segunda-feira, 26 de dezembro de 2022

Da Liberdade de consciência



 

A censura sempre foi um instrumento dos poderosos e dos que tentam controlar o que os outros pensam e as divergências de opiniões. Governos ditatoriais sempre tentaram calar seus opositores, seja por meio do constrangimento ou da violência. Pensar diferente tem sido, historicamente, um crime inafiançável e custado a vida de muitos.

 

Tem sido assim nos tribunais de exceções, tem sido assim nas inquisições com fogueirae nas inquisições "sem fogueiras". Os cristãos foram acusados e condenados pelo Império Romano porque ao invés de afirmar “César é Senhor!”, eles insistiam em dizer: “Jesus é o Senhor!” Isto era uma ameaça à ordem política, e se constituía em subversão e crime. Foram sentenciados e condenados à morte de forma brutal por suas opiniões. 

 

Os homens têm sempre tentado controlar vozes discordantes. Pensar pode ser grave crime, discordar uma grande ameaça. Se você pensa diferente você tem preconceito, mas pensar diferente não pode ser porque temos conceitos? Discordar não significa preconceito, pode ser divergência de opinião. Não preciso aceitar tudo o que me dizem que é certo, e “posso discordar, e ainda assim, preciso defender o direito do você pensar diferente.” Nem todo conceito é preconceito.

 

A liberdade de consciência e a liberdade de expressão sempre foram a marca da verdadeira democracia. A nossa constituição afirma: “A manifestação do pensamento, a criação, a expressão e a informação, sob qualquer forma, processo ou veículo não sofrerão qualquer restrição, observado o disposto nesta Constituição.” (Art. 220). A constituição divina diz: “Um faz diferença entre dia e dia; outro julga iguais todos os dias. Cada um tenha opinião bem-definida em sua própria mente.” (Romanos 14.5 ARA)

 

Abruptamente a restrição da expressão mudou de mãos. Antigamente quem fazia censura era a igreja e os reis. Pessoas morreram por discordarem da posição da igreja, e milhões já foram trucidados por pensarem de forma diferente. Pensar é crime! Agora, a censura está nas mãos do judiciário, da imprensa e da mídia social. Discordar é crime! Quando a ditadura está nas mãos daqueles que vestem togas, o quadro torna-se muito mais grave. Quando ela é do executivo, você pode ainda recorrer, mas e quando ela vai para o judiciário, a quem o cidadão poderá recorrer? 

 

Pense ainda na cultura de eliminação da imprensa. Qualquer artista ou atleta que se posicione contra a ideologia defendida pelos meios de comunicação, será execrado, já temos visto isto recentemente. E a censura do facebookyoutube e instagram? Quem são os censores e quem está se tornando o “superego” da sociedade? Não gosto da censura da igreja, nem da censura de reis e presidentes, mas e quando ela muda de mãos? Quando ela é controlada pela cultura de eliminação?

 

Eu coloco tudo que produzo de conteúdo no meu blog. Além de preservar o conteúdo, torno acessível a minha cosmovisão cristã, protestante, liberal para alguns e conservadora para outro. Recentemente percebi que ao tentar abrir meu blog (revsamuca.blogspot.com.br), vi a seguinte mensagem: “Este blog tem conteúdo sensível. Você quer ainda acessá-lo?” Não sei se achei a censura implícita boa ou ruim, as vezes não pensar linearmente pode ser a coisa mais importante da vida.

 

Uma sociedade livre, aprende a pensar, a discordar e questionar. Uma sociedade acorrentada, não pode divergir. Esta é a grande diferença entre uma consciência livre e um povo escravizado!

A história é escrita pelos poderosos



 

Quem descobriu o Brasil? Esta talvez seja a pergunta mais fácil de responder para todos os que frequentaram algum banco escolar: O português Pedro Álvares Cabral (1467-1520) com uma frota de 13 navios e mais de mil marujos, no dia 22 de abril de 1500, 44 dias depois da saída das embarcações de Lisboa, em Portugal.

 

Esta é a versão histórica oficialque transforma Cabral em um herói, mas na verdade, ele aportou no Brasil por um erro de navegação. Sua missão era chegar às ÍndiasCuriosamente Portugal era uma nação de 1.500 milhão, enquanto estimativas apontam para 6 milhões de brasileiros. Cabral não descobriu ninguém, ele se descobriu. Poderíamos, no máximo, afirmar que houve um encontro das civilizações. Esta talvez seja a mais grotesca narrativa histórica contada nos bancos escolares até hoje e que deveria, urgentemente, sofrer uma correção. 

 

Outra narrativa que precisa ser considerada é a Abolição da escravatura no Brasilque oficialmente ocorreu por meio da Lei Áurea, assinada no dia 13 de maio de 1888Durante muito tempo a princesa Isabel foi tida como heroína, mas sabe-se muito bem que isto não se deu por causa de sua benevolência, mas por dois fatores: A pressão internacionalforte pressão popular e política e a resistência dos escravos, com destaque para a fuga dos escravos e a formação dos quilombos.

