Não sei quanto aos seus
sentimentos, mas confesso que está duro assistir aos noticiários do Brasil. A
banalização do mal se tornou tão explícita, que tudo parece natural: crimes
bárbaros, violência nas cidades, corrupção institucionalizada, desemprego, falência,
somos tomados por uma sensação do estilo J.R.R. Tolkien, cuja frase na sua
coletânea de livros que inspirou a série “Senhor dos anéis”, é a seguinte: “Não
há mais esperança!”. A economia do Brasil parece ter derretido, e com ela, a
esperança e o bom humor. Faltam expectativas positivas, bom humor.
Certamente não teremos um
ano de vacas gordas em 2016, mas o pior disto tem a ver com o baixo astral. A
realidade é ruim, mas o desespero e a falta de sonhos é pior. Afinal, como
dizem os japoneses, “O medo de perder não deixa a gente ganhar”. Crise
historicamente tem sido oportunidade de grandes criações e novas alternativas.
Quando perguntaram a Eugene Peterson qual a coisa mais interessante da vida ele
respondeu: “Bagunça!”
Ricardo Semler, conhecido
empresário paulistano afirmou recentemente numa entrevista na Folha de São
Paulo, que a corrupção no Brasil hoje é menor que 30 anos atrás. Assustou? Eu
também! Ele afirma que sua empresa nunca conseguiu um contrato com órgãos
públicos porque ele sempre se recusou a dar propina àqueles que tinham a função
de negociar com as empresas. Segundo ele, o que está acontecendo é que hoje
temos mais “consciência e melhores informações”. A imprensa livre tem sido
responsável pela desarticulação de muitos destes imbróglios financeiros na antiga
e viciada relação meretrícia entre Estado e Empresa.
Se considerarmos a história
mundial, veremos que crises anteciparam momentos de grandes ganhos. Os EUA
tiveram uma vertiginosa ascensão na época mais sinistra dos tempos modernos,
isto é, na Segunda Guerra Mundial, logo após a Grande Depressão que arruinou as
empresas e a economia daquele país. Este tsunami gerado pelo binômio Grande
Depressão -II Guerra Mundial transformou-se em grandes possibilidades.
Tenho medo de que, o mau
humor e a falta de esperança possam limitar nossa visão a médio prazo. O
incidente dos Andes, em 1972, quando um avião uruguaio com 45 ocupantes caiu
nas montanhas geladas, levando os jogadores de Rúgbi, na sua maioria jovens de
classe média, a sobreviverem por 69 dias praticando canibalismo, sob uma
temperatura de -20 C nos mostra como eventualmente podemos estar tão próximos da
esperança e ainda assim viver debaixo do terror. Eles estava a apenas 5 km de
um dos mais famosos balneários do Chile. Tão próximos mas tão distantes...
Outro aspecto da crise é o
fato de que crise tem a capacidade de nos aproximar de Deus. O bem estar, a
sensação de tranquilidade e segurança, o conforto e o luxo podem nos
transformar em seres auto suficientes e arrogantes. Tendemos a ignorar a
realidade de Deus na história. Quando as coisas se complicam, surge a
necessidade de clamar a Deus e buscar sua direção.
2016 não promete demais, mas
não quero esperar de menos...
2016 prenuncia um ano de
crise, mas quero olhar estes obstáculos como possibilidades...
Que a despeito de todo
prognóstico, algo de Deus possa brotar em nosso coração.
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