segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Hora da Verdade

Nesta semana, os jornais noticiaram mais um lance complicado do australiano Julian Assange, criador do wikileaks, que conseguiu ter acesso a documentos secretos de governos e corpo diplomáticos, expondo-os na internet. O problema se tornou mais grave agora, porque com a exposição do nome de pessoas e informantes em todo mundo, colocou em risco suas vidas. Num comentário sobre esta notícia, um articulista concluiu: “Uma prova de que verdade demais, às vezes, atrapalha”.
Transita também no Congresso Nacional um projeto de lei sobre a criação da “Comissão da Verdade”, que procura desvendar os descaminhos de um triste capítulo de nossa história durante a ditadura militar, e a busca de respostas e informações sobre presos políticos que foram julgados, torturados e executados, sem que tivessem direito a um tribunal ou defesa, prerrogativas próprias de governos democráticos.
Diante da possibilidade da abertura desta caixa de pandora, muitos estão amedrontados. A verdade, nem sempre é recebida com alegria. Muitos vivem angustiados com seus segredos, temendo que aspectos negros de sua história, se tornem conhecidos. Conta-se a história de um homem que enviou 10 telegramas anônimos para diferentes empresários da sua cidade afirmando: “Já sabemos de tudo!”, e no outro dia, todos eles fizeram uma “viagem de urgência” e desapareceram.
Jesus, no entanto declarou: “Pois nada está oculto, senão para ser manifesto; e nada se faz escondido, senão para ser revelado”. Por isto a Bíblia sempre menciona esta “hora da verdade”, quando todos compareceremos diante do justo juiz, que julgará vivos e mortos, e, diante do qual, não se esconde nada de bom ou de ruim. Ele não julgará apenas atos, mas motivos e intenções. Não aspectos objetivos, mas também os subjetivos.
O caminho que Deus propõe para nossa vida é sempre o da confissão, e nunca o do acobertamento. “O que encobre suas transgressões, jamais prosperará, mas o que confessa e deixa, alcançará misericórdia”.
Jaqueline, uma mística cristã da idade Média afirma que “Confissão é a antecipação do juízo”. Como todos teremos que prestar contas a Deus, então é melhor que não aguardemos para o dia do juízo, mas que resolvamos logo nossa pendência. Quando lançamos luz no mal que tememos, afugentamos as sombras de nosso coração, nos livramos da acusação, culpa e condenação, e somos libertos para voltar a viver. Boa parte de nossas doenças psiquiátricas se devem a algum mecanismo de culpa e medo, real ou imaginário. Viver se escondendo a vida inteira gera tormento e martírio.
A hora da verdade não deve ser adiada. Nada a temer senão a farsa, os artifícios, os esquemas e as sombras – A luz traz claridade, aquece e lança fora mofos e fungos, que como o mal, crescem melhor na penumbra e nos porões de nosso inconsciente. A Bíblia nos convida, não a fugirmos, mas a nos aproximarmos do “Pai das luzes”. Isto pode parecer ameaçador, mas é terapêutico!

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

A incurável Dor

Aos 27 anos, Amy Winehouse foi encontrada morta, assim como outros famosos e mitológicos artistas que morreram ainda na juventude: Jimmy Hendrix e Kurt Kobain, se foram com a mesma idade, e provavelmente pela mesma razão - overdose. Todos estes pop stars tiveram características similares: Vidas atribuladas, escândalos, internações, fama, riqueza, popularidade e muito vazio existencial.
Creio que a característica comum em todos eles é o quadro definido psiquiatricamente como “angústia primal”, que gera um vazio enorme na alma e uma dor sem cura. A ausência de significado, associada ao uso da droga é quase sempre uma mistura fatal. O que leva pessoas tão celebradas a seguirem este caminho da auto destruição nas drogas e no alcoolismo?
Algum tempo atrás, o ex-presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, Fez uma declaração estranha: "Bobagem essa coisa que inventaram que os pobres vão ganhar o reino dos céus. Nós queremos o reino agora, aqui na Terra. Para nós inventaram um slogan que tudo tá no futuro. É mais fácil um camelo passar no fundo de uma agulha do que um rico ir para o céu. O rico já está no céu, aqui. Porque um cara que levanta de manhã todo o dia, come do bom e do melhor, viaja para onde quer, janta do bom e do melhor, passeia, esse já está no céu".
Ao acompanharmos a trajetória de Winehouse, podemos ver que Lula está equivocado: Riquezas, conforto e popularidade não são capazes de resolver a dor de um coração insatisfeito. “Mais de nada, leva-nos a lugar algum”... Blaise Pascal, matemático e filósofo, afirmou que “o homem tem um vazio em forma de Deus”.
É com compaixão e tristeza que vemos mais uma pessoa talentosa como Winehouse, perder a batalha da vida, porque não encontrou resposta para sua dor incurável, sua solidão e angústia. A droga que ela consumia e que a consumiu é apenas a ponta do iceberg da sua incurável dor, assim como de milhares de outros que também caminham entre nós, com este “pesado e vazio” sentimento de que lhes falta algo.
Fico pensando se não foi por esta razão que Jesus fez aquele convite conhecido: "Vinde a mim, todos os que estais cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo e aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração; e achareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve" (Mateus 11:28-30).
Riqueza, fama e popularidade não conseguem nos levar até o céu e nem impedem que o inferno adentrem nosso coração. O inferno não está ausente na vida das celebridades e do homem comum. Inferno, antes de ser um lugar, é um estado de alma.

segunda-feira, 11 de julho de 2011

Por que Deus muitas vezes não cura?

Esta é a pergunta que todos fazemos, mas ainda se torna mais relevante para nós quando a dor nos atinge: “Por que Deus traz cura?”.
Ao lermos a Bíblia, vemos que milagres não tem a ver com o poder de Deus, mas com o querer de Deus. Isto é colocado de forma bem clara pelo leproso ao se encontrar com Jesus. “se quiseres, podes purificar-me” (Mc 1.40). Podemos pensar que Jesus curou o leproso porque ele se ajoelhou diante dele. Se isto fosse verdade, não teríamos dificuldade de nos ajoelharmos diante de Deus... podemos imaginar que a cura aconteceu, porque aquele homem se humilhou, mas quantos também se humilharam diante de Deus e não obtiveram cura?
Por que Deus muitas vezes não cura?
1. Porque muitas vezes o resultado da nossa dor é mais significativo que a dor em si mesma – Acham estranha esta declaração? Paulo ora três vezes pelo seu espinho na carne e Deus não o cura. A resposta que Deus lhe dá é a seguinte: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9). A dor em si é sempre um mistério, e não abriga respostas fáceis, mas existem coisas que só entendemos com lágrimas nos olhos. A dor nos faz resgatar o sentido de humanidade, e muitas vezes é o único caminho que temos para a salvação de nossa alma.
2. Porque achamos que Deus só é glorificado quando o milagre acontece, mas Deus é muitas vezes glorificado também na dor. Quando Jesus encontrou com um homem cego de nascença, os discípulos queriam saber a razão de seu sofrimento, e davam explicações que ainda hoje é adotada por muitos. “quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego?” É maldição hereditária ou resultado do pecado? Jesus desfaz ambos conceitos de uma vez só: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3).
3. Porque por mais que evitemos a dor, precisamos saber que todos nós passaremos por ela, mais cedo ou mais tarde. Moisés no Salmo 90 afirma: “Pois ele conhece nossa estrutura e sabe que somos pó”. Lázaro ressuscitou dentre os mortos, mas tornou a morrer. A sogra de Pedro foi curada de uma febre, mas adoeceu com outros problemas e também morreu. Queremos a cura, evitamos a dor, negamos o sofrimento, mas a dor é parte da realidade humana e do significado mais profundo da própria experiência de viver.
Deus quis curar o leproso em Mc 1.41, e o fez.
Voce pode estar precisando de um milagre, e ele não vem. De uma cura e ela não se manifesta. Deus deixou de ser Deus? Deus não ama voce? Sua presença é ignorada pelo Senhor? Absolutamente não! Mas ele, ainda te amando, para propósitos que só ele mesmo conhece, permite a tua dor e te capacita a caminhar no vale da sombra da morte. Não temas, crê somente! Não foi isto que Jesus disse a seus discípulos?

