutas intermináveis, era de fato um grande motivo para comemorar. Mas este momento de trégua já ficou para trás e novamente a Europa se vê imersa num caldeirão confuso de conflitos de interesses, invasões, desejo pelo poder.
O historiador Walter Russell Mead citou recentemente um ditado russo: "É mais fácil transformar um aquário em sopa de peixe do que transformar sopa de peixe em um aquário". De fato, da Europa ao Oriente Médio, muitos aquários estão virando sopa de peixe ao mesmo tempo. Mas transformá-los de volta em sociedades e comunidades estáveis será um grande desafio.
Por que uma sociedade que alcançou um nível tão grande de qualidade de vida, resolver se envolver novamente numa batalha interminável, e sem soluções à vista? Qual a lógica dos conflitos, quais os motivos e intenções? Não é uma questão apenas de recursos. Detrás do dinheiro encontram-se outros elementos ainda mais fortes e poderosos: A lógica da vaidade e do poder. Dinheiro é pouca coisa diante destes dois grandes ídolos.
Luiz Filipe Pondé fala do ridículo da razão dialógica, a cegueira que se interpõe nos argumentos frágeis (e ao mesmo tempo poderosos), que justificam a guerra. A mesma lógica ridícula se revela em um grupo terrorista, que com requinte de crueldade e sadismo, resolve invadir o espaço israelense, sabendo de antemão quais as sanções e retaliações que sofrerão, trazendo ainda mais sofrimento e instabilidade para o frágil povo palestino, que tenta sobreviver em condições sub-humanas, dependendo do vizinho poderoso.
Ninguém pode arriscar um palpite sobre o fim de nenhuma destas guerras. O que acontecerá a Ucrânia? É possível crer que a Rússia vai retroceder? É quase impossível imaginar isto enquanto Putin estiver no poder, e tudo indica que ele não sairá tão cedo... o que acontecerá à Palestina? Como reconstruir uma nação pobre, sem recursos, num contexto de miséria?
O apóstolo Tiago foi o primeiro moderador na Igreja Primitiva em Jerusalém. (Atos 15) Ao escrever sua carta ele questiona: “De onde procedem guerras e contendas que há entre vós? De onde, senão dos prazeres que militam na vossa carne? Cobiçais e nada tendes, matais, e invejais, e nada podeis obter, viveis a lutar e a fazer guerras. Nada tendes, porque não pedis; pedis e não recebeis, porque pedis mal, para esbanjardes em vossos prazeres.” (Tg 4.1-3)
Guerra não é só uma questão de poder e recursos. O grande problema é mais profundo, está ligado ao coração corrompido, que deseja controlar e conquistar por poder, vaidade e inveja. “O coração do problema é o problema do coração.” Guerras e conflitos, disputas e violência, sempre existirão, porque antes de serem conflitos externos, refletem as lutas internas. E não há lógica que possa prevalecer em corações dominados pelo poder e por ideologias. Não há lógica, porque ela não faz sentido para corações dominados por ódio. A guerra só vai parar, quando houver cura para os corações.
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