Acompanhei à distância a trajetória de dor de uma família. Ela me foi relatada por um dos filhos. Quando estavam todos na fase da pré-adolescência e adolescência, seu pai, que era um homem misterioso e silencioso, divorciou da esposa, despediu-se da sua família e daí em diante viveria como se fosse um estranho, apesar de continuar morando na mesma região. Raramente aparecia, mandava ajuda financeira regular, perdeu todo contato com os amigos e filhos. Familiares e amigos criaram hipóteses sobre sua atitude tão radical de distanciamento, mas nada foi comprovado efetivamente. Ele nunca se casou novamente, nunca se soube dos reais motivos de sua decisão.
Alguns anos depois, quando seu pai faleceu de morte natural, foram ao funeral e este filho que me contou a história disse que chegou ao lado do caixão, olhou para seu pai que havia decidido viver uma vida distanciada de todos e comentou baixinho: “Ei papai, quanto segredos o senhor está levando contigo...”
Henry David Thoreau observou que infelizmente as pessoas geralmente vivem num “desespero silencioso”, ou numa “distração sem objetivos”. Sem um propósito claro para fundamentar as decisões, usar o tempo e empregar os recursos, e por isto ficam sem alicerce.
"A maioria dos homens vivem vidas de silencioso desespero, e vai ao túmulo sem ter expressado sua alma. O que se chama resignação é desespero confirmado. Da cidade desesperada você vai para o campo desesperado... Um desespero estereotipado, mas inconsciente, se esconde mesmo sob os chamados jogos e prazeres da humanidade. Não há diversão neles, pois esta vem depois da obrigação.”
Estatísticas comprovam isto: A cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio no mundo. No Brasil, anualmente, quase 12 mil pessoas cometem suicídio. Esta é a segunda principal causa de morte em jovens de 15 a 29 anos. Frequentemente, o grito de desespero é silencioso, embora o suicida muitas vezes dê sinais de forma indireta. Mas quem nunca teve um momento na vida em que desejou morrer, ainda que este pensamento fosse apenas vago e distante?
O silencioso desespero, surge muitas vezes nos horários lúgubres da noite, quando as luzes se apagam e todos se distanciam, e os labirintos da mente divagam sobre o significado e o valor da vida. Muitas vezes as reflexões se tornam pesadas, sem descanso. O sono desaparece, a insônia chega. O medo de viver, a tristeza de viver, parecem se tornar mais concretos. Durante o dia, quando as atividades frenéticas nos obrigam a uma vida de ativismo é mais fácil disfarçar a dor, mas a madrugada pode ser bem mais agitada que imaginamos.
Quando isto acontece, é preciso encontrar suporte e espaços nos quais a dor possa ser expressa. É preciso falar sobre esta angústia. Ajuda muito o apoio familiar (embora muitas vezes este círculo seja complexo porque as emoções afloram fortemente), comunidades saudáveis como igrejas e grupos de apoio, e a fé em Deus. O desespero silencioso pode ser real, mas romper o silêncio ajuda a desmascarar a dor e a tristeza. Não fique só!
Muito bom! Como fiz a palavra de Deus: "Melhor é serem dois do que um..."
ResponderExcluirMuito boa a reflexão. A cura sai pela boca e entra pelo ouvido. Um abraço meu amigo.
ResponderExcluirOi meu bom amigo pastor , li todo seu artigo agora de manhã . Fez muito bem ao meu coração e alma . O silencio é mesmo muito triste , entendi que falando e conversando com outros melhora a alma e coração. Obrigada pelo texto . Te amo muito . Beijo
ResponderExcluirGeny Barbosa Campos 👆
ResponderExcluirÓtimo texto! É sempre bom ter quem compartilhar nossos anseios, pois o desabafo alivia o
ResponderExcluir❤.
Pastor! Que Deus o abençoe e inspire em seus lindos escritos.
Ótima publicação, pastor! Muitas vezes temos o (péssimo) hábito de nós escondermos em nós mesmos, gritando gritos de socorro que somente nós podemos ouvir.
ResponderExcluirVivamos a comunhão de maneira efetiva, cuidando uns dos outros com amor sincero, real, concreto e sem nada esperar.
Muito bom esse texto
ResponderExcluirTenho experiência de perder pessoas queridas por não se abrirem
Ficar só não é bom nesses momentos
Não podemos nos isolar. Somente a conexão com outros seres humanos nos tira do fundo do poço em que estamos todos, pelos mais diversos motivos e com lastro na nossa humanidade. Rita Fischer
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