Esta é a época do
consumidor.
Afinal, o cliente não tem sempre razão?
Certa empresa americana
recebeu a reclamação de um cliente dizendo que havia comprado quatro pneus, mas
não estava satisfeito, e queria devolvê-los. O vendedor chamou o gerente, que
assinou a devolução. Ele foi ao caixa e recebeu sua grana de volta.
Este episódio seria
cotidiano, exceto por um detalhe: Aquela empresa não vendia pneus. Quando o
assunto chegou à diretoria, o gerente foi elogiado, pois um cliente satisfeito
normalmente compartilha isto com uma pessoa, mas quando está insatisfeito, fala
para outros onze.
Qual é o perigo da
mentalidade de consumo?
Facilmente transferimos
esta forma de lidar com mercadorias, projetando-a em pessoas, e assim
construímos relacionamentos baseados em conforto e bem estar, e não em
compromisso, responsabilidade e cuidado mútuo.
É fácil se tornar um
consumidor nos relacionamentos humanos. É comum vermos pessoas se aproximando
das outras tendo apenas amizades funcionais, assim, enquanto encontram vantagens
são amigas, mas quando torna-se necessário encorajar e apoiar, tal relação é
rompida e a pessoa é descartada.
Na esfera comercial,
fala-se hoje de obsolescência industrial. Um produto é feito para durar um
tempo curto, e não para durar, por isto eletrodomésticos precisam ser
constantemente trocados, sendo substituídos por outro. O mesmo se dá na área
emocional, já que a humanidade sofre de obsolescência afetiva, ou como Zigmunt
Bauman afirmou, somos uma sociedade de “amor líquido”. As relações não tem
consistência nem são duráveis, mas
passageiras e temporais. Nós não nos comprometemos com os outros, mas usamos os
outros.
A família sofre direta e
recorrentemente deste mal. Casais não se comprometem para cuidar, mas para
receber benefícios. Enquanto vale a pena e há proveito, o relacionamento é
mantido, mas qualquer sinal que leve ao sacrifício e doação, torna-se uma razão
para que o relacionamento seja interrompido.
Até mesmo na religião tem
surgido o consumismo religioso. As pessoas não se aproximam de suas comunidades
perguntando como podem servi-las, mas olhando qual beneficio poderão receber. O
propósito não é servir, cuidar, ajudar, cooperar, mas receber e levar vantagem,
e, se a “mercadoria” não parece boa, muda-se a prateleira e busca-se outro
“shopping espiritual” para satisfazer a insaciabilidade do consumo.
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É importante refletir no
fato de que a doação, o compromisso e o sacrifício, apontam para aspectos mais
profundos da alma. Relacionamentos significativos florescem em compromissos
sólidos, enquanto o consumismo sufoca relacionamentos autênticos. Quando a
mentalidade de consumo é desmascarada, a pessoa entende que é responsável, e para quem é responsável. Quem quiser
criar uma cultura de relacionamentos profundos e duradouros, precisa aprender a
se comprometer e doar.
A SUPERFICIALIDADE É UMA DURA REALIDADE QUE VEM ASSOLANDO OS RELACIONAMENTOS HUMANOS.
ResponderExcluirPARABÉNS PELO TEXTO!
jULIO SEVERINO