quinta-feira, 31 de dezembro de 2015

O que podemos esperar em 2016?

Não sei quanto aos seus sentimentos, mas confesso que está duro assistir aos noticiários do Brasil. A banalização do mal se tornou tão explícita, que tudo parece natural: crimes bárbaros, violência nas cidades, corrupção institucionalizada, desemprego, falência, somos tomados por uma sensação do estilo J.R.R. Tolkien, cuja frase na sua coletânea de livros que inspirou a série “Senhor dos anéis”, é a seguinte: “Não há mais esperança!”. A economia do Brasil parece ter derretido, e com ela, a esperança e o bom humor. Faltam expectativas positivas, bom humor.

Certamente não teremos um ano de vacas gordas em 2016, mas o pior disto tem a ver com o baixo astral. A realidade é ruim, mas o desespero e a falta de sonhos é pior. Afinal, como dizem os japoneses, “O medo de perder não deixa a gente ganhar”. Crise historicamente tem sido oportunidade de grandes criações e novas alternativas. Quando perguntaram a Eugene Peterson qual a coisa mais interessante da vida ele respondeu: “Bagunça!”

Ricardo Semler, conhecido empresário paulistano afirmou recentemente numa entrevista na Folha de São Paulo, que a corrupção no Brasil hoje é menor que 30 anos atrás. Assustou? Eu também! Ele afirma que sua empresa nunca conseguiu um contrato com órgãos públicos porque ele sempre se recusou a dar propina àqueles que tinham a função de negociar com as empresas. Segundo ele, o que está acontecendo é que hoje temos mais “consciência e melhores informações”. A imprensa livre tem sido responsável pela desarticulação de muitos destes imbróglios financeiros na antiga e viciada relação meretrícia entre Estado e Empresa.

Se considerarmos a história mundial, veremos que crises anteciparam momentos de grandes ganhos. Os EUA tiveram uma vertiginosa ascensão na época mais sinistra dos tempos modernos, isto é, na Segunda Guerra Mundial, logo após a Grande Depressão que arruinou as empresas e a economia daquele país. Este tsunami gerado pelo binômio Grande Depressão -II Guerra Mundial transformou-se em grandes possibilidades.

Tenho medo de que, o mau humor e a falta de esperança possam limitar nossa visão a médio prazo. O incidente dos Andes, em 1972, quando um avião uruguaio com 45 ocupantes caiu nas montanhas geladas, levando os jogadores de Rúgbi, na sua maioria jovens de classe média, a sobreviverem por 69 dias praticando canibalismo, sob uma temperatura de -20 C nos mostra como eventualmente podemos estar tão próximos da esperança e ainda assim viver debaixo do terror. Eles estava a apenas 5 km de um dos mais famosos balneários do Chile. Tão próximos mas tão distantes...

Outro aspecto da crise é o fato de que crise tem a capacidade de nos aproximar de Deus. O bem estar, a sensação de tranquilidade e segurança, o conforto e o luxo podem nos transformar em seres auto suficientes e arrogantes. Tendemos a ignorar a realidade de Deus na história. Quando as coisas se complicam, surge a necessidade de clamar a Deus e buscar sua direção.

2016 não promete demais, mas não quero esperar de menos...

2016 prenuncia um ano de crise, mas quero olhar estes obstáculos como possibilidades...


Que a despeito de todo prognóstico, algo de Deus possa brotar em nosso coração. 

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

Natal sem Cristo?

Impensável? Não sei! Recentemente li sobre uma nova onda mística que afirma ser possível ter espiritualidade sem Deus. Não sei como porque espiritualidade não pressupõe estas coisas do “espírito”? Não está relacionada à divindade? Se estão conseguindo esta façanha não acredito ser difícil termos Natal sem Cristo.
Ah! E não devemos esquecer também que já temos a Páscoa sem o Cordeiro. O coelho mágico que bota ovos com tons, cores, formatos e gostos diferentes é o protagonista, o Cordeiro tem papel secundário. Já faz muito tempo que a Páscoa não fala mais do Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo.

Então, não será nenhuma surpresa se o Natal excluir a criança nascida em Belém. O que se celebra no Natal? Pergunte a qualquer criança. A maioria vai relacionar esta data com presentes e com o papai noel, um velhinho simpático de barbas brancas que desce na chaminé em dias de neve trazendo os desejados presentes. Ainda que não tenhamos neve nem chaminé em casa...

Perder a centralidade de Cristo no natal é tão fácil quanto nos perdermos na agitação, correria e stress de final de ano. José e Maria perderam seu filho no templo quando tinha 12 anos, nós o perdemos no dia do seu aniversário. Que celebração estranha! Todos recebem presentes menos o menino que nasceu em Belém. Não é bizarro?