 

Internacionalmente, uma lei aprovada pelo Parlamento Inglês deu prazo que as nações ainda submetidas a este cruel regime abolissem a escravidão ou não negociariam mais com a Inglaterra. Em 1850, por pressão dos ingleses, foi aprovada, no Brasil, a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro. Na década de 1860, a pressão foi enorme, porque a Rússia havia acabado com a servidão bem como os Estados Unidos. O cerco estava se fechando e o Brasil não tinha alternativa. A abolição não foi resultado da boa vontade do império. 

 

Como podemos ver, o que temos são narrativas. Delírios dos poderosos que contam a história como querem, mas a verdade eventualmente será descoberta. A grande mídia e a a notícia de um jornal, deveria ser uma narrativa de não ficção, relatando fatos da realidade, mas alguém, honestamente, acredita na versão imparcial da mídia, ou não nos parece na maioria das vezes, uma forma novelesca de distorcer os fatos?

 

O domínio da narrativa é uma estratégia para impor, à percepção da realidade social e política, uma narrativa dominante, independente da materialidade dos fatos. Quem domina a narrativa poderá impulsionar sentimentos de adesão e de repulsa a tudo e a todos.” Na vida social e política ocorre a disputa de narrativas. As descrições dos eventos, são feitas de acordo com a conveniência e a visão de mundo. Queremos acreditar na neutralidade jornalística, mas ela existe? Vivemos na pós-verdade, onde se constrói a narrativa que me interessa, ocultando a parte que não serve para que quero defender.

 

A história é escrita pelos poderosos. Mas Jesus disse: “Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Mc 4.22-23). A mentira será descoberta. 

 

Existirá, em todo porto tremularáA velha bandeira da vidaAcenderá, todo farol iluminaráUma ponta de esperança. (Lulu Santos)

 

 

Faça Algo Diferente



 

Há um ditado popular que diz: “Se você deseja algo que nunca teve, faça algo que você nunca fez antes.” O estudioso e escritor Hans Bürki fez comentário semelhante: “Mais da mesma coisa nos leva para o mesmo lugar.” Há também uma outra expressão atribuída, erroneamente, a Einstein: “Insanidade é continuar fazendo sempre a mesma coisa e esperar resultados diferentes.” 

 

O novo surge apenas quando buscamos resultados diferentes. Nessa hora a criatividade se torna essencial, pois é possível fazer coisas melhores, de forma diferente, com mais eficiência e em todas as áreas da vida. Os grandes saltos na indústria 

 

e ciência ocorreram porque alguém começou a pensar fora do esquema preestabelecido.

 

Muitas vezes, as antigas fórmulas não são adequadas às novas demandas. Fazer do mesmo jeito, com as mesmas ferramentas e as mesmas pessoas pode se tornar um problema. Então, é importante parar e imaginar formas de superar a mesmice e o anacronismo. Quando os antigos métodos não são mais adequados, eles precisam ser repensados. Ora... pode ter dado certo em um determinado tempo e em determinada estrutura, mas pode ser que, no presente, o antigo arranjo não mais funcione!

 

Jesus advertiu que é impossível colocar vinho novo em odres velhos, pois o vinho novo, em seu processo de fermentação, acaba rompendo a velha estrutura. Vinho novo deve ser posto em odres novos. Ensinou ainda que não é sábio fazer 

 

remendo novo em pano velho porque, além do remendo novo não condizer com a roupa velha, poderá forçar o tecido velho tornando o rasgo ainda maior. Uma dupla parábola para dizer a mesma coisa (Mt 9.16,17). 

 

Às vezes ficamos condicionados a soluções antigas que podem ter sido eficazes em outras situações, mas que agora não funcionam mais. Repetimos velhas fórmulas na solução de problemas novos e ficamos imersos em um círculo vicioso de ineficácia, longe de encontrar a solução, perpetuando problemas.

 

Não é assim em nossos relacionamentos? Quantas vezes discutimos sobre as mesmas coisas, propondo as soluções de sempre que nunca funcionaram? Não seria a hora de considerarmos uma nova maneira de agir? Será que não vemos nossa perda de tempo e o desgaste frequente? Nas dificuldades você 

 

age da mesma forma ou tenta chegar a um acordo ou negociação diferente? 

 

É bom parar e refletir sobre o que está acontecendo. É bom identificar se existe um novo caminho mais produtivo, ao invés de continuar usando as mesmas, ultrapassadas e retrógadas fórmulas. Sair do automático pode ser como uma lâmpada acesa sobre a cabeça. Muitas novas ideias podem brotar, apresentando-nos rotas inesperadas para a execução de um trabalho que até então não saía do lugar. 

 

Muitas ideias poder surgir, ajudando-nos a resolver situações complicadas ou mesmo corrigir relacionamentos desgastados. Quando estimulamos a mente a ser mais criativa, as alternativas que antes pareciam sem solução podem surgir inesperadamente com grandes resultados.

