quarta-feira, 3 de julho de 2013

O Plebiscito que desejo



A presidente Dilma Rousseff enviou ao Senado uma proposta de plebiscito sobre a reforma política abordando cinco temas: financiamento público ou privado de campanha, sistema eleitoral (voto proporcional ou distrital), continuidade ou não da suplência para senador, fim ou não do voto secreto em deliberações do Congresso e continuidade ou não de coligações partidárias proporcionais. A mensagem foi entregue ao Senado pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, e pelo vice-presidente da República, Michel Temer.

Depois de ouvir as propostas a sensação que tive é de se tratar de uma “cortina de fumaça”, do tipo de interlocutor que, sentindo-se acuado, tenta mudar o tema da conversa, procurando falar de amenidades que tirem o holofote do pesado embate que uma confrontação normalmente pressupõe. Tive que fazer um esforço para entender os temas sugeridos, e ainda não estou certo de ter compreendido seu conteúdo e implicações, assim como a urgência e a necessidade real de tais discussões, quando temos assuntos muito mais urgentes e provocativos para debater. Então, sugiro que três temas mais objetivos que estes sejam tratados:

1.     A obrigatoriedade do voto – Países democratas geralmente não obrigam seus cidadãos a votarem. Uma pessoa não pode ser considerada menos cidadão por não querer expressar o seu voto. Cabe à consciência política de cada um decidir se vota ou não e em quem votar. “Voto obrigatório” é um ranço da ditadura e quem se beneficia desta obrigação, são políticos que usam pessoas como massa de manobras de governos manipulativos. A obrigação do voto, num sistema democrático, torna-se em seus termos, uma contradição.

2.     O casamento homossexual – Esta é uma questão apaixonante que mexe profundamente com as estruturas sociais e com as emoções, e deveria ser aprovada (ou não), pelo povo. Quem tomou a decisão e está obrigando os cartórios a realizarem uniões civis foi o Conselho Nacional de Justiça (órgão este que não tem a responsabilidade de fazer leis e sim acatá-la). A responsabilidade de criar leis é do legislativo, que poderia remeter esta questão a um plebiscito popular, como fez o Estado da Califórnia. Este é um bom tema para um plebiscito.

3.     A idade penal – Outro tema altamente controvertido e que envolve acaloradas e profundas discussões. Uma pessoa deve ou não ser julgada e condenada por um crime cometido antes de 18 anos de idade? Outros países já discutiram o assunto, sabemos que o sistema judiciário enfrenta dificuldades no país, mas este é um tema mais que oportuno.

As reformas políticas propostas envolvem complexidades legais que devem ser tratadas pelo Congresso, afinal, bem ou mal, estes homens que ocupam estes cargos foram eleitos pelo povo para representá-lo diante das questões legais que sempre surgirão. Se não estamos felizes com nossos representantes, o nosso voto, não obrigatório, deve demonstrar isto nas urnas.


Fazer projetos de lei para acobertar problemas mais profundos e temas mais urgentes que a nação enfrenta, não é uma opção madura, assim como não traz maturidade no nível pessoal, fugir de temas que devem ser tratados.

Nenhum comentário:

Postar um comentário