Apesar de ouvirmos inúmeras vezes que
não há diferença entre o trabalho “secular” e “religioso”, e que vocação deve cumprir, em
qualquer dimensão o propósito de glorificar a Deus, “Quer comais, quer
bebais ou façais qualquer coisa, fazei tudo para a glória de Deus” (1
Co 10.31), nem sempre entendemos, num nível profundo, esta verdade tão
significativa do chamado e vocação. Ainda acreditamos que a unção de Deus, em
áreas tão diversas como música, artes, artesanato, design de moda não tem tanto
valor como o chamado pastoral ou missionário.
Um texto do livro de Êxodo, porém,
surpreende o leitor com a seguinte declaração: “falarás também a todos
homens hábeis a quem enchi do espirito de sabedoria, que façam vestes para Arão,
para consagrá-lo, para que ministre o oficio sacerdotal” (Ex 28.3). Deus
mesmo capacitou estes irmãos, com uma unção espiritual, enchendo-os de
habilidades artísticas para a costura. Você poderia imaginar que um alfaiate pudesse
ter uma unção especial e direta de Deus?
Minha mãe é costureira, e por muitos anos
sustentou a família com sua máquina e sua impecável arte de fazer roupas. Ela
era muito apreciada pelas madames da cidade que chegavam em seus bonitos carros
à porta de nossa casa trazendo finos tecidos para que ela fizesse as roupas.
Tenho uma enorme gratidão por seu esforço e dedicado trabalho que serviu para a
manutenção da casa, mas jamais poderia imaginar que tal arte e profissão, pudesse
descrita na bíblia como uma unção especial.
Isto se aplica a outras profissões.
“Disse
Moisés as filhos de Israel: Eis que o senhor chamou pelo nome a Bezalel, filho
de Uri, filho de Hur, da tribo de Judá, e o espírito de deus o encheu de
habilidade, inteligência e conhecimento em todo artificio, e para elaborar
desenhos e trabalhar em ouro, prata e em bronze, e para lapidação de pedras de
engaste, e para entalho de madeira, e para toda sorte de lavores. Também lhe dispôs
o coração para ensinar a outrem, a ele e a Aoliabe, filho de Aisamaque, da
tribo de Dã. Encheu-os de habilidade para fazer toda obra de mestre, até a mais
engenhosa, e a do bordador em estojo azul, em purpura, em carmesim e em linho
fino, e a do tecelão, sim, toda sorte de obra e a elaborar desenhos. Assim,
trabalharam Bezalel e a Aoliabe, e todo homem hábil a quem o Senhor dera
habilidade e inteligência para saberem fazer toda obra para o serviço do santuário,
segundo tudo o que o Senhor havia ordenado” (Ex 35.30-35; 36.1).
A Bíblia fala de Jubal, que eram músico,
a quem deu a unção para realizar a arte. “O
nome de seu irmão era Jubal; este foi o pai de todos os que tocam harpa e
flauta” (Gn 4.21) e de Tubalcaim, artífice de todo instrumento cortante, de
bronze e de ferro” (Gn 4.22).
Talvez isto explique um pouco mais a
declaração bíblica: “Tangei ao Senhor com
arte e com júbilo” (Sl 33.3). O louvor requerido por deus deveria ser feito
com arte, com beleza plástica e excelência e isto é muito importante. Existem
muitos que acham que podem fazer louvores sem cuidado, sem esmero, de qualquer
jeito, mas não é isto que Deus pede. Certa pessoa disse ao seu pastor que
queria cantar uma música na igreja, que não estava bem ensaiada mas era de
coração para o Senhor, e o pastor disse: “Então, como é para o Senhor, ensaie
melhor e apresente alguma coisa com mais qualidade”.
A música também não pode ser feita
sem júbilo, e isto tem a ver com a alegria e unção que deve estar no coração
daquele que adora. É possível ministrar o louvor, com muita qualidade técnica,
mas não fazer com o coração. Sem fazer com entusiasmo e alegria.
Júbilo e arte. Uma coisa não
prescinde da outra. Não são excludentes, mas complementárias. Muitos fazem “de coração”,
mas sem arte, outros fazem “com arte”, mas sem coração. Ambas demonstram ineficácia
e deficiência quando se trata de fazer para Deus.
Estas duas abas da adoração devem
andar juntas.
A arte tem um papel importante porque
ela glorifica a Deus.
Poucas pessoas entenderam isto tão
bem isto quanto Juan S. Bach, em todas as suas obras ele colocava no final:
“Para a glória de Deus!” Ele produzia música de qualidade, mas seu objetivo era
era glorificar o Deus a quem ele servia.
Nenhum comentário:
Postar um comentário