Mais Uma Vez, o Natal!

 


O Natal traz em si certo encanto e magia. As árvores enfeitadas, os presépios, as músicas tradicionais, as festividades, a expectativa do encontro com familiares e amigos... a troca de presentes, férias chegando. Para muitos, a melhor época do ano!

 

Mas o Natal também traz em si certo desencanto e frustração. Muitas lembranças amargas de encontros familiares, solidão, o estresse do fim do ano, contas a pagar, despesas, aumento significativo dos suicídios. Este é o lado obscuro e paradoxal do Natal. Encanto para alguns, tristeza para muitos.

 

Como você encara o Natal?

 

 

Nas minhas memórias, lembro nitidamente de como as crianças não tinham presentes no Natal. Hoje acho que presentes são tão comuns. Há uma variedade enorme e acessível de coisas simples e baratas que podem ser dadas à meninada trazendo alegria. Romanticamente me pego indagando: “Há alguma criança sem presente neste Natal? Acho que não!”

 

Certamente minha visão não é correta! Para muitos falta muita coisa e devemos ser sensíveis e atentos quanto à generosidade e cuidado. Um olhar amoroso e bondoso pode trazer alegria e socorro a muitas crianças e famílias desamparadas. Um gesto amoroso em direção ao outro pode ser a diferença entre o encantamento e a frustração do Natal. 

 

Mais uma vez é Natal! Isso deve encorajar 

 

nosso coração a olhar em direção ao outro e a socorrer aqueles que precisam. Deve estimular em nós o espírito voluntário e amoroso. Corações agradecidos são generosos, liberais com seus recursos. Quem ama, doa. Quem ama, doa-se! 

 

“Deus amou o mundo de tal maneira, que deu seu Filho unigênito.” O que moveu a doação divina foi o coração amoroso de Deus e vale lembrar que nós só amamos porque Ele nos amou primeiro. O amor é resposta. Generosidade é gratidão, reconhecimento, apreciação. 

 

O Natal, na verdade, é o grande presente de Deus para a humanidade já que Ele viu nossa condição de abandono e enviou seu único Filho. Os anjos anunciaram: “Eis que vos trago novas de grande alegria. É que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor!”

 

 

Por conta do nascimento de Jesus, os magos levaram presentes à visita que fizeram ao recém-nascido: ouro, incenso e mirra! Daí vemos que a tradição de dar presentes não é recente. Os magos estavam encantados com o grande presente que era o nascimento de Jesus. Prostrados eles o adoraram e entregaram suas dádivas. 

 

Mais uma vez é Natal, uma data que deve ser atualizada todos os dias em nós, pois apesar de ter nascido há dois mil anos, Jesus pode nascer exatamente hoje em nossos corações. O Natal é celebrado dia 25 de dezembro, mas deve ser comemorado todos os dias do ano com generosidade, perdão, amor e doação. 

 

“Se forem apenas um pouco mais gentis que o necessário, alguém, em algum lugar, em algum dia, poderá reconhecer em vocês, em cada um de vocês, a face de Deus!” (R. J. Palacio)

terça-feira, 29 de novembro de 2022

Quem vai ganhar a copa?


 

 

As apostas já estão feitas!

De acordo com um relatório da equipe de Estratégia Quantitativa da XP, há cinco times com maior probabilidade de ir para as finais: Argentina, Bélgica, Brasil, Holanda e Espanha. Sites de apostas apostam também na Inglaterra e França entre os cinco melhores. Porém, é bom lembrar que os sistemas de inteligência artificiais, simulações e estudos apostavam no Brasil como ganhador da Copa do Mundo 2018 e ele caiu nas oitavas.

 

É conhecida a frase do jornalista e comentarista João Saldanha: "Se macumba ganhasse jogo, o Campeonato Baiano acabaria empatado". Da mesma forma podemos afirmar que se horóscopo e adivinhos pudessem saber corretamente o resultado de suas previsões, eles certamente seriam milionários. Previsões são frágeis e inconsistentes. Uma partida decide a glória ou o fracasso. Na última copa, o Brasil caiu para a Bélgica. Basta um lance e tudo se define... quão frágil é a glória, e quão fácil é a derrota...

 

Honestamente, torço para que o Brasil seja hexacampeão, ao mesmo tempo que temo pela conquista. Durante a Copa da 1970, enquanto se celebrava o inebriante time tricampeão, o submundo das prisões da ditadura feria e torturava. Temo que caso o Brasil seja campeão este ano, o submundo dos tribunais de fachada do Brasil continue dando habeas corpus a criminosos. Queremos conquistar e ser campeões, mas não podemos substituir hospitais por estádios.

 

Chico Buarque criticou a ditadura militar na sua música Sanatório Geral, mas a mesma denúncia se aplica aos nossos dias: “Num tempo. Página infeliz da nossa História. Passagem desbotada na Memória, das nossas novas gerações. Dormia, a nossa pátria mãe tão distraída, sem perceber que era subtraída, em tenebrosas, transações.” Será que a próxima geração não cantará esta mesma música se referindo aos nossos dias? Ninguém escapa do julgamento da história.