terça-feira, 5 de julho de 2011

Por que Deus muitas vezes não cura?

Esta é a pergunta que todos fazemos, mas ainda se torna mais relevante para nós quando a dor nos atinge: “Por que Deus traz cura?”.
Ao lermos a Bíblia, vemos que milagres não tem a ver com o poder de Deus, mas com o querer de Deus. Isto é colocado de forma bem clara pelo leproso ao se encontrar com Jesus. “se quiseres, podes purificar-me” (Mc 1.40). Podemos pensar que Jesus curou o leproso porque ele se ajoelhou diante dele. Se isto fosse verdade, não teríamos dificuldade de nos ajoelharmos diante de Deus... podemos imaginar que a cura aconteceu, porque aquele homem se humilhou, mas quantos também se humilharam diante de Deus e não obtiveram cura?
Por que Deus muitas vezes não cura?
1. Porque muitas vezes o resultado da nossa dor é mais significativo que a dor em si mesma – Acham estranha esta declaração? Paulo ora três vezes pelo seu espinho na carne e Deus não o cura. A resposta que Deus lhe dá é a seguinte: “A minha graça te basta, porque o poder se aperfeiçoa na fraqueza” (2 Co 12.9). A dor em si é sempre um mistério, e não abriga respostas fáceis, mas existem coisas que só entendemos com lágrimas nos olhos. A dor nos faz resgatar o sentido de humanidade, e muitas vezes é o único caminho que temos para a salvação de nossa alma.
2. Porque achamos que Deus só é glorificado quando o milagre acontece, mas Deus é muitas vezes glorificado também na dor. Quando Jesus encontrou com um homem cego de nascença, os discípulos queriam saber a razão de seu sofrimento, e davam explicações que ainda hoje é adotada por muitos. “quem pecou, este ou seus pais para que nascesse cego?” É maldição hereditária ou resultado do pecado? Jesus desfaz ambos conceitos de uma vez só: “Nem ele pecou, nem seus pais; mas foi para que se manifestem nele as obras de Deus” (Jo 9.3).
3. Porque por mais que evitemos a dor, precisamos saber que todos nós passaremos por ela, mais cedo ou mais tarde. Moisés no Salmo 90 afirma: “Pois ele conhece nossa estrutura e sabe que somos pó”. Lázaro ressuscitou dentre os mortos, mas tornou a morrer. A sogra de Pedro foi curada de uma febre, mas adoeceu com outros problemas e também morreu. Queremos a cura, evitamos a dor, negamos o sofrimento, mas a dor é parte da realidade humana e do significado mais profundo da própria experiência de viver.
Deus quis curar o leproso em Mc 1.41, e o fez.
Voce pode estar precisando de um milagre, e ele não vem. De uma cura e ela não se manifesta. Deus deixou de ser Deus? Deus não ama voce? Sua presença é ignorada pelo Senhor? Absolutamente não! Mas ele, ainda te amando, para propósitos que só ele mesmo conhece, permite a tua dor e te capacita a caminhar no vale da sombra da morte. Não temas, crê somente! Não foi isto que Jesus disse a seus discípulos?

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Jesus orava

Uma das coisas que o evangelho mais nos mostra é o quanto Jesus orava. Todas as vezes que leio estas passagens que narram as orações de Jesus, tenho aquela pergunta em meu coração: Por que Jesus orava se ele era o próprio Deus?” Responder a esta questão abre toda uma nova compreensão sobre o significado da oração.
1. Jesus orava para alinhar sua visão com o Pai – Isto significa comunhão. Jesus orava para que assim pudesse estar perto de Deus. Nós oramos para conseguir coisas de Deus, como se a oração fosse um segredo para arrancar coisas das mãos do Pai. C.S. Lewis parece ter entendido bem esta dimensão da oração ao afirmar: “Não oro para Deus mudar o seu coração, mas para que meu coração seja mudado”.
2. Jesus orava para fugir da estressante pressão popular. Em Mc 1.37, depois de longa busca os discípulos encontraram Jesus e lhe disseram: “todos te buscam”. E Jesus poderia ter respondido: “Por esta razão, por ser tão requisitado, é que me escondi na oração”.
A verdade é que, quanto mais exigido publicamente, mais teremos que nos esconder das exigências públicas. Bill Hybels escreveu interessante livro: “Muito ocupado para deixar de orar”. Em geral dizemos que estamos deixando de orar por causa das exigências, negócios e solicitações que nos fazem, mas em Jesus vemos o contrário. Ele sabia que as pessoas iriam exigir sua atenção, por isto se refugiava na oração.
Esta tem sido a dimensão mais perdida de nossa vida espiritual. Tentamos transformar Deus num “faz-tudo” particular, e por isto mantemos uma relação de interesse com ele. Jesus, porém, orava por outros motivos.
3. Jesus orava para se capacitar ao ministério – Em Mc 1.38-39, depois de ter sido cobrado de seus discípulos, ele os convida à missão dizendo “para isto vim”. Faz missão depois que ora. Uma atividade não é substituta da outra. Por isto não vemos Jesus orando para expulsar demônio, ele simplesmente exercia sua autoridade recebida da vida de comunhão com o Pai, para exercê-la.
Quanto maior o senso de nossa missão, “para isto vim”, maior será nosso tempo e nossa oração. Na comunhão torna-se claro o que você foi chamado a fazer e não o que o povo espera de você. O que o público exige (demandas e senso de urgência), não é exatamente o que você deve tentar satisfazer.
Jesus parece ter recebido uma “censura velada” dos discípulos quando afirmaram: “todos te buscam”, mas Jesus sabe exatamente o que é importante para sua alma, e prioriza seus valores de forma serena e profunda.

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Jesus ameaça mais que Barrabás!

