Especialistas, sociólogos, educadores e comunidade em
geral ainda tentam entender e reunir todas as peças relacionadas aos recentes
eventos que envolveram manifestações em todas as cidades do Brasil. As
características gerais das passeatas são de insatisfação com os abusos dos
poderes públicos, o uso indevido dos recursos financeiros, corrupção, e falta
da aplicação da justiça.
Os eventos inicialmente se deram por uma questão
absolutamente pacífica: O aumento da passagem de ônibus, que na maioria das
capitais era menor que o índice oficial da inflação. Isto deixou claro que esta
não era a grande questão, mas apenas a ponta do iceberg. Surgiu então a
pergunta: O que existe por detrás destas manifestações?
O que temos visto é um sentimento difuso de
insatisfação não exprimida e represada por anos, uma angústia silenciosa.
Existe reação tanto de indignação quanto de esperança. O povo brasileiro cansou
de ter paciência e esperar que políticos e administradores do Brasil
demonstrassem um pouquinho de sensatez, honestidade e bom senso. Na verdade,
houve uma demora muito grande neste levante. Tal manifestação vem com atraso,
se o povo brasileiro tivesse demonstrado um pouco mais de indignação com os
desmandos, provavelmente teríamos menos descalabros públicos, malversação dos
recursos, obras inacabadas de políticos e empresários corruptos mancomunados
contra a nação, gente que se acostumou a não produzir com eficiência e
produtividade, mas em fazer obras mal planejadas para serem beneficiados com
conchavos, zombeteiramente ridicularizando a nação.
A manifestação tem tentado não se aliar a partidos, a
ter um pacto de não violência, não há bandeiras nem lideranças estabelecidas
concretamente por detrás. Talvez seja mais um fenômeno da chamada “auto
comunicação” via internet que não passa pelas instituições. Há um perigo de
raposas políticas estarem apostando no cansaço, mas definitivamente algo de
especial e surpreendente aconteceu na nação, e isto pode ser sinal de que o
Brasil vai passar a exigir melhor investimento em transportes públicos,
educação e saúde. O governo do Rio de Janeiro resolveu não aumentar o preço da
passagem, alegando que os 200 milhões de recursos alocados para obras sociais
deveriam ser remanejados, trazendo perda para o povo, mas naquela mesma semana
assinou candidamente um cheque de 1.2 bilhão para pagamento das obras do Novo
Macaranã.
Um relato similar aos recentes movimentos no Brasil se
deu na Bíblia. Salomão taxou severamente seus súditos para atender vaidades
pessoais e caprichos da corte, e quando Roboão seu filho, subiu ao trono, o
povo pediu que ele amenizasse os impostos que estavam insustentáveis, e diante
da sua intolerância em não considerar o pedido, houve a histórica ruptura entre
o governo do Sul e do Norte. A Bíblia afirma que “a justiça exalta as nações, mas o pecado é o opróbrio dos povos" (Pv 14.34).
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