Achar Jesus no meio dos embrulhos e das festas, é essencial. Só assim será possível restituir o significado do menino-Deus, que deixou sua glória e veio habitar entre nós e é desta forma que se resgata a dimensão do Eterno entrando no tempo, compreende-se a realidade de um Deus participando da história e habitando entre os homens.

Natal anuncia o fim da inacessibilidade de um Deus que se humanizou, e levou às últimas consequências o significado de Emanuel: Deus conosco! A manjedoura fala de um Deus que amou tanto os homens que decidiu caminhar entre eles, participar de suas alegrias e dores, tocá-los. Naquele bebê Deus chegaria ao extremo de seu amor. No ventre daquela jovem judia que chega à Belém, estava aquele que é Deus acima de todos, e tem todas as coisas debaixo de seu domínio, que veio para solucionar o pecado, o mal central da humanidade com suas variantes: Ganância, luxúria, orgulho, depravação, ódio, vaidade, inveja e corrupção moral.  


A eternidade invadiu o tempo, a divindade penetrou a humanidade, o céu adentrou a terra na forma de um bebê. Os seus primeiros choros foram ouvidos por uma moça simples e um carpinteiro sonolento. Não dá para pensar um Natal sem Cristo!

quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Sucesso

Em Agosto de 2008 ouvi o discurso de J.K.Rowling, conhecida autora inglesa que se transformou num fenômeno editorial com a série de livros sobre Harry Potter, falando para uma eufórica plateia de estudantes que se formavam na Harvard University. Ela afirmou o seguinte: “Para muitos de vocês, o que consideram fracasso, para milhões de pessoas ao redor do mundo é chamado de sucesso”.

Como já estamos chegando ao final do ano, precisamos perguntar: O que é sucesso?

Primeiramente, sucesso só vem antes do trabalho, no dicionário. Não existe vitória sem batalha, nem conquista sem luta. Certa vez li a entrevista de um famoso pianista, considerado um virtuose, que ao ser indagado se ele se considerava um gênio, reagiu veemente: “Detesto a palavra gênio. Vocês acham que alguém que treina diariamente, oito horas de piano por dia, pode ser considerado um gênio?”

Em segundo lugar, sucesso não pode ser medido em termos de conquistas, bens ou status, porque sucesso não é o que você tem ou conquista, mas o que você é. Hoje em dia, com a ditadura da estética, cria-se modelos e paradigmas de beleza, mas a melhor definição de beleza que ouvi foi a seguinte: “Beleza é você sentir-se confortável dentro de sua pele”. Sucesso é um estado de espírito, é você estar pleno enquanto ser. Pessoas de estilo de vida simples, tendo coisas simples na vida, podem se sentir extremamente bem sucedidas.

Em terceiro lugar, sucesso tem a ver não como você começa, mas como você termina. Existem pessoas que são velozes, mas se cansam rápido; iniciam bem e terminam mal. Gente assim é o que se denomina de “sucesso do fracasso”. Podem até ter ascensão rápida, se tornarem badaladas e comentadas, mas com o coração e as relações absolutamente adoecidas.

Por último, diria que sucesso tem a ver com Deus. Não adianta receber aplausos dos homens e não aplausos de Deus.

Do ponto de vista de marketing, Jesus terminou sua vida como um fracassado: De 12 amigos que teve, um lhe traiu, outro lhe negou e 10 fugiram na hora do aperto. A multidão que na semana anterior o aplaudia dizendo: “Hosana! Bendito o que vem em nome do Senhor”, agora grita: “crucifica-o! crucifica-o!”. Foi rejeitado pela sociedade, perseguido pelo sistema religioso, acusado de sedição pelo Estado, e morreu cruelmente numa cruz.

No entanto, o que a Bíblia ensina sobre Jesus? Ele estava “reconciliando o mundo consigo mesmo”; Ele estava pagando o preço nosso pecado: “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele e pelas suas pisaduras fomos sarados”, “Ele é o cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo” ele estava vencendo os poderes espirituais: “despojando principados e as potestades, publicamente os expôs ao desprezo, triunfando deles na cruz”. O resultado? Aprovação do Pai celestial: “Pelo que também Deus o exaltou sobremaneira e lhe deu o nome que está acima de todo nome, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho, nos céus, na terra e debaixo da terra, e toda língua confesse que Jesus Cristo é Senhor, para a glória de Deus Pai”.


Por isto Jesus afirmou: “Que aproveita ao homem, ganhar o mundo interior e perder sua alma?”. Augusto Cury sintetizou muito sabiamente: “O objetivo fundamental dos sonhos não é o sucesso, mas nos livrar do fantasma do conformismo”. 

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Vamos a Belém?