Peter Marshal, Capelão do Congresso americano por várias décadas, homem de grande cultura e piedade, no seu sermão “Cristãos de auditório”, coloca uma pergunta no coração de Barrabás: “Por que Jesus representa uma ameaça maior à sociedade do que eu, que sou um assassino?”
Tentando responder a estas perguntas:
1. Jesus ameaça os líderes inescrupulosos – O Sistema religioso está representado em Mt 26.47. Neste texto lemos que estavam reunidos os principais sacerdotes e os anciãos, portanto, ali estavam os padres e pastores de então. Em Mt 26.57 vemos que estavam reunidos também Caifás, (uma espécie de Bispo), com os escribas (estudiosos e amanuenses da Bíblia) e os fariseus (os religiosos seculares, que eram da ala mais tradicional). Em Mt 26.59 lemos novamente que estavam juntos os principais sacerdotes e todo o Sinédrio. (representantes do Presbitério ou Sínodo do Judaísmo). Por que estas pessoas estão tão ansiosas pela execução de Jesus?
Certamente Jesus incomoda a religiosidade manipulativa e cheirando a mofo, estruturas infiéis, sustentadas por pessoas infiéis, que são marcadas por uma conspiração velada contra o próprio Deus, apesar de se acharem representantes de Deus.

2. Jesus ameaça os políticos inescrupulosos – Ele é colocado diante de Herodes e Pilatos, governadores biônicos que representavam um regime de opressão e exploração. A pergunta que fazem refletem bem seu temor político: “És tu o rei dos judeus?”. Naturalmente Pilatos fica assustado quando Jesus responde: “Tu o dizes!”. Jesus, cujo ministério era voltado para a dor humana, de repente se vê ameaçando César. Políticos amam ser bajulados por religiosos que reforçam estruturas de dominação, mas se sentem ameaçados quando o bem surge de forma tão natural quanto na pessoa de Jesus de Nazaré. O Bem se torna ameaçador e conspirador.

3. Jesus ameaça uma sociedade que gosta de transformar vidas em espetáculos de tragédia – Na crucificação de Cristo, vemos o povo, objeto de manobra e sentimento de massa. É assim que manobras políticas são feitas para grandes passeatas que nada tem de nobre, com causas ainda mais indignas: Marcha pela descriminilização da maconha, causa gay, e recentemente em Brasília, com cerca de 1000 participantes, a Marcha das Vagabundas. Não se trata de marcha a favor da vida, da família, da natureza ou valores éticos. Que grandes bandeiras esta geração tem levantado... Que grandes causas estamos defendendo... Que Deus tenha misericórdia de nós!

Jesus é uma ameaça para todas estas coisas...

Boletim da Igreja Presbiteriana Central de Anapolis
Domingo, 26 de Junho 2011

quarta-feira, 22 de junho de 2011

O Deus que trabalha por nós

Em Is 64.4 temos uma promessa maravilhosa: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera”. Que afirmação!
Raramente pensamos nesta dimensão da obra de Deus. O texto nos ensina que Deus trabalha a nosso favor. Este é o outro lado da moeda. O Deus da Bíblia é pessoal, relacional e preocupado conosco. Não é o Deus grego ou do panteão romano, nem o Deus das entidades e do animismo, para o qual as pessoas fazem enormes sacrifícios para aplacá-los. O Deus grego era descrito como alguém temperamental, que facilmente mudava o humor. O Deus das religiões pagãs do Brasil é duro, que cobra oferendas para ser favorável e que pune o adorador quando este não cumpre todas as exigências. O Deus da Bíblia é um Deus doador. Ele trabalha para aqueles que nEle esperam.
Durante este dia, Deus esteve trabalhando a seu favor. Por isto o Salmista afirma: “Não fosse o Senhor que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, Israel que o diga; e nos teriam engolido vivos” (Sl 124). Jeremias se lembra que “As misericórdias do Senhor, renovam-se cada manhã” (Lm 3.23-24). Deus, nesta manhã, renovou sua graça e misericórdia a nosso favor. Hoje ele já trabalhou por nós!
Por isto o louvamos e agradecemos. Não há nada que Deus possa querer de nós que já não possua. O que posso dar-lhe em reconhecimento pelo seu grande amor? O que Deus precisa de mim, que eu lhe possa dar para que Ele seja um Deus mais completo do que já é? Nada. Não há qualquer coisa que acrescente santidade ao Deus santo, ou poder à sua majestade. Em resposta ao seu amor, damos nosso coração, nossa vida, louvores e adoração (Hb 13.15).

terça-feira, 21 de junho de 2011

O Deus que trabalha por nós

Em Is 64.4 temos uma promessa maravilhosa: “Porque desde a antiguidade não se ouviu, nem com os ouvidos se percebeu, nem com os olhos se viu Deus além de ti, que trabalha para aquele que nele espera”. Que afirmação!
Raramente pensamos nesta dimensão da obra de Deus. O texto nos ensina que Deus trabalha a nosso favor. Este é o outro lado da moeda. O Deus da Bíblia é pessoal, relacional e preocupado conosco. Não é o Deus grego ou do panteão romano, nem o Deus das entidades e do animismo, para o qual as pessoas fazem enormes sacrifícios para aplacá-los. O Deus grego era descrito como alguém temperamental, que facilmente mudava o humor. O Deus das religiões pagãs do Brasil é duro, que cobra oferendas para ser favorável e que pune o adorador quando este não cumpre todas as exigências. O Deus da Bíblia é um Deus doador. Ele trabalha para aqueles que nEle esperam.
Durante este dia, Deus esteve trabalhando a seu favor. Por isto o Salmista afirma: “Não fosse o Senhor que esteve ao nosso lado, quando os homens se levantaram contra nós, Israel que o diga; e nos teriam engolido vivos” (Sl 124). Jeremias se lembra que “As misericórdias do Senhor, renovam-se cada manhã” (Lm 3.23-24). Deus, nesta manhã, renovou sua graça e misericórdia a nosso favor. Hoje ele já trabalhou por nós!
Por isto o louvamos e agradecemos. Não há nada que Deus possa querer de nós que já não possua. O que posso dar-lhe em reconhecimento pelo seu grande amor? O que Deus precisa de mim, que eu lhe possa dar para que Ele seja um Deus mais completo do que já é? Nada. Não há qualquer coisa que acrescente santidade ao Deus santo, ou poder à sua majestade. Em resposta ao seu amor, damos nosso coração, nossa vida, louvores e adoração (Hb 13.15).

“Se quiseres, podes purificar-me”