 

Não sei se o Brasil ganhará. Consultem os videntes, façam suas apostas! Entretanto, o grande ganho que o Brasil poderia ter seria deixar aos seus filhos não a faixa de um time campeão que fez história no Qatar, mas de um time campeão na moral, na consciência, que se recusa a manipular a verdade. É de assustar o que os tribunais fizeram com a verdade, é espantoso como o jornalismo manipulou dados, omitiu informações, distorceu os fatos. Sempre amei ler os jornais, mas hoje tenho tristeza em perceber a tentativa constante e sistemática de dizer o que lhes interessa, sem interessar com a verdade.

 

600 anos a.C., o Profeta Isaias descreveu o seu tempo: “A justiça é posta de lado, e o direito é afastado. A verdade anda tropeçando no tribunal, e a honestidade não consegue chegar até lá. A verdade desapareceu, e os que procuram ser honestos são perseguidos.” (Is 59.14-15 NTLH)

 

Ganhar a Copa seria muito bom. Mas ganhar consciência moral e exaltar a verdade, seria muito mais saudável para as futuras gerações.

 

 

 

Flordelis



 

Tenho acompanhado com tristeza, perplexidade e compaixão os eventos relacionados a vida de Flordelis dos Santos de Souza, cantora, pastora, deputada federal entre 2019 e 2021, eleita com mais de 200 mil votos no Rio de Janeiro, posteriormente cassada pelo plenário da Câmara dos Deputados, perdendo seu mandato por quebra de decoro parlamentar, e recentemente condenada a 50 anos de prisão por homicídio triplamente qualificado, tentativa de homicídio duplamente qualificado, além uso de documento falso e associação criminosa. Seu filho biológico, ao que tudo indica, teria praticado o crime e ela seria mandante. 

 

Minha reação de dor se dá pelo fato de ter assistido parte do documentário produzido pela Globo sobre sua vida, e saber que aos 20 anos de idade, ainda menina, imbuída por misericórdia e desejo de ajudar, residindo no Jacarezinho, a segunda maior favela da América Latina, conhecida por sua violência, resolveu abrigar na sua casa de dois quartos, mais de 20 crianças que não tinham pra onde ir, e sem a ajuda de qualquer ONG, cuidava de todas elas, limpava a casa, lavava as roupas e as mandava para a escola.

Engajou em causas sociais, ajudava crianças e adolescentes envolvidos com crimes, tráfico, uso de drogas, prostituição ou que sofriam maus tratos em casa. Na sua residência humilde chegou a abrigar mais de 100 crianças que ela ia acolhendo e cuidando como filhos, abrindo uma creche.

 

Aos poucos, sua vida foi impressionando as pessoas, e a televisão começou a falar dela sendo entrevistada em vários programas de grande audiência, chamando a atenção da grande mídia e se projetando. Em 1994, adotou 37 crianças, dos quais 14 bebês de uma só vez, que sobreviveram à Chacina da Candelária e que viviam em abrigos, em condições precárias.

 

Ela ia a bailes funk e via que crianças e adolescentes apadrinhados pelo tráfico de drogas sonhavam com uma vida melhor, conversava com eles, e dizia para eles que o melhor caminho não era trabalhar para o tráfico de drogas. Foi acusada de sequestrar crianças, mas provou na justiça que as ajudava a saírem do submundo das drogas e da prostituição. Seu trabalho ganhou atenção da mídia brasileira e em 2009 fizeram um filme sobre sua vida e nenhum dos renomados artistas com Deborah Secco, Bruna Marquezine cobraram cachê e toda a renda do filme foi utilizado para a criação e sustento do centro de reabilitação de jovens e adolescentes viciados em drogas.

 

O que aconteceu com a alma de Flordelis? Como ela pode se transformar em alguém que tem sido acusada de frieza e menosprezo pela vida humana? A juíza considerou que houve “audácia extremamente reprovável, planejamento de execução fria e brutal” de  seu marido Anderson do Carmo. Nas filmagens feitas pela televisão ainda nos anos 90, é possível vê-la ainda adolescente, cuidando de crianças. O que a transformou numa “personalidade manipuladora”, como afirma um de seus biógrafos?

 

Não dá para simplesmente julgarmos a Flordelis, sem ter cuidado com nossa própria alma. Não questiono o processo jurídico, coordenado pela juíza e pelos juris que avaliaram todo processo, ouviram as testemunhas e a condenaram. Minha preocupação está em outro nível. O que pode levar a alma humana à sordidez e maldade? Quais mecanismos psicológicos lhe roubaram a simplicidade, a ternura, o exemplo de solidariedade e a transformaram em algo vil e tão condenável? Quais fatores a tornaram suscetível de tais desatinos? E o nosso coração, está isento de tais tentações e riscos?

