Não raramente percebemos que Deus sofre um problema habitacional crônico. Ele perdeu seu lugar. É como se fosse um intruso na festa, uma espécie de japonês da Polícia Federal.
Sistematicamente a filosofia procura fazer isto. O grande problema da visão de Darwin, não é a discussão em torno do evolucionismo. O problema é metafísico. Tem a ver com sua visão de “Geração espontânea”, que excluiu a possibilidade de qualquer Ser ou de um design inteligente por detrás da criação. Não há paternidade nem Criador, apenas a criatura.
Da mesma forma, o maior problema do Marxismo, para os cristãos, não é a luta de classe e na formulação utópica da economia e da sociedade, apesar destes pontos, em si mesmos, já serem desafiadores. O maior problema, entretanto, é o “Materialismo dialético”, cuja hermenêutica da história é incapaz de enxergar qualquer possibilidade do Sagrado. Não é sem razão que com o advento do Livro Vermelho de Mao-Tsé-Tung, na China, o problema se tornou ideológico, mas não parou no campo das ideias e do pensamento. Era necessário perseguir, destruir e matar a ideia de Deus. Então, fazia todo sentido, expulsar missionários, executar pastores e padres, transformar os templos em escolas ou latrinas. Era necessário matar Deus! O mesmo movimento, talvez com uma intensidade ainda maior, se tornou evidente na perseguição e martírio sistemático de toda religião na Rússia Comunista.
Não apenas o menino Jesus da manjedoura teve problemas para encontrar hospedaria, Deus foi excluído do saber. Veja o mundo das artes. Não é muito difícil filmes e séries construindo uma cosmovisão de monstros e demônios, mas é difícil encontrar Deus. Ele foi excluído das discussões, embora Satanás e suas hostes sejam bem presentes. Fala-se do Mal, mas é necessário minimizar, excluir ou rejeitar Deus.
O pensamento existencialista, que tanto atrai a geração contemporânea, cujo conceito de vida tem sido adotado por toda esta geração se fundamenta na cosmovisão de que a existência precede a essência, mesmo porque a Essência é inexistente, tudo é fluído, passageiro, névoa, vazio. O que é sólido se desmancha no ar. Não há consistência, nem realidade, apenas percepções e sensações. Então, “comamos e bebamos que amanhã morreremos.” Tudo é nada! Nada é tudo! O suicídio se torna uma interessante alternativa filosófica.
Durante a Idade Média, o mundo invisível encontrava-se mais próximo dos homens, o drama da salvação, o perigo do inferno, os símbolos sagrados se transformaram em mecanismos que o homem construiu para exorcizar o medo. Na sociedade moderna, contudo, a religião transforma-se no passado retrógado, na tradição obsoleta. O discurso religioso é declarado sem sentido, e a ciência deificada se apresenta vitoriosa. Não há lugar para a religião, Deus fica confinado aos céus, se é que eles existem.
O problema mais sério, entretanto, é apontado por Chesterton: “Quando o povo deixa de acreditar em Deus, ele deixa de acreditar em tudo. Surge o desespero, o vazio, a falta de sentido, a ausência da imaginação e do simbólico. O exilio do Sagrado, expulsa o homem da seu Sentido maior. Perde-se a razão de ser e existir. A vida perde referência. O exilio de Deus transforma-se no exilio da nossa alma.
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