“Se quiseres, podes purificar-me”
Mc 1.40

Sempre me impressiono com a objetividade e simplicidade do Evangelho. Este texto nos afirma: “Um homem afligido com lepra, se aproximou de Jesus e lhe suplicou de joelhos: “Se você desejar, pode me purificar!”. Tocado pela compaixão, Jesus estendeu a mão, tocou nele e disse: “Eu quero, seja purificado!”. Instantaneamente a lepra o deixou, e ele foi purificado”. Simples assim.
O Deus que se revela em Jesus, nos mostra esta capacidade de lidar diretamente com orações e súplicas objetivas. Certa vez Jesus deu uma resposta estranha ao clamor de um cego: “Queres ser curado?”. Ora, porque Jesus pergunta a este homem se ele quer ser curado? Não parece óbvio demais?
E a resposta a isto pode ser dada da seguinte forma: “Claro que não!”. Infelizmente muitas vezes gostamos de usar nossa doença para estranhos fins. Há pessoas que gostam da depressão, porque através dela manipulam os outros; existem alguns que gostam de tomar remédio, a hipocondria preenche um patológico anseio de ser visto, de gerar dó nos outros. Muitas vezes não queremos romper com nossa miséria, porque ela é doentiamente usada por nós.
Mas quando nos aproximamos com sincero coração e objetivamente diante de Deus dizendo: “Se quiseres, podes purificar-me!”, vamos encontrar em Jesus sua amorável resposta: “Eu quero!”.
Milagres nas Escrituras tem uma característica interessante: Deus quer restaurar a nossa normalidade. Coxos são curados: O andar manco, trôpego, indeciso é restaurado pelo toque de Cristo. Cegos vêem: A visão confusa ou mesmo a ausência de luminosidade pode ser restaurada pelo toque de Cristo. Paralíticos andam: Gente em constante dependência, depende e precisa ser carregado por outros, mas em Cristo é capaz de se movimentar com suas próprias pernas. Surdos ouvem: Aqueles que perderam a capacidade de ouvir o que pode libertá-la, cujos ouvidos são incapacidades de aprender, de julgar e agir, agora são abertos pelo toque miraculoso de Cristo. Mortos ressuscitam: Pessoas que já não conseguem ter vida, que andam como mortos-vivos, são restaurados pelo encontro com Cristo. Todos nós, de certa forma, tortos, impotentes, cegos, coxos, nus, podemos ter nossa vida restaurada, quando dizemos a Deus que queremos ser curados e ouvimos sua palavra de autoridade dizendo: “Eu quero: seja purificado!”.
E você? Quer ser purificado? Por que você não diz a Jesus, de forma objetiva e simples o que você precisa?

quinta-feira, 16 de junho de 2011

Desafios da Igreja no Século XXI –

O Salmo 78 nos propõe o grande desafio de levar nossa fé adiante, fazendo-a chegar de forma relevante aos filhos, aos filhos dos filhos e aos filhos que ainda hão de nascer. A pergunta, pois, que precisamos levantar é quão viva nossa fé tem sido transmitida? Assim como numa corrida de 4 x 100 (revezamento), é necessário passar o bastão da forma correta, temos também na igreja, de transmitir esta mensagem aos nossos filhos. Eis algumas linguagens que nos desafiam hoje para uma igreja relevante:

1. Nossa fé deve ser comunicada de forma coerente – Nossos filhos precisam ver tanto na liderança de suas igrejas como na família, uma fé que seja atraente. Esta geração não aceita imposições formais em nome da moral, mas é pronta a ouvir aquilo que é feito de forma coerente e plausível. Mais e mais exigirá uma comunidade que responda às questões, não de forma autoritária, mas de forma coerente. Coerência é esta identificação entre o discurso e a prática; entre o que se fala e o que se vive; entre a palavra e a ação, entre fé e obras.

2. Nossa fé deve ser contextualizada. Isto é, precisa estar conectada com o momento particular que vive. Nossos jovens são desafiados com temas e questões que nunca foram preocupações em nossa geração. Nós estávamos preocupados com comunismo, bomba atômica, guerra fria, conflito entre Estados Unidos e União Soviética. A União Soviética nem existe mais! As discussões da ABU, em nosso tempo, era sobre criacionismo e evolucionismo. As gerações atuais estão discutindo tolerância, homofobia, validade do casamento enquanto instituição. Nós nos preocupávamos com lutas doutrinárias entre denominações, temas estes que não afetam mais esta geração. Surgiram novos conflitos como bioética, igreja emergente, redes virtuais (não tínhamos ainda internet). Novos paradigmas foram introduzidos, outros questionamentos pairam no coração de nossos filhos. Existem novas abordagens eclesiais e há necessidade de se considerar necessidade de mudança de ênfase e a criatividade no ministério. Se a igreja deseja ser relevante em nossos dias, precisa interpretar o Evangelho à luz dos eventos cotidianos;

3. A igreja do Século XXI precisa investir em nova liderança – isto é, precisa reciclar os líderes existentes, desafiar pessoas novas a assumir seu lugar no Reino. Como encontrar gente que ama a Deus e sua Palavra em nossos dias e consegue traduzir “A Velha história do Evangelho”, de forma significativa? Nossos filhos, jovens universitários e profissionais, homens e mulheres precisam interpretar o Evangelho à luz dos desafios que eles mesmos estão vivendo.

4. A igreja do Século XXI, precisa ser acolhedora – Numa época de despersonalização e coisificação do ser humano, a receptividade da igreja, o acolhimento aos que chegam e a vida comunitária tornam-se extremamente relevantes. O que vai determinar a dinâmica da igreja, mais e mais, é o envolvimento comunitário e a capacidade de acolhimento. A recepção aos novos, a criação de grupos saudáveis de estudo da Palavra e comunhão torna-se um imperativo! Como ser acolhedora e amável, sem abandonar as verdades do Evangelho e a Santidade do Deus que adoramos?

5. A igreja do Século XXI, precisa ser generosa – Não pode ser uma comunidade voltada para apenas para seus próprios interesses, mas precisa refletir sobre a sociedade carente, dar resposta de amor/serviço, criar parcerias para abençoar os pobres e os que sofrem em nossa nação. Os membros da igreja precisam aprender a contribuir com alegria para a obra do Senhor, a fim de que a missão possa ser plenamente atingida.

6. A Igreja do Século XXI, não pode negociar os fundamentos do Evangelho – Pode-se e deve-se discutir a metodologia. Métodos são caminhos, rotas que devem ser trilhadas, mas continuam sendo apenas meios para se alcançar o fim. A Igreja tem sido objeto de barganha no meio da diluição da pregação da palavra nos púlpitos brasileiros e nos canais de televisão, mas apenas a obra de Cristo pode responder aos anseios do homem moderno. Muda-se a roupagem, mas a essência é a mesma. Não podemos confundir eterno com temporal, nem acidente com essência. “Se alguém vem até vós e vos anuncia outro evangelho que vai além do Evangelho que vos tenho pregado, seja anátema!” (Gl 1.8)

Que Deus nos dê sua graça para que a Igreja de Cristo, que transpõe barreiras culturais e lingüísticas, atravesse com saúde as questões filosóficas e humanas que nos são atualmente impostas.

domingo, 1 de maio de 2011

Ele Vive!