 

Certa vez trouxeram a Jesus uma mulher pega em flagrante adultério, a Lei de Moisés dizia que tal mulher deveria morrer, e os que a colocaram no julgamento estavam prontos para executar a sentença. Jesus lhes disse: “Aquele que tiver sem pecado, atire a primeira pedra”, e todos se afastaram, condenados pela sua consciência.

 

 

 

 

A ausência da Gratidão



 

É comum afirmar que ser grato é uma benção, que pessoas gratas vivem mais e melhor, que a gratidão enriquece a vida e todas estas considerações são absolutamente corretas. Pesquisas comprovam que agradecer fortalece o vínculo interpessoal, auxilia o bem-estar, reduz o stress e ajuda a prevenir a depressão e traz saúde mental.

 

Apesar de todas estas comprovações, muitos não demonstram gratidão. O que acontece com aqueles que não são capazes de reconhecer o bem que recebem? Que não são capazes de olhar a vida com encantamento? Que não reconhecem a vida como benção, são incapazes de agradecer a Deus pelo que recebem e nem reconhecem o que os outros fazem por elas? Como um coração ingrato sobrevive?

 

Existem pessoas que por mais que se faça nunca demonstrarão gratidão. Elas se parecem neutras ou indiferentes àquilo que lhes é feito, e por isto o bem que recebem não parece importante ou nada mais é que uma obrigação. Isto acontece costumeiramente em casa: São filhos que recebem tudo sacrificialmente dos pais, mas não demonstram gratidão, ou de cônjuges que nunca valorizam o que os outros fazem e ainda pensam que são devedores.  

 

Gratidão é um termo derivado do latim gratia. É um sentimento de graça que uma pessoa sente por outra quando recebe algum favor. É uma forma de

reconhecimento. Muitos são incapazes de demonstrar gratidão: Nenhum elogio, apreciação, valorização ou palavra de afeto. A psicologia social afirma que a gratidão só ocorre quando há empatia.

 

Será que a ingratidão tem cura? Qual efeito da ingratidão no coração? Moacir Bastos, poeta, afirma que “gratidão é o amor contemplando o passado”, os franceses afirmam que “gratidão é a memória do coração. “Será que o ingrato ao olhar a vida não é capaz de ver como já foram abençoados, de forma tão generosa? Será que não há, no coração, nada que os impulsione a expressar afeto pelo bem recebido? Um gesto, uma palavra de amor, um telefonema, um presente, uma declaração pessoal ou pública de gratidão?

 

É sempre fácil achar que somos gratos. Mas temos sido realmente capazes de demonstrar o quanto somos abençoados pela vida do outro? E em relação a Deus? Somos capazes de admirar e expressar o coração alegre diante de Deus ou vivemos no mundo do ressentimento, reclamação e murmuração? Você já considerou que todas estas coisas são opostas à gratidão?

 

A falta de gratidão faz mal, adoece, neurotiza. Faz mal para as emoções, faz mal para os outros, e espiritualmente, um desastre diante de Deus: o contrário da ingratidão é louvor, reconhecimento. Pense nisto!

 

 

Melhor pedir perdão que pedir permissão



 

Não raramente tenho ouvido que é melhor pedir perdão do que pedir permissão. Esta frase é correta? Vale a pena se inspirar nela? O que você pensa acerca disto?

 

Não se sabe ao certo o autor da frase, mas pessoas inovadoras e criativas quase sempre ousaram cruzar a fronteira e limites impostos por sistemas fechados e conservadores e avançar. Muitos acreditam que pensar desta forma fomenta o senso de ação e até empreendedorismo. Este pode ser o lado positivo desta expressão.

 

Outros, porém, acreditam que se existe autoridade e hierarquia, a permissão é sempre necessária, porque caso contrário, você ultrapassará limites e arriscadamente entrará no espaço do outro. Não se pode invadir e entrar sem permissão onde você não foi autorizado, isto pode ser chamado de crime, em casos mais graves; e deselegância, em casos mais simples. Já tiveram a sensação de se sentir invadido por alguém que por falta de educação não soube pedir licença para empurrar o carrinho de compras dentro de um supermercado?

 

A verdade é que não se pode violar a intimidade ou privacidade de alguém, esperando que se algo der errado basta simplesmente pedir perdão. Agir sem o consentimento do outro, para tirar proveito é desrespeitoso, falta de educação, rispidez, aspereza e rudeza. Por outro lado, se há uma intenção positiva aliada à coragem, fazer sem permissão será uma atitude de ousadia e risco, e trazer frutos muito positivos. 

 

Pedir permissão é próprio de pessoas educadas, mas negativamente pode ser entendida como fraqueza, uma forma de colocar responsabilidade nos outros caso ocorra alguma falha ou insucesso e isto é fraqueza e pusilanimidade. Ao esperar por permissão, podemos nunca começar, e existe muita coisa que pode sem feita sem que tenhamos que pedir permissão e sem que seja necessário se arrepender, magoar outros, sofrer consequências e ter que pedir perdão posteriormente. Pedir perdão pressupõe que alguma ferida foi aberta. Pedir permissão evita sofrimentos e mágoas. A permissão é um sinal de educação, não é invasiva, faz parte do cotidiano de nossa vida.

