Quem descobriu o Brasil? Esta talvez seja a pergunta mais fácil de responder para todos os que frequentaram algum banco escolar: O português Pedro Álvares Cabral (1467-1520) com uma frota de 13 navios e mais de mil marujos, no dia 22 de abril de 1500, 44 dias depois da saída das embarcações de Lisboa, em Portugal.
Esta é a versão histórica oficial, que transforma Cabral em um herói, mas na verdade, ele aportou no Brasil por um erro de navegação. Sua missão era chegar às Índias. Curiosamente Portugal era uma nação de 1.500 milhão, enquanto estimativas apontam para 6 milhões de brasileiros. Cabral não descobriu ninguém, ele se descobriu. Poderíamos, no máximo, afirmar que houve um encontro das civilizações. Esta talvez seja a mais grotesca narrativa histórica contada nos bancos escolares até hoje e que deveria, urgentemente, sofrer uma correção.
Outra narrativa que precisa ser considerada é a Abolição da escravatura no Brasil, que oficialmente ocorreu por meio da Lei Áurea, assinada no dia 13 de maio de 1888. Durante muito tempo a princesa Isabel foi tida como heroína, mas sabe-se muito bem que isto não se deu por causa de sua benevolência, mas por dois fatores: A pressão internacional, a forte pressão popular e política e a resistência dos escravos, com destaque para a fuga dos escravos e a formação dos quilombos.
Internacionalmente, uma lei aprovada pelo Parlamento Inglês deu prazo que as nações ainda submetidas a este cruel regime abolissem a escravidão ou não negociariam mais com a Inglaterra. Em 1850, por pressão dos ingleses, foi aprovada, no Brasil, a Lei Eusébio de Queirós, que proibia o tráfico negreiro. Na década de 1860, a pressão foi enorme, porque a Rússia havia acabado com a servidão bem como os Estados Unidos. O cerco estava se fechando e o Brasil não tinha alternativa. A abolição não foi resultado da boa vontade do império.
Como podemos ver, o que temos são narrativas. Delírios dos poderosos que contam a história como querem, mas a verdade eventualmente será descoberta. A grande mídia e a a notícia de um jornal, deveria ser uma narrativa de não ficção, relatando fatos da realidade, mas alguém, honestamente, acredita na versão imparcial da mídia, ou não nos parece na maioria das vezes, uma forma novelesca de distorcer os fatos?
“O domínio da narrativa é uma estratégia para impor, à percepção da realidade social e política, uma narrativa dominante, independente da materialidade dos fatos. Quem domina a narrativa poderá impulsionar sentimentos de adesão e de repulsa a tudo e a todos.” Na vida social e política ocorre a disputa de narrativas. As descrições dos eventos, são feitas de acordo com a conveniência e a visão de mundo. Queremos acreditar na neutralidade jornalística, mas ela existe? Vivemos na pós-verdade, onde se constrói a narrativa que me interessa, ocultando a parte que não serve para o que quero defender.
A história é escrita pelos poderosos. Mas Jesus disse: “Pois nada há de oculto que não venha a ser revelado, e nada em segredo que não seja trazido à luz do dia. Se alguém tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Mc 4.22-23). A mentira será descoberta.
“Existirá, em todo porto tremulará. A velha bandeira da vida. Acenderá, todo farol iluminará. Uma ponta de esperança. (Lulu Santos)
Nenhum comentário:
Postar um comentário