Esta era a saudação mais usada pelos cristãos primitivos logo após a ressurreição de Cristo. Quando se encontravam nas ruas ou nas casas, faziam esta declaração que era também sua profissão de fé: Jesus Vive!
É exatamente isto que celebramos na Páscoa. Apesar de que hoje em dia a Páscoa é mais conhecida pelo coelho que bota ovos de todos os tamanhos e cores, esta festa cristã não está relacionada à chocolates e presentes, mas à vitória de Cristo sobre a morte.
As gôndolas estão cheias de ovos de páscoa, e desta forma a figura do coelho mágico é que sobressai. Se perguntarmos às crianças ou mesmo aos adultos sobre o símbolo da páscoa, certamente coelhos ou ovos serão as respostas mais comuns. No entanto, o coelho entra como um intruso num evento do qual não faz parte.
A grande figura da páscoa é o Cordeiro de Deus. Jesus é o nosso “Cordeiro Pascal”. A Páscoa está relacionada ao Cordeiro que tira o pecado do mundo. Páscoa nos lembra o sangue derramado pelo Cordeiro que assumiu nosso lugar. Páscoa nos lembra também da ressurreição do Filho de Deus.
A ressurreição de Cristo é um dos eventos mais celebrados por aqueles que professam a fé cristã. De fato, o que pode ser mais significativo para nossa fé que a compreensão de que Jesus, o Filho de Deus, venceu a morte? Sua vitória sobre a morte é o atestado do seu poder e majestade. Homens malignos podem simular e afirmar serem capazes de grandes feitos, mas quem pode ter vitória sobre a morte senão alguém singular?
Quando os discípulos foram levados diante do sinédrio, a corte suprema do judaísmo, receberam a ordem de que não falassem mais deste Cristo. E a resposta deles não poderia ser diferente: Como poderemos deixar de falar destas verdades? “Antes, importa obedecer a Deus do que aos homens” (At 5.29). Os membros do sinédrio ficaram convencidos de que algo grandioso havia acontecido. “Na verdade, é manifesto a todos os habitantes de Jerusalém que um sinal notório foi feito por eles, e não o podemos negar” (At 4.16).
Porque Jesus vive, afirmamos sua divindade.
Porque Jesus vive reconhecemos sua autoridade.
Porque Jesus vive, podemos crer no amanhã.
Paulo diz que se a ressurreição de Cristo não aconteceu, somos os mais infelizes dos homens (1 Co 15.19), e nossa fé e pregação nada mais é que pura vaidade (1 Co 15.14) e ainda permanecemos nos nossos pecados (1 Co 15.17), além de sermos “tidos por falsas testemunhas de Deus, porque temos asseverado que ele ressuscitou a Cristo, ao qual ele não ressuscitou, se é certo que os mortos não ressuscitam” (1 Co 15.15).
Porque Jesus vive, podemos também crer em nossa própria ressurreição. Sua morte aponta para o fato de que Jesus é a primícia dos que dormem (1 Co 15.20).
Hoje celebramos, exultamos e cantamos louvores Àquele que vive e reina pelos séculos dos séculos!

Comer, Rezar, Amar

Na medida do possível tento ler os Best-sellers, porque compreendo que livros com grandes tiragens e cópias, assim como músicas e filmes, fazem sucesso porque de alguma forma são capazes de traduzir o sentimento coletivo de uma comunidade. O livro, a carta escarlate, de Nathaniel Hawthorne, jamais faria sucesso em nossos dias. O Best-seller acima, escrito pela jornalista Elizabeth Gilbert, já vendeu mais de quatro milhões de cópias e foi traduzido em 36 línguas. A autora relata suas experiências na Itália, Índia e Indonésia, em busca de auto conhecimento, após uma crise existencial e um divórcio doloroso.
Por esta razão me aproximei de “Comer, rezar, amar”. Seu estilo é charmoso e atraente e flui com naturalidade. Na primeira parte, fala de seu reencontro com o prazer de comer nos meses que passa na Itália, sem se condenar e sem analisar quantas calorias estava devorando diariamente.
Na segunda parte, Rezar, fala de suas experiências com o sobrenatural. Seu primeiro encontro se dá dentro do banheiro de sua casa, depois de uma crise com o marido e nas vésperas de iniciar seu processo de divórcio. Na terceira parte, Amar, relata suas aventuras ao encontrar um brasileiro na Indonésia e na descoberta do seu sentido de se relacionar novamente com alguém.
Minhas impressões?
Antes de mais nada, a vaga concepção de Deus. Em alguns momentos ela O define como um Ser sobrenatural, noutras com a natureza e ainda com o seu Eu interior, que na tradição budista é a essência da divindade. O Budista não crê em um Deus pessoal, mas a divindade é encontrada dentro de si mesmo e nas dimensões de sua ancestralidade. Curiosamente, é uma religião sem Deus. Portanto, a busca da autora por Deus é algo “Nowhere, Nobody e Non-sense” (Em lugar algum, a nenhuma pessoa e sem sentido algum). Algo bem distinto da religiosidade Judaico-cristã, que fala em um Deus que tem identidade e personalidade, que se apresenta como “O Deus de Abraão, Isaque e Jacó”, como o “Deus Pai-Filho-Espírito Santo”, que são três pessoas subsistindo em forma de uma só.
Por ter um deus vago, possui também uma ética vaga. Como as pessoas se parecem com seus deuses, um deus amorfo e impessoal não traz em si características estéticas ou morais. Por isto, sexualidade é uma “aposta interessante”, num “momento interessante”, para resolver uma carência existencial do momento. Depois de uma semana de disciplina ascética e espiritual, a autora não tem dificuldade para um encontro amoroso casual.
Já que Best-sellers traduzem o sentimento de uma época, e se esta é a espiritualidade e ética da pós-modernidade, e eu creio que sim, fiquei com um sentimento de que teremos grandes desafios no desenvolvimento de nossa fé pessoal e na educação moral desta geração.

A Riqueza Indígena

Comemoramos no dia 19 de Abril o dia do Índio. Para Daniel Munduruku, de uma tribo do Pará, formado em história e psicologia, e um dos primeiros índios com doutorado no Brasil, “Manter-se vivo é a maior contribuição que o índio pode dar ao Brasil... Ao manterem-se vivos, esses povos vão trazer uma riqueza cultural, espiritual, moral, que só faz bem ao Brasil... Infelizmente, o país ainda não despertou para isso. Não percebeu que a grande contribuição dos indígenas para o Brasil, é a existência dos indígenas”.
Um dos bons amigos que tenho é da tribo Macuxi, Roraima, e que viveu até os 12 anos entre seu povo. Ouvir suas histórias, ter um lampejo de sua cosmovisão e entender a leitura de mundo que ele traz é para mim uma pós graduação em Antropologia Cultural. Certamente ele enfrenta ambigüidades que não são fáceis de serem administradas, porém, sua sensibilidade para determinadas áreas da vida, sua relação com o Sagrado e sua riqueza de alma, traz uma grandeza que sempre enriquece meu coração.
Perder esta diversidade cultural nos empobrece culturalmente. Atualmente existem 250 povos indígenas teimosamente falando 180 línguas no Brasil. Ao ser chamado de “Índio”, Munduruku ironiza afirmando que não é um índio. Para ele, “índio”, é uma denominação genérica que não reflete o que eles realmente são. “Antes de ser índio, pertenço a um grupo específico, que tem suas crenças, tradições, seus rituais e uma forma própria de lidar com o mundo. Uma forma diferente, inclusiva, dos outros povos que vivem ao redor da gente”.
Conviver, apreciar, aprender com outros povos é uma riqueza maravilhosa. Quem pode estar certo de que nossa percepção e visão de mundo é a melhor?
Eis algumas riquezas que devemos considerar: (a)- Povos minoritários colocam em xeque a cultura do individualismo. Para eles, o senso comunitário deve sempre prevalecer sobre o indivíduo, e sua prática social corresponde à visão que possuem. Um resgate desta visão não nos enriqueceria? (b)- E quando pensamos na nossa cultura de ganância, acúmulo e poupança? O desapego indígena por coisas é contracultural e também deve nos ensinar. (c)- E nossa relação com o ecossistema? O Ocidente tende a ver a natureza como alguma coisa a ser conquistada, mas para povos indígenas, o meio ambiente é um companheiro de caminhada nesse planeta.
Muitas áreas poderiam ser consideradas nesta abordagem, por isto é importante considerar quão pobre nos tornamos ao desprezarmos a riqueza da cosmovisão indígena. Quanta riqueza estamos jogando fora...