Existem lugares que ocupam o imaginário de nossa alma. São cartões postais, lugares de belezas estonteantes que nos fazem sonhar que um dia poderemos desfrutar e caminhar por suas trilhas. No meu “Bucket List” (relação de coisas que gostaria de fazer “Antes de Partir”), a maioria dos meus objetos de desejos estão relacionados a viagens. Quem não gostaria de ir a Bora Bora? Ou de caminhar pelas trilhas da São Tiago de Compostela na Espanha? (Muitos por motivos religiosos, no meu caso apenas por turismo); ou visitar o Grand Canyon (este eu já fiz e é realmente deslumbrante). Mas hoje gostaria de te convidar a uma viagem diferente. Quero te convidar a fazer uma caminhada para Belém.  Lugar onde Jesus nasceu. Bem, é certo que estou levando um grupo para esta viagem em Março de 2016 (Quer ir conosco?) e já estive lá algumas vezes, mas hoje estou falando simbolicamente.

Esta foi a caminhada de um grupo de pessoas exóticas e esotéricas que popularmente são conhecidas de “três reis magos”, que na verdade não sabemos se foram três, porque a Bíblia não fala; e certamente não eram reis. A única coisa certa que sabemos deles é que eram magos (O Novo Testamento foi escrito em grego, e o termo que aparece lá é magois), portanto eram pessoas ligadas a alquimia, desejosos de intervir na natureza, descobrir fórmulas da eterna juventude ou transformar pedra em ouro.

Eles saem de muito longe. Eles vem do Oriente, provavelmente da Mesopotâmia, atualmente Irã e Iraque, e andam cerca de 1800 km, numa estrada poeirenta, desértica, cheia de perigos de assaltantes e num clamor inclemente. O que os leva a fazer uma viagem tão longa e perigosa? “Vimos a estrela do recém-nascido rei dos judeus no oriente e viemos para adorá-lo”. O que os atrai a Belém é a singularidade do evento, o nascimento de alguém importante. Um rei estava nascendo.

O texto se torna ainda mais curioso. Os escribas e estudiosos das profecias do Antigo Testamento souberam responder imediatamente quanto ao local preciso do nascimento do Messias, afinal, o profeta Miquéias já preconizara que seria em Belém, uma pequena vila a 12 Km de Jerusalém. Apesar de terem conhecimento das profecias, isto não mobiliza seus corações, eles não se sentem atraídos a Belém. As informações estão no coração, mas não descem para a alma. Por isto encontramos aqui um quadro estranho: Os magos, esotéricos e místicos, encontram-se mais perto de Deus que os sacerdotes e pastores de então. Este negócio assusta...

No Natal, precisamos ir a Belém...

É ali que encontraremos um menino, frágil, dependendo dos cuidados de uma jovem inexperiente e das parteiras da região que  vieram para ajudar o parto, num ambiente sem assepsia, cercado de animais, dentro de um curral. Nesta figura tão singela, encontra-se Emanuel, o Deus que decidiu viver e caminhar no meio dos homens, morrer por eles e redimi-los de seus pecados.

O encontro com Jesus de Nazaré mobiliza o coração dos magos à generosidade, e eles abrem seus tesouros e entregam as preciosas ofertas: Ouro, incenso e mirra. Mas o encontro com este menino gera algo ainda mais surpreendente. Gera adoração. “Prostrando-se, o adoraram”.


Os efeitos deste encontro, com o menino Jesus no seu nascimento, nesta viagem a Belém, torna-se importante também por outro motivo: “Alegraram-se com grande e intenso júbilo”. Encontrar-se com o menino-Deus, traz sentido e alegria para as almas inquietas, que buscam sinceramente respostas mágicas e místicas. Estas experiências se dão, para quem, de coração aberto, decide caminhar até Belém e se encontrar com o Deus que se fez gente, assumir a humanidade e andar no meio dos homens. Ver, abraçar e tocar este menino faz toda diferença em nossa história...

quinta-feira, 10 de dezembro de 2015

Surpreendido por Deus

Como parte de minha espiritualidade, na época de natal tenho o hábito de ler os textos do Evangelho que descrevem o nascimento de Cristo.  Se possível, ouvindo músicas natalinas tradicionais, que inspiram muito a minha fé. Esta liturgia pessoal da alma, ou se preferirem uma linguagem mais comercial, esta agenda, traz um enorme benefício ao meu coração.

A primeira narrativa do Natal, o primeiro evento, é a manifestação do arcanjo Gabriel a Zacarias, pai de João Batista. “Ora, aconteceu que, exercendo ele diante de Deus o sacerdócio na ordem de seu turno, coube-lhe por sorte, segundo o costume sacerdotal, entrar no santuário do Senhor para queimar incenso” (Lc 1.18). Se você ler atentamente o texto, vai perceber que todas as palavras revelam uma espécie de rotina. “...segundo a ordem de seu turno”; “...coube-lhe por sorte”, “...costume”.

