A Wopila, ou doação de presentes, é uma tradição dos índios lakota sioux. Não tem qualquer ligação com a atitude de dar um presente para receber outro em troca. Em datas importantes eles sempre pensam em providenciar algo que seria útil para a pessoa que vai receber a doação. Existe no inconsciente coletivo desta tribo, o pensamento de que sempre haverá coisas novas, por isto devem passar adiante determinadas coisas velhas que possuem.
Em geral, somos uma cultura narcisista e consumista. Muitos correm para o shopping ou compram algum souvenir ao se sentir deprimido, e, ao chegar em casa e abrir as sacolas, sentem-se pior. Primeiro, porque de fato não precisavam daquilo; segundo, porque agora vão ter que se virar para pagar o cartão de crédito no próximo mês. Quando isto acontece, o poder curativo do “banho de loja” se torna outra dor de cabeça.
Li um artigo no qual uma jovem mulher falava que buscava sempre gastar algo consigo quando se sentia triste, um dia, ao falar do vazio de sua atitude para uma amiga, ela lhe sugeriu que fizesse o contrário de adquirir. “Você deveria experimentar distribuir os objetos de que mais gosta, não apenas doar coisas que estão sobrando para instituições de caridade, mas doar algo que você valoriza”.
Num famoso clássico de Karl Meninger, “Pecados do tempo presente”, este conhecido terapeuta americano conta que depois de atender uma pessoa milionária esta admitiu que sua tensão estava relacionada ao medo de perder o que havia adquirido. Meninger então deu-lhe a sugestão de que começasse a doar um pouco de seus bens, para enfrentar o seu medo de ficar pobre, e sua resposta foi que, embora admitisse que isto poderia ser bom, ele se sentia paralisado ao pensar em agir desta forma. E continuou com suas crises...
Ser generoso gera algumas conseqüências saudáveis para quem resolve praticar. Eu sei que este remédio pode parecer dolorido para alguns, mas deixe-me sugeri-lo ainda assim:
1. Doação fortalece relacionamentos – Esta idéia é retirada de um antigo livro de sabedoria (Provérbios): “O presente é, aos olhos dos que o recebem, como pedra preciosa; para onde quer que se volte servirá de proveito” (Pv 17.8). Gestos, atitudes ou lembranças generosas, podem abrir portas para amizade.
2. Doação traz enorme contentamento para o doador – Não é por acaso que Jesus afirmou que “mais bem aventurado é dar que receber”. Experimente repartir, doar (tempo, talento e bens), isto trará grande libertação interior. Uma mulher que aprendeu a praticar isto admitiu: “A cada doação, eu me sentia mais leve, como se o peso dos problemas diminuisse”.
3. Livra-nos da sensação de que é o dinheiro que nos possui – Quando repartimos, já não somos mais controlados por aquilo que temos, mas controlamos o que tenho. Desta forma, nos tornamos livres e donos de nossa vida. Não dependemos e não estamos condicionados a mais nada.
Jornal contexto 1 fev 2011
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