Nos encontraremos no Paraíso

Ficamos chocados nesta semana com a tragédia que envolveu nosso irmão Deocleciano Moreira Alves, quando sua lancha desgovernou-se no Rio Araguaia, ceifando sua vida aos 58 anos de idade. Depois de 2 dias de busca seu corpo foi encontrado 32 kms abaixo do local do acidente. Ele é pai de nossa irmã Roberta (Rafael) e a igreja esteve presente nestes momentos carregados de perplexidade.
O que poucos sabem é que, antes de sair para o seu fatídico passeio de lancha, ficou falando sobre a bíblia com seus amigos por quase 2 horas, e para encerrar este tempo de conversa afirmou: “O que eu sei é que todos nos encontraremos no Paraíso”.
Paraíso é um dos termos bíblicos para designar o céu, lugar das beatitudes. Alguns judeus criam era um dos “andares” da estrutura celestial, mas a bíblia não dá nenhuma margem para este tipo de especulação, e Jesus também não via diferença entre céu e paraíso. Quando foi crucificado, um dos ladrões suplica: “Lembra-te de mim quando vieres no teu reino”, e Jesus responde: “Em verdade te digo que hoje estarás comigo no paraíso” (Lc 23.42-43). Portanto, este era o destino final de Jesus, seu “ponto de parada” na eternidade, e ele promete àquele homem desesperançado, uma vida eterna ao seu lado. Que grande promessa...
Paraíso, antes de ser um local, porém, é um estado de beatitude. O que faz do paraíso um lugar tão especial é que ali a presença de Deus é plena. Não há sinais do pecado, nem da ação do maligno e do mal. O inferno pode ser definido como a ausência absoluta de Deus, enquanto o céu é o local onde Deus enche tudo em todas as coisas. Jesus promete ao ladrão que naquele mesmo dia, eles se encontrariam em algum lugar para além da história.
É maravilhoso saber que Jesus nos espera neste lugar. Já na presente época, nossa vida se reveste de sentido quando Deus está ao nosso lado, pois, seja “em casa ou gruta, boa ou ruim, é sempre céu com Cristo em mim”. Saber que poderemos ver Jesus, e reencontrar pessoas que amamos neste lugar, é uma promessa maravilhosa. Afinal, estamos absolutamente certos de que “todos nos encontraremos no Paraíso”.

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Você tem uma causa para lutar?

No final do ano passado a polícia carioca invadiu o Complexo dos Alemães para expulsar traficantes que haviam transformado aquele lugar no seu quartel general. Uma operação de guerra foi montada, mas o que se viu foi uma patética correria de bandidos tentando escapar, amontoados e desorganizados em carros e pelo meio do mato, cena que foi mostrada na imprensa em todo mundo. Certa pessoa fez o seguinte comentário: “Bandidos não enfrentam, porque não possuem uma causa para lutar”.
Tenho visto jovens e adultos desejosos de construir sua história de forma significativa. Não basta apenas ter bom emprego e garantir o salário no final de mês; é necessário encontrar propósito naquilo que fazem. Muitos perguntam: “Qual é o objetivo de minha vida? A vida é apenas ganhar dinheiro para viver e viver para ganhar dinheiro?” Todos precisamos de sentido para viver, e isto é muito mais do que ter uma boa faculdade, conseguir um bom emprego e ter aplicações na bolsa.
Alguns anos atrás, um turista estrangeiro veio passar suas férias em Anápolis; ele nunca havia jogado futebol, mas para se relacionar com os novos amigos, aceitou o convite para um “futebol society”. Não possuía roupas adequadas para o esporte e então, foi a uma loja e comprou todos acessórios que o vendedor disse que eram necessários: calção, meião, chuteira, tornozeleira e até caneleira. Chegou no horário e lugar marcado, parecendo um pavão.
Os times foram escolhidos e lhe foi dada uma posição no campo. Depois de dez minutos, alguém percebeu que ele estava desorientado no campo, e lhe perguntou se ele estava gostando do jogo. Ele respondeu que sim, mas que não sabia para que lado deveria chutar a bola...
Não é muito raro vermos pessoas assim. Correndo muito sem saber onde querem chegar, uma espécie de Forrest Gun. No final, sentem-se cansadas por não encontrarem propósito e razão naquilo que fazem.
As grandes questões da vida são: “De onde vim, por que existo e para onde estou indo”. Quando não encontramos respostas satisfatórias para estas questões, o resultado é frustração e cansaço, independente daquilo que viermos a fazer, porque perdemos a direção. A vida encontra sentido, quando encontramos um Norte.
Jean Paul Sartre afirmou: “ Nenhum ponto finito pode ter sentido se não estiver associado a um ponto infinito”. Ele estava certo. Todos precisamos de um significante para o objeto significado. Não faz sentido dizer: “Isto é reto” ou “isto é torto!”, se não houver conexão para estes pontos.
Como criaturas de Deus, encontramos sentido quando nos identificamos com o nosso criador, e descobrimos a causa de termos sido criados. Santo Agostinho disse: “Minha alma só encontra paz quando descansa em Deus”.
Conquistas, sucesso, posição, dinheiro, fama e reconhecimento podem nos atrair e divertir, mas o sentido da vida só pode ser encontrado em Deus, o centro do qual facilmente nos desviamos e para o qual encontramos tanta dificuldade em voltar.
jornal contexto, 07 fev 2011

Quem aprende não perde tempo!

Estou lendo o livro de Ingrid Betancourt, “Não há silêncio que não termine”. Senadora na Colômbia, quando foi seqüestrada pelos guerrilheiros das Farcs no auge da campanha política para presidência daquele país, ficando 9 anos na selva amazônica, debaixo de constantes ameaças, tendo que mudar constantemente de local no meio da selva, em prisões miseráveis e com tudo absolutamente regrado e controlado.
O livro faz rever valores e nos ajuda a entender como nossa perspectiva pode mudar, quando as circunstâncias mudam. Na selva, coisas desprezadas, como uma lata de atum, um pouco de açúcar ou mesmo um ovo, podiam ser considerados artigos de luxo. Mostra também o que pode acontecer conosco debaixo de pressão e ameaças, e os efeitos que isto pode causar na psiquê humana; mostra ainda como um grupo de gente politizada, elitizada e civilizada pode se tornar embrutecido em situações de extrema escassez.
Um dia, Betancourt ganhou um dicionário enciclopédico, no meio do mato e da civilização, e isto lhe foi um verdadeiro achado, já que podia manter sua mente arejada com novas informações e trazer conhecimentos. Quando ela recebe o livro faz uma afirmação significativa: “Quem aprende não perde tempo!”. Lembrou-se de uma frase antiga de seu pai: “Nosso capital de vida se conta em segundos. Quando esses segundos se escoam, não se recuperam mais”.
Considerei quanto perdemos do precioso tempo que temos. Deixamos de investir naquilo que é durável, significativo e produtivo para nossas mentes e nossos relacionamentos. Paramos de pesquisar e nos aperfeiçoar. Ficamos lamentando o curso da faculdade que deveríamos ter cursado, a pós graduação que precisávamos concluir, como se não tivéssemos mais condições de fazê-lo. Ainda deixamos de investir em pessoas que amamos e gastamos tempo de forma fútil e sem objetivo.
A Bíblia nos ensina a remirmos nosso tempo. É um apelo para que usemos nossa vida de forma sábia, este valioso bem que é o tempo.
Para Betancourt, ser privada de sua liberdade era como ser roubada do direito de dispor do seu tempo, e isto lhe parecia um crime irreparável. Por isto, aquela enciclopédia se tornou um bem tão precioso, já que lhe permitia que continuasse estudando e aprendendo, assim não dilapidaria os melhores anos de sua existência, mesmo diante daquelas condições hostis que lhe privava do direito de fazer o que bem quisesse de seu valioso tesouro: O tempo!

