A ilha do Diabo fica na Guiana Francesa e até 1946 era uma colônia penal francesa onde os presos considerados mais perigosos cumpriam pena, e abrigou cerca de 80 mil homens entre 1852 e 1938. Para chegar lá, os prisioneiros eram transportados de barco, e muitos morriam antes mesmo de alcançar o destino.
Na prisão eram trancados em celas minúsculas, escuras e superlotadas, de onde dificilmente alguém conseguia escapar, pois a ilha era de difícil acesso, cercada de penhascos e águas infestadas de tubarões.
Ela se tornou conhecida 1969, quando foi publicado o livro Papillon, do prisioneiro Henri Charrière. A história, contudo, afirma que Charrière era uma farsa e que o verdadeiro autor de Papillon foi outro fugitivo, René Belbenoît, um intelectual que falava quatro línguas e liderou a fuga de um grupo de presos, em 1938 radicando-se com seus parceiros em Roraima em 1940, morrendo em 1978, aos 73 anos, e sendo sepultado na Vila Surumú.
Dentre as muitas histórias da ilha, é bem conhecida a do padre Pierre, natural de St Remy, pequena aldeia francesa, acusado de assassinar uma mulher que morava perto de sua casa. As provas eram apenas circunstanciais e duvidosas, mas jamais alguém viu este padre reclamar, se lamentar ou dizer que era injustiçado. Por causa de sua atitude de serviço se transformou em verdadeiro anjo de guarda, socorrendo alguns, medicando outros, lendo cartas, falando do amor de Deus e das coisas de Deus.
Um dia, um condenado se identificou afirmando ser seu antigo jardineiro Groscaillou, e começou a falar atropeladamente que o padre Pierre era inocente, que nunca havia matado ninguém, e que o assassino era ele mesmo que havia preparado tudo para que a culpa recaísse sobre o padre, e que estava pronto a admitir isto. Groscaillou infelizmente nunca chegou a escrever sua confissão pois morreu poucos dias depois.
Os demais presos, porém, resolveram testemunhar a seu favor, mas o padre surpreendentemente respondeu que não aceitaria: “foi a vontade de Deus que me trouxe a esta prisão. Ele precisava de alguém que ajudasse os presos a suportarem suas dores, e esse alguém sou eu. Se eu for libertado, quem tomará o meu lugar? Um ministro de Deus é para fazer o seu serviço onde ele determinar. Meu lugar é aqui, seja feita a vontade de Deus”.
Posteriormente a justiça francesa tomou conhecimento deste fato e enviou a ordem de sua libertação, e ele, bastante enfermo não concordou em ser removido para o hospital da cidade. “Ficarei aqui com os meus paroquianos, eles não poderiam ir comigo. Continuarei com eles. E ficou.
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