Na série de TV “House of Cards”, o grande vilão Frank Underwood (Kevin Spacey), tenta uma jogada arriscada, lançando o nome de Peter Russo a governador no Estado da Pennsylvania, apesar do seu complicado currículo que inclui casamento destroçado, drogas e alcoolismo. Para manipular a opinião pública, eles precisam vender a imagem de um homem regenerado, que encontre aceitação pública e recomendam que ele participe dos alcoólatras anônimos.
O problema é que ele não está interessado no programa, e todos os dias ao sair para tais encontros, ele parece um garoto rebelde querendo fugir da classe para jogar vídeo game em casa, mas seu assessor, implacavelmente, tenta convencê-lo de que sem este processo ele não tem qualquer chance. Num determinado momento, ele reage dizendo: “Eu não gosto de participar destas reuniões, me sinto ridículo, não creio em forças superiores, nem em Deus, nem em demônios, nem em céu ou inferno”, e seu assessor lhe diz: “Eu não estou dizendo que você deveria crer em Deus, e sim que você não deveria descartar possibilidades”.
E assim que me sinto diante de pessoas honestas que se declaram agnósticas ou ateias. O agnóstico é aquele que admite a possibilidade da existência de um Ser Supremo, mas que não interfere em nada na vida das pessoas, ele está nos céus, os homens na terra, e cada um exerce seu papel sem qualquer conexão entre si. O ateu, nega de forma objetiva a possibilidade da existência de um Ser Superior, Deus simplesmente não existe e ponto final. O ser humano nada mais é que um ajuntamento de moléculas e átomos e tudo acaba de forma ridícula num túmulo.
Sempre me pareceu que viver sem perspectiva da eternidade esvazia a vida humana de sentido. A vida não é apenas comer, beber, trabalhar, dormir, ganhar dinheiro, crescer (ficar bobo e casar...) e morrer! A vida adquire sentido quando nossa transitoriedade se relaciona com algo de Eterno, ou, usando a linguagem de Jean P. Sartre, que se declarava ateu: “Nenhum ponto finito faz sentido sem um ponto infinito”. Não faz sentido dizer que uma linha é reta, se esta linha não tem um ponto de saída e outro de chegada.
E se Deus existir? Isto não muda a nossa forma de ser e interpretar a história humana? Mesmo para alguns filósofos que não sabem se creem ou não, há uma compreensão de que a fé é uma terceira via do saber (misticismo), além da sensibilidade da alma (emoção), e da razão (capacidade de deduzir e criar hipóteses). Portanto, não crer é limitar a capacidade de inferir realidades que transcendem a nossa ambígua, curta e contraditória existência humana.
Para concluir: “Eu não estou dizendo que você deveria crer em Deus, e sim que você não deveria descartar possibilidades”.
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