O que pensar no meio do caos?

Nesta semana, acompanhado de um amigo, fomos a Inhumas para realizar o funeral de D. Célia, conhecida odontóloga da cidade, mãe de Marília, que havia perdido seu filho de forma trágica num acidente a 15 dias atrás, entrou em coma e também não resistiu aos ferimentos.
Fui convidado a trazer uma palavra de esperança no meio de tanta dor. O que podemos pensar ou dizer em horas tão aflitivas?
Lembrei-me de uma palavra dita pelo profeta Jeremias, no meio de um desabafo quando sua cidade foi destruída pelos inimigos: “Quero trazer à memória, o que me pode dar esperança, as misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos, porque as suas misericórdias não tem fim, renovam-se a cada manhã, grande é a sua fidelidade” (Lam 3.23,24).
Quero trazer à memória....
Jeremias sentiu na pele a trágica experiência da perda, sendo testemunha da invasão dos caldeus em Jerusalém. Viu corpos no chão, a fumaça dos prédios em chamas provocadas pelos invasores, o choro das crianças desorientadas no meio das ruas procurando seus pais que foram exterminados. Viu o templo, centro de sua adoração e fé, completamente destruído e saqueado, gente querida brutalmente assassinada. A situação era catastrófica, e até mesmo para um otimista era difícil enxergar qualquer vislumbre de esperança.
Nesta hora, tenta lembrar algo que pudesse dar sentido ao caos, organizar o vácuo de sua alma, e a única coisa que conseguiu foi encontrar em Deus resposta ao seu mundo desestruturado: “As misericórdias do Senhor são a causa de não sermos consumidos”. Ele afirma que tais memórias foram as únicas que se tornaram exeqüíveis, dando algum sentido e coerência ao seu vazio existencial e histórico.
O que pode nos sustentar diante do trágico e do caótico? A quem recorrer? O que pensar? Buscar força em nossa auto estima? Impossível! Pensar na leitura romântica da realidade ou na bondade inerente da raça humana? Tentar formular explicações ambíguas e contraditórias de nossas equações mentais? Nada disto é suficiente.
Nestas horas precisamos meditar nos mistérios de Deus e vislumbrar a supra história, que vai para além de nossa história comum e banal, afinal, como diz Riobaldo, personagem de Grande Sertão, Veredas (Guimarães Rosa): “Há que se encontrar um norteado para esta doideira que é a vida”. Só o mistério de Deus, pode lançar luz à nossa dor, transcender limites de nossas perplexidades e especulações. Só seu consolo pode visitar a nossa orfandade e nos manter firmes diante de tão profundas perturbações.

jornal contexto 04 jan 2011

O Efeito Restaurador da Generosidade

A Wopila, ou doação de presentes, é uma tradição dos índios lakota sioux. Não tem qualquer ligação com a atitude de dar um presente para receber outro em troca. Em datas importantes eles sempre pensam em providenciar algo que seria útil para a pessoa que vai receber a doação. Existe no inconsciente coletivo desta tribo, o pensamento de que sempre haverá coisas novas, por isto devem passar adiante determinadas coisas velhas que possuem.
Em geral, somos uma cultura narcisista e consumista. Muitos correm para o shopping ou compram algum souvenir ao se sentir deprimido, e, ao chegar em casa e abrir as sacolas, sentem-se pior. Primeiro, porque de fato não precisavam daquilo; segundo, porque agora vão ter que se virar para pagar o cartão de crédito no próximo mês. Quando isto acontece, o poder curativo do “banho de loja” se torna outra dor de cabeça.
Li um artigo no qual uma jovem mulher falava que buscava sempre gastar algo consigo quando se sentia triste, um dia, ao falar do vazio de sua atitude para uma amiga, ela lhe sugeriu que fizesse o contrário de adquirir. “Você deveria experimentar distribuir os objetos de que mais gosta, não apenas doar coisas que estão sobrando para instituições de caridade, mas doar algo que você valoriza”.
Num famoso clássico de Karl Meninger, “Pecados do tempo presente”, este conhecido terapeuta americano conta que depois de atender uma pessoa milionária esta admitiu que sua tensão estava relacionada ao medo de perder o que havia adquirido. Meninger então deu-lhe a sugestão de que começasse a doar um pouco de seus bens, para enfrentar o seu medo de ficar pobre, e sua resposta foi que, embora admitisse que isto poderia ser bom, ele se sentia paralisado ao pensar em agir desta forma. E continuou com suas crises...
Ser generoso gera algumas conseqüências saudáveis para quem resolve praticar. Eu sei que este remédio pode parecer dolorido para alguns, mas deixe-me sugeri-lo ainda assim:
1. Doação fortalece relacionamentos – Esta idéia é retirada de um antigo livro de sabedoria (Provérbios): “O presente é, aos olhos dos que o recebem, como pedra preciosa; para onde quer que se volte servirá de proveito” (Pv 17.8). Gestos, atitudes ou lembranças generosas, podem abrir portas para amizade.
2. Doação traz enorme contentamento para o doador – Não é por acaso que Jesus afirmou que “mais bem aventurado é dar que receber”. Experimente repartir, doar (tempo, talento e bens), isto trará grande libertação interior. Uma mulher que aprendeu a praticar isto admitiu: “A cada doação, eu me sentia mais leve, como se o peso dos problemas diminuisse”.
3. Livra-nos da sensação de que é o dinheiro que nos possui – Quando repartimos, já não somos mais controlados por aquilo que temos, mas controlamos o que tenho. Desta forma, nos tornamos livres e donos de nossa vida. Não dependemos e não estamos condicionados a mais nada.
Jornal contexto 1 fev 2011