 

Pedir perdão implica em um erro, então, se faremos algo que pode ferir e nos obrigar a pedir desculpas depois, é melhor não fazer. Quem pede permissão não precisa pedir perdão.

 

Podemos afirmar, portanto, que esta frase pode ser correta e positiva em algumas situações, mas ser infeliz e desastrosa em outras. Muitas vezes é necessário pedir permissão antes de fazer; outra vezes, fazer o que deve ser feito, antes de qualquer autorização, pode estar relacionado à criatividade, imaginação, ousadia e iniciativa. Avalie com sabedoria quando e em que situações ela poderá ser aplicada. Prudência e caldo de galinha nunca fizeram mal a ninguém.   

sábado, 5 de novembro de 2022

O Exílio do Sagrado


 

 

Não raramente percebemos que Deus sofre um problema habitacional crônico. Ele perdeu seu lugar. É como se fosse um intruso na festa, uma espécie de japonês da Polícia Federal.

 

Sistematicamente a filosofia procura fazer isto. O grande problema da visão de Darwin, não é a discussão em torno do evolucionismo. O problema é metafísico. Tem a ver com sua visão de “Geração espontânea”, que excluiu a possibilidade de qualquer Ser ou de um design inteligente por detrás da criação. Não há paternidade nem Criador, apenas a criatura.

 

Da mesma forma, o maior problema do Marxismo, para os cristãos, não é a luta de classe e na formulação utópica da economia e da sociedade, apesar destes pontos, em si mesmos, já serem desafiadores. O maior problema, entretanto, é o “Materialismo dialético”, cuja hermenêutica da história é incapaz de enxergar qualquer possibilidade do Sagrado. Não é sem razão que com o advento do Livro Vermelho de Mao-Tsé-Tung, na China, o problema se tornou ideológico, mas não parou no campo das ideias e do pensamento. Era necessário perseguir, destruir e matar a ideia de Deus. Então, fazia todo sentido, expulsar missionários, executar pastores e padres, transformar os templos em escolas ou latrinas. Era necessário matar Deus! O mesmo movimento, talvez com uma intensidade ainda maior, se tornou evidente na perseguição e martírio sistemático de toda religião na Rússia Comunista.

 

Não apenas o menino Jesus da manjedoura teve problemas para encontrar hospedaria, Deus foi excluído do saber. Veja o mundo das artes. Não é muito difícil filmes e séries construindo uma cosmovisão de monstros e demônios, mas é difícil encontrar Deus. Ele foi excluído das discussões, embora Satanás e suas hostes sejam bem presentes. Fala-se do Mal, mas é necessário minimizar, excluir ou rejeitar Deus.

 

O pensamento existencialista, que tanto atrai a geração contemporânea, cujo conceito de vida tem sido adotado por toda esta geração se fundamenta na cosmovisão de que a existência precede a essência, mesmo porque a Essência é inexistente, tudo é fluído, passageiro, névoa, vazio. O que é sólido se desmancha no ar. Não há consistência, nem realidade, apenas percepções e sensações. Então, “comamos e bebamos que amanhã morreremos.” Tudo é nada! Nada é tudo! O suicídio se torna uma interessante alternativa filosófica.

 

Durante a Idade Média, o mundo invisível encontrava-se mais próximo dos homens, o drama da salvação, o perigo do inferno, os símbolos sagrados se transformaram em mecanismos que o homem construiu para exorcizar o medo. Na sociedade moderna, contudo, a religião transforma-se no passado retrógado, na tradição obsoleta. O discurso religioso é declarado sem sentido, e a ciência deificada se apresenta vitoriosa. Não há lugar para a religião, Deus fica confinado aos céus, se é que eles existem.

 

O problema mais sério, entretanto, é apontado por Chesterton: “Quando o povo deixa de acreditar em Deus, ele deixa de acreditar em tudo. Surge o desespero, o vazio, a falta de sentido, a ausência da imaginação e do simbólico. O exilio do Sagrado, expulsa o homem da seu Sentido maior. Perde-se a razão de ser e existir. A vida perde referência. O exilio de Deus transforma-se no exilio da nossa alma.

 

Ame o Brasil!

 



Um dos maiores problemas nas relações familiares se dá quando o filho já não mais respeita seus pais. A falta de respeito pode surgir por várias razões, desde o excesso de autoritarismo, contradições na educação, incoerência familiar, excessiva liberalidade até a falta de autoridade moral. Quando isto acontece, em geral, seus afetos foram atingidos e sofreram fragmentação.

