Poucas coisas são tão pesadas para o coração quanto a amargura. E ela pode adentrar de forma sutil e quase imperceptível: Uma frustração antiga, uma decepção pessoal, a ira não resolvida, enterrada viva, a traição de um amigo, um abuso ou violência. As razões podem ser graves ou simples, podemos ter consciência dela ou não. Mas seja qual for a situação, a amargura torna-se a trilha para muito sofrimento.
No livro “O Pequeno príncipe”, Saint Éxupery narra que no seu pequeno planeta, nascem e crescem os baobás, que precisam ser podados diariamente, porque são grandes árvores e podem facilmente ocupar todo espaço não dando lugar para que outras plantas floresçam. Creio que esta é uma boa ilustração do que pode acontecer com o coração, quando possuído pela amargura.
Enquanto a raiva se exterioriza, a amargura aprofunda suas raízes. A raiva causa danos externos, a amargura traz prejuízos internos. Ambos são mortíferos e devem ser afastados. Ser dominado pela ira traz sofrimento às pessoas amadas, e podem nos transformar em seres mau humorados e antissociais, como o “zangado”, personagem dos sete anões. Ser dominado pela amargura, leva-nos à melancolia, tristeza e depressão. Perdemos o prazer de viver, e eventualmente desejamos ferir e vingar o mal sofrido, que nem sempre temos real consciência da sua origem e natureza.
A amargura cria raízes que brotando nos perturbam. Como uma erva daninha no jardim que sendo arrancada ainda deixa o toco na terra e floresce nas primeiras chuvas. Suas raízes insistem em sobreviver, não são fáceis de serem removidas, e quando menos esperamos, a erva que julgávamos extinta estava apenas latente e renova-se, toma formas, cresce novamente.
A amargura também tem o poder de contaminar as pessoas ao redor. Já caminharam com alguém dominado pelo ressentimento e amargura. Ela se torna intragável. Dá azia em pacote de sonrisal; é tão ácida que ao tocar no leite o transforma imediatamente em coalhada.
Cuidado com a amargura! Cheque o coração se não precisa lidar com perdas e liberar perdão aos ofensores. Uma alma leve, tem poder de restauração. A Bíblia afirma que “o coração alegre faz o rosto ficar bonito”. O contrário também é verdade: “para o amargurado, todos os dias são maus”. Até mesmo os dias de céu claro parecem nublados. Precisamos de graça para nos livrarmos da amargura, para voltar a sorrir, para voltar a viver. É muito arriscado andar com a mochila carregada de amargura.
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