Não leve a vida tão a sério

Com o passar dos anos, começamos a perceber que não dá para levar a vida tão a sério e vivermos de forma tão rígida como usualmente vivemos. Lembramos de quantas lutas travamos e que achávamos tão essencial e hoje temos a mesma impressão que fez Carlos Drummond de Andrade declarar: “Mas que vida besta, meu Deus!”. “Você só cresce quando dá a sua primeira gargalhada real – De você mesmo!” (Ethel Barrymore)
Existem batalhas que devemos necessariamente travar, elas são duras e sangrentas na sua essência e não devemos fugir nem evadirmos delas. Neste caso, a única coisa que devemos temer é o nosso próprio medo e o fugir da luta, e declarar como Doyle: “Dá-me um medo do qual eu não tenha medo!”
Existem alguns inimigos que conspiram, contra nossa capacidade de rir: “Tenho que ganhar a vida...” “A vida é luta”... “Todos dependem de mim!”... “Não tenho tempo prá rir...” por isto é importante rirmos de nós mesmos e de nossas imperfeições. Aprender a rir de nossos defeitos nos torna vulneráveis e demonstra maturidade.
Quando levamos a vida demasiadamente a sério, nos tornamos rígidos, legalistas e inflexíveis, perdemos a capacidade de resiliência, um termo adotado da física que se aplica bem ao nosso universo psicológico, isto é, a capacidade de ceder para não quebrar.
Não se leve tão a sério, afinal, ninguém te leva tão a sério mesmo, e você também sabe que não é tão sério mesmo. Veja quantas vezes você se contradiz, torna-se ambíguo e até mesmo patético nas declarações e atitudes. Aprenda que só somos realmente maduros quando somos capazes de perceber nossas gafes. Portanto, ria de si mesmo. Você é uma grande fonte de humor, num corpo um tanto legalista.
Rir da gente mesmo é reconhecer finitude. Não existe ninguém que seja sempre sábio e sereno, que não perca o humor e não se exponha. Você é assim! Não é diferente de ninguém. A diferença é que somente você é capaz de perceber quantas vezes meteu os pés pelas mãos: deixou de fazer o que deveria fazer e fez o que não deveria. Enfim, se autenticou na sua contraditória humanidade e assim se tornou gente.
Gente que vive assim consegue aceitar e perdoar equívocos dos outros. Aprende a não ter uma atitude de julgamento. Já superou a tendência de estar sempre na defensiva. Já se encontra para além do medo de ser ridículo porque se sabe tantas vezes ridículo, mas nem por isto menor e menos amado. Afinal, somente sendo assim, você autentica sua humanidade.
Portanto, não se leve tão a sério!

Fev 14, 2011

Generosidade

Algumas culturas e povos são mais solidários e generosos que outros, mas quando se deseja, sempre existe a oportunidade de demonstrar solidariedade. Nestes últimos dias, com as tragédias acontecidas na região serrana do Rio de Janeiro, vimos como gestos de bondade podem amenizar a dor e o impacto da tragédia.
Nem todos conseguem repartir, mas ser generoso é um exercício muito positivo para a alma. É bom, espiritual e psicologicamente falando, estender a mão, acudir ao necessitado, esvaziar o guarda roupa. Dar é bom para quem recebe e para quem prática o gesto.
Existem muitas coisas boas em nossas casas, mas que não nos servem mais; foram úteis num determinado tempo, mas não mais necessitamos delas; infelizmente muitos não conseguem dar, sem entender que dar é libertador e saudável.
Já vi bons exemplos sendo praticados:
1. Certa pessoa resolveu que, a cada real gasto no jardim de sua casa, daria outro para assistência social;
2. Outro decidiu que não deixaria mais o seu guarda roupa entulhado. Cada peça a mais que comprasse ou ganhasse, doaria uma usada para os pobres;
3. Numa comunidade cristã, os membros decidiram que dariam o valor equivalente que gastassem com seus cachorros, para entidades que cuidassem de pessoas pobres. Estima-se que um americano gaste cerca de mil dólares, em média, com seu animal de estimação.
Na psicanálise, doar é permitir que surjam novas histórias. O desapego envia duas mensagens ao cérebro: A de que a pessoa confia no amanhã; e que coisas novas podem ser esperadas. Não guardar dá oportunidade a novas experiências.
Na fé cristã, Jesus ensinou muito sobre generosidade e doação. Para Ele, doar seria como um processo de semeadura. Quem semeia crê que a semente vai gerar vida e se multiplicará. É também Ato de confiança, pois o doador entende que Deus é o Senhor de todas as coisas e vai suprir as necessidades; e, em última instancia, é também ato de irmandade. É preciso aprender a ver o irmão necessitado como oportunidade de revelar o amor de Deus; por isto é necessário repartir.
Enfim, trocar, doar, ser liberal com os bens, é sinal de saúde mental e espiritual. Apegar-se às coisas retém o espaço de milagres, doar faz a vida circular. Gente que doa, ajuda a renovar todas as coisas, traz alegria ao outro e a si mesmo. Doar indica fluidez, renovação, abertura de espaço para o novo. É necessário dar espaço ao vazio, tanto no guarda roupa como na alma, no bolso e na vida. Por esta razão é bom ser generoso dentro de nossas posses e, se necessário, mesmo acima delas.

Jornal contexto, 18 jan 2011

A Generosidade Contagiante

Kinzie Sutton, uma garotinha de apenas 7 anos, filha de uma família de classe média do Estado americano de Kentucky surpreendeu familiares e amigos com sua sensibilidade e generosidade. A família havia discutido no dia anterior a situação de famílias necessitadas de sua pequena comunidade em Wayne County. Muitos haviam perdido o emprego com a falência de um estaleiro da região, e por isto resolveram se empenhar para ajudar duas famílias, mas a ajuda que buscavam de uma instituição não foi atendida e isto entristeceu toda a família: Não poderiam distribuir comidas e presentes como esperavam!
Kinzie, ao saber da notícia, abriu o seu cofre de porquinho e começou a contar todas as moedas que depositara durante todo aquele ano: três dólares e 30 centavos. Era tudo que possuía, e o ofereceu à sua mãe para ajudar aquelas pessoas.
Quando a família viu seu gesto, todos resolveram enfiar a mão no bolso e trouxeram também suas economias. Kinzie vibrava com cada moeda que conseguiam achar e ajuntar. Chegaram a 130 dólares.
No dia seguinte, colegas de trabalho dos familiares, ao ouvirem o que aquela criança fizera, também se dispuseram a contribuir, e a cada notícia da mãe que era dada ao telefone, todos se enchiam de alegria.
No final do dia, um doador anônimo decidiu que, se uma garota de 7 anos podia dar tudo o que tinha, ele devia dar, pelo menos, cem vezes o presente dela. E contribuiu com 300 dólares. O total agora era de 500 dólares.
Com o dinheiro, compraram roupas, comidas e presentes. Certamente, além de abençoarem aquela família, os maiores beneficiados foram eles mesmos, afinal, doação é uma benção para quem recebe, e uma benção para quem dá.
Nem sempre temos facilidade para doar, mas a generosidade é uma das melhores experiências para nós, muitos seriam curados emocionalmente de suas neuroses, se soubessem dividir e repartir. Jesus nos ensinou que “mais bem aventurado é dar que receber”, mas esta parece ser uma graça que poucos desejam.
Socorrer comunidades e pessoas diante da tragédia é uma prática maravilhosa, como temos visto ultimamente; mas precisamos estar atentos para, sem criar novos círculos de dependência e paternalismo, descobrir oportunidades de ajudar outros que, cotidianamente, se esforçam para viver com dignidade. Isto pode acontecer com nossos funcionários, com a doméstica, com um jovem de nossa comunidade que precisa estudar e está se alimentando mal para pagar sua faculdade. Generosidade, quando feito com bom senso e parcimônia, sempre contagia. Inclusive os nossos corações, tantas vezes distante e impessoal.
Jornal contexto jan 2011