Patriotismo é algo também relacional, tem a ver com os afetos. Fico assustado quando percebo que amor à pátria se parece retrógrado ou fora de moda, algo que deixou de ter valor e significado. Precisamos também entender porque as gerações atuais não conseguem mais respeitar suas lideranças políticas, e perderam a vontade de lutar pela sua pátria e não amam mais os símbolos de sua própria nação.

Estive muito próximo do fatídico incidente do dia 11 de Setembro de 2001 no World Trade Center. Morava na América e vi a dor e a solidariedade de uma nação que ficou de luto diante daquela agressão. Uma das coisas que mais me emocionou foi ver o amor daquele povo pela sua bandeira. Numa rua apenas, minha esposa contou mais de cem bandeiras. Algumas casas foram literalmente enfeitadas pelas cores da América. Fiquei feliz em ver tamanha manifestação de patriotismo e triste por ver que nosso país não tem despertado nos seus filhos paixão semelhante.

Nossa nação merece coisa melhor de seus filhos. Este desrespeito  não nasce num vácuo histórico, antes possui etiologia, raízes na forma cínica como a liderança e burguesia tem tratado seus filhos. Falta dignidade, falta brio, falta amor. O resultado tem sido o surgimento de uma geração com dificuldade de lutar por ideais, sonhos, porque falta esperança de que algo realmente digno venha a acontecer diante de tantos desmandos.

Precisamos amar nosso país. Isto deve começar com o desejo de ver uma geração melhor educada, gente pobre tendo direito a saúde e educação, os interesses privados subordinados a um bom maior que é o da nação. Podem ser gestos simples como a porta da casa limpa e a calçada da casa sem lixos e entulhos. Começa com o desejo de ver minha rua mais bonita, de não querer jogar lixo na rua, nem latas de refrigerantes e lixos para fora do carro emporcalhando a cidade. De não se evadir, de não fugir da luta, de usar nossa bandeira com orgulho e amar a terra em que nascemos.

Que grande prejuízo uma liderança política, cínica e cruel, tem causado às gerações futuras. Como isto tem sido prejudicial ao espírito patriótico de nossos estudantes e filhos. Como temos retirado o valor e a dignidade do peito de nossos estudantes...

Ame o seu país com fé e orgulho! Tal amor consegue retirar de nossas entranhas a hipocrisia e a irresponsabilidade com os pobres. Um amigo meu considerou que se ele vendesse sua empresa e fizesse uma aplicação financeira no mercado de capitais seu lucro seria maior. No entanto, afirma, fazendo isto eu colocaria mais pessoas desempregadas na praça e na sua visão, isto não seria bom para aquelas famílias e nem para o Brasil. Com pequenos gestos assim, se constrói uma nação de valor.

Daria tudo para entender a estupidez de lideranças políticas jovens, bem remuneradas e de empresários abonados, que poderiam prestar um enorme serviço à sua nação mas resolvem usurpá-la pela corrupção e venda da consciência em troca de privilégios financeiros. De funcionários públicos que pelo seu trabalho poderiam transformar sua cidade, seu bairro ou sua escola, mas preferem a mediocridade e são incapazes de pensar no legado que estão deixando para seus filhos e netos.

Ame o Brasil!

Samuel Vieira


quinta-feira, 20 de outubro de 2022

Prisioneiros do medo

 


 

No festa familiar do dia de Natal, minha esposa, irmão e cunhada contraírem o influenza H3N2, e no período do final de ano todos passaram por um grande perrengue com esta doença. Minha esposa sofreu muito com uma forte dor de garganta e por quase cinco dias mal conseguia engolir, e até mesmo beber água tornou-se dolorido. Mas era “apenas” uma gripe e ia passar logo. E passou.

 

Mas quinze dias depois, recebemos a visita de outro vírus, o Covid-19, e desta vez todos da família foram contaminados, inclusive meus filhos que moram foram do Brasil e estavam conosco. Apenas meu netinho de 2 anos não foi positivado. E agora, com minha filha grávida, minha sogra de 86 anos em casa, todos estávamos enfrentando uma ameaça com outros tons: fazíamos agora parte de uma estatística de uma pandemia que só no Brasil já matou mais de 620 mil pessoas.

 

O que poderia acontecer? Apesar de sabermos que se tratava de uma cepa mais branda todos ficamos assustados com os possíveis desdobramentos e as consequências. Graças a Deus, todos estamos passando muito bem. Os sintomas não passaram de um gripe leve, e na minha filha foi quase assintomático. Mas era Covid-19. Pessoas ligavam, oravam, queriam saber como estávamos reagindo. Pessoas ainda mais querida nos trouxeram almoço e lanche para nos apoiar e mostrar carinho e cuidado. Minha mãe que mora em Palmas-TO, ligava todos os dias para saber noticias.

 

No dia 20/12/21, o site da CNN notificou que na cidade do Rio de Janeiro, a Influenza estava matando mais do que a Covid-19, em dezembro quando se tratava de números absolutos,. No último mês do ano, 17 pessoas haviam morrido por Síndrome Respiratória Aguda (SRAG) provocada pelo coronavirus, quase a metade dos óbitos provocados pela gripe no período: 33, de acordo com dados do Sistema de Informações em Saúde da Prefeitura do Rio de Janeiro. Mas poucas pessoas estão, de fato, com medo da gripe. Somos prisioneiros do medo do Covid.

