Uma característica desta geração é sua obsessão em consumir. Há uma certa voracidade doentia e neurótica, no sentido mais psicanalítico possível, que tem transformado a experiência de viver em algo complexo. Perdemos a simplicidade e a leveza. A compulsão ao consumo traz distúrbios e dores.
Celso foi aos EUA e comprou uma
bíblia eletrônica Franklin, cujo valor de mercado era U$ 199,00. Dias depois me
procurou falando do que havia feito: comprara no impulso, a bíblia não possuía texto
em português e ele não sabia falar inglês. Era uma compra inútil. Achara bonito
e comprara algo desnecessário para sua vida.
Nívea me procurou preocupada
porque suas finanças não iam bem, no entanto ela não conseguia parar de
comprar. Sempre que entrava na sua loja preferida, mesmo sabendo que não podia
gastar e que não precisava comprar, saia com a sacola cheia. Encorajei-a a
visitar tal loja, fazer um giro em todos os seus setores, e sair de lá sem comprar
nada. Disse que isto lhe daria uma sensação de vitória e superação. Naquela semana
ela fez o que recomendei. Encontrava-se eufórica quando me encontrou. Não havia
comprado nada! Seu marido que estava ao lado comentou de forma irônica: “Não comprou
nada, mas já está com uma lista de coisas para comprar quando voltar lá”.
A verdade é que “compramos coisas
que não precisamos, com dinheiro que não temos, para impressionar pessoas que não
gostamos”.
A psiquiatra Ana Beatriz Barbosa
Silva, escreveu um best-seller sobre mentes consumistas, que já vendeu 1.5 milhão
de exemplares. Ela afirma que não compramos porque queremos, mas porque somos
manipulados pelas estratégias de marketing.
Ela afirma: “Consumir é preciso
para viver. Mas viver para consumir pode ser uma das maneiras mais eficazes de
transformar a vida em morte existencial (...) Na maioria das vezes o prazer
está no ato de comprar, não de usar (...) Se sua vida está paralisada por causa
de dívidas, você é um viciado exatamente como um drogado”.
Ana Beatriz adverte para o fato
de que somos impelidos a consumir, afinal, aqueles que trabalham neste ramo
sabem tudo sobre neurociência e nos levam a pensar que se não adquirirmos
determinados produtos, nos sentiremos como se estivéssemos fora do contexto de
beleza, poder e prazer.
A grande verdade é que existe elegância
na simplicidade, afinal, “beleza é você se sentir confortável dentro de sua
pele”. O consumo compulsivo é uma grande armadilha e um grande jogo de ilusão. Cheque
os motivos e as necessidades. Viver de forma leve traz grande liberdade e
alegria.
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