Zacarias estava fazendo algo cotidiano. Nada de especial havia ali. Esta era a sua função, e ele estava na escala, cumprindo o seu turno, como um executivo vai para sua empresa todos os dias, como um operário que pega o ônibus para sua fábrica, ou um estudante que acordou cedo para ir à escola. Eventos comuns, gestos rotineiros. Nada excepcional.

Neste contexto de “normalidade”, surge o extraordinário. Deus se evidencia e o mundo espiritual que sempre esteve presente de forma invisível, agora torna-se perceptível. Deus sempre esteve ali, mas agora ele toma conhecimento de sua realidade. Deus mergulha no universo rotineiro deste homem e altera substancialmente sua trajetória de vida. Ele jamais poderia imaginar que seria pai de João Batista, o precursor de Jesus – e que os homens do Século XXI como nós, numa cultura e país distante, estaríamos refletindo sobre sua experiência.

Quando eu leio esta história, me vem à mente a frase do historiador Arnold Toynbee: “Toda história, uma vez tirada a casca e exposta a sua essência, é na verdade, espiritual”. Então, fico com vontade de dizer a Deus: “surpreenda minha história!” Que dos movimentos rotineiros do trabalho, e atividades comuns, surja algo extraordinário, sopre um vento incomum que me surpreenda.

Talvez seja exatamente este o significado perdido do Natal.

Ele fala de utopias e sonhos, desejos e anseios. De um Deus, para muitos distante e inacessível, que decide morar com os homens e caminhar nas estradas poeirentas da Galileia, apontando para um sentido maior da vida. De alguém que pode visitar um casamento que já perdeu o sabor e fazer um vinho novo e melhor, que tem a capacidade de curar e tocar pessoas estigmatizadas, esquizofrenizadas, feridas e doentes e libertá-las do ciclo vicioso da auto destruição e desespero.


Natal nos aponta para um Deus que pode nos surpreender...

sexta-feira, 4 de dezembro de 2015

Espiritualidade e saúde


A ligação entre saúde mental e espiritualidade sempre foi objeto de investigação científica. No início de Novembro 2015, aconteceu o 33o. Congresso Brasileiro de Psiquiatria, no qual foi divulgado que “nas décadas  recentes, tem havido uma crescente conscientização pública e acadêmica sobre a relevância da espiritualidade e da religião para os problemas de saúde”.

Pesquisas demonstraram que a espiritualidade melhora a qualidade de vida, o ganho social do indivíduo e ajuda na prevenção do suicídio e na recuperação de drogas, e que a ausência deste lado espiritual, ou sua visão distorcida (fanatismo), pode trazer complicações e transtornos mentais.
Para Alexander Moreira-Almeida, “a religião é um sistema de crenças e práticas que busca a aproximação com o sagrado e com o transcendente. Uma religião seria a forma institucional e coletiva de espiritualidade.”

Apesar dos prognósticos de que a humanidade trocaria a religiosidade por uma vida materialista, a realidade é que ela mantém crenças e práticas religiosas e espirituais, no Brasil 90% dos brasileiros afirmam ter uma religião, 9% afirmam não ter um credo e apenas 0,5% da população se declaram ateu ou agnóstico e mais de um terço dos brasileiros frequenta um grupo religioso mais do que uma vez por semana.

Para a psiquiatria, a religiosidade é algo multidimensional e cada uma dessas dimensões tem relações diferentes com os desfechos na saúde, como depressão, mortalidade e qualidade de vida.

Num trabalho sobre a religiosidade de crianças em torno dos 10 anos de idade, filhas de pais com depressão em tratamento, verificou-se que aquelas que se consideravam religiosas tinham 10 vezes menos risco de desenvolver depressão se comparadas às demais do grupo. Idosos que frequentavam serviços religiosos tinham menos da metade dos níveis de depressão e de ansiedade do que os que não frequentavam. Dados surpreendentes apontaram para o fato de que, para os idosos, a religiosidade foi a principal fonte de suporte social, superior a família e amigos. O “coping” religioso positivo também ajudou a manter a tristeza a uma distância segura.

De modo geral, as questões religiosas enfatizam cuidar de si mesmo e valorizar o corpo como uma dádiva divina. A religiosidade parece influenciar também aspectos mais primitivos, digamos, da psique humana. Indivíduos sem envolvimento religioso demonstraram o dobro da frequência de uso de tabaco, de álcool e de outras drogas, e em indivíduos espiritualizados, a probabilidade de atentar contra a própria vida cai pela metade.


Em 1956, Guimarães Rosa lançou sua obra-prima, “Grande Sertão: Veredas” e num dos seus lúcidos diálogos afirmou: “Todo-o-mundo é louco. O senhor, eu, nós, as pessoas todas. Por isso é que se carece principalmente de religião: para se desendoidecer, desdoidar. Reza é que sara loucura.”