 

De fato não dá para minimizar o grande desafio da pandemia, mas um aspecto precisa ser considerado. Podemos sucumbir mais aos efeitos deletérios do medo do que da doença em si. E assim deixamos de viver, nos encolhemos nos nossos afetos, restringimos relacionamentos, nos enclausuramos nos nossos temores.

 

 

Um artigo da Revista Brasileira de Psiquiatria afirma que “No caso de uma pandemia, além das manifestações físicas, o medo é capaz de aumentar os níveis de ansiedade e estresse em indivíduos saudáveis ou de intensificar os sintomas daqueles com transtornos psiquiátricos pré-existentes.” E fica o medo do vírus e de suas consequências. Medo que pode se exacerbar e se tornar uma “coronofobia”, provocando ansiedade e insegurança, já que desorganiza a previsibilidade, não só em relação ao comportamento do vírus em cada pessoa mas também no que diz respeito ao futuro da carreira, do sustento e dos negócios. Tais incertezas elevam a propensão a transtornos psiquiátricos e geram um evento traumático coletivo, numa dimensão nunca antes observada.

 

O medo precisa ser enfrentado. Um ditado japonês afirma que “o medo de perder não deixa a gente ganhar”. O medo precisa ser tratado, eventualmente precisamos conversar com amigos, terapeutas, famílias, não num negacionismo inconsequente e irresponsável, nem numa neurose fóbica limitante. O medo não é bom conselheiro. A Bíblia diz que “o amor lança fora o medo”. Talvez seja uma referência ao fato de que comunidade, igreja, família, amigos, todos os atos de solidariedade e amizade podem nos ajudar a terapeutizar, com a graça de Deus, o medo que nos ronda.

 

 

 

 

 

 

 

Risco e Recompensa

 


 

Todas as decisões envolvem riscos e perdas. Alguém apropriadamente afirmou que uma decisão é uma de-cisão, isto é, uma forma de fragmentação. Ao decidir geramos ruptura, corte, cisão. Sempre haverá risco e recompensa. Não é possível ir para a direita sem perder as oportunidades que teríamos se fossemos para a esquerda, e vice-versa.

 

Portanto, precisamos avaliar quais os riscos e recompensas em todas as decisões e atitudes. “É nos momentos de decisão que o seu destino é traçado.” (Anthony Robbins) É necessário considerar o que perdemos e o que ganhamos ao tomar determinada decisão. Podemos tomar as opções que quisermos na vida, mas as decisões trazem, em si mesmas, uma série de implicações. Trata-se de um “pacote”, com todas as consequências inerentes.

 

Uma forma interessante ao tomar decisão é considerar prós e contras. Tome uma folha de papel e escreva de um lado os aspectos positivos e do outro lado os aspectos negativos. Se você estiver tomando a decisão em família, vale a pena incluir a esposa, e em alguns casos, até mesmo os filhos. Se for uma decisão empresarial, você pode convidar funcionários e colegas para analisarem os efeitos que a decisão trará sobre os rumos da instituição e seus objetivos. Sempre haverá prós e contras. Sempre haverá riscos e recompensas.

 

Vale a pena? Muitos afirmam que é melhor pedir perdão que pedir permissão. Esta afirmação é bem perigosa, mas pode eventualmente ser válida. O problema é que muitos erros não podem ser reparados apenas com o pedido de perdão, pois trazem em si as consequências. Uma ferida que causamos em alguém pode ser perdoada, mas os efeitos colaterais disto podem jamais ser corrigidos. Dirigir o carro quando estamos bêbedos causa acidente, podemos pedir perdão, mas se houver sequelas e mortes, isto jamais poderá ser corrigido. Um ditado popular afirma: “O meu clube estava à beira do precipício, mas tomou a decisão correta: Deu um passo à frente.”

 

Entendendo como as decisões trazem riscos e recompensas, a poetisa Cecília Meirelles escreveu sobre a angustiante crise da decisão no seu poema infantil:

 

Ou isto ou aquilo:

“Ou guardo dinheiro e não compro doce,

ou compro doce e não guardo dinheiro;

Ou isto ou aquilo, ou isto ou aquilo;

E vivo escolhendo o dia inteiro...” 

 

A maior decisão da vida tem implicações psicológicas, morais, espirituais e eternas. Por isto Josué disse ao povo de Israel: ““Escolhei, hoje, a quem sirvais: se aos deuses a quem serviram vossos pais que estavam dalém do Eufrates ou aos deuses dos amorreus em cuja terra habitais. Eu e a minha casa serviremos ao Senhor.” (J2 24.15). Esta é a mais sábia e mais delicada decisão. Com grandes e eternas recompensas.