Uma
das forças propulsoras da pesquisa, ciência e tecnologia é a dúvida. Quase
todas hipóteses e teorias são levantadas quando se questiona o já estabelecido.
Nenhuma filosofia existiria se não houvesse crise sobre os consensos e dogmas. As
questões que brotam na alma humana impulsionam a reflexão e novas descobertas. Esta
dúvida metodológica é salutar.
Estudiosos,
porém, vem desconfiando dos excessos de dúvidas. Muitos não possuem dúvidas, mas são possuídos por
elas; muitos não apenas duvidam, mas são dominados por um senso
de incerteza sobre tudo, gerando o nihilismo.
(Nihil vem do grego, e significa vazio, vácuo). Quando nos tornamos
metamorfoses ambulantes, perdemos todo senso de concretude, valor e
significado. O resultado é a angústia primal e desespero.
Gary
Smalley afirma que quando estava seriamente questionando a existência de Deus
durante seus anos de faculdade, alguém o desafiou a abrir sua mente para a
possibilidade de um Deus pessoal, fazendo três perguntas: (a)- Que porcentagem
de conhecimento você julga que temos, no mundo de tudo aquilo que existe para
ser conhecido? (b)- Quanto deste conhecimento você acha pessoalmente que tem?
(c) Você acha que é possível que um Deus pessoal se revele algum dia a você através
do restante do conhecimento que você ainda não pode adquirir?
Quando
fazemos tais perguntas a pessoas honestas e sinceras, uma parte admite ter
apenas uma pequena porcentagem de conhecimento, e a maioria admite que é
possível algum dia conseguir ver e experimentar um Deus pessoal.
Quando
sentimos dúvida espiritual, na verdade estamos admitindo nossa dor e vazio, e
que algo não está bem em nosso coração. Deus sabe muito bem como lidamos com
frustrações e dores. Muitos dos seus profetas como Jeremias, Habacuque, Jó e
Jonas, e salmistas como Asafe, também enfrentaram tais dilemas. John Bunyan que
escreveu O Peregrino, um clássico da espiritualidade
cristã, fala entre outros do castelo da dúvida, do gigante do desespero, do
pântano da desconfiança e da feira da vaidade. O problema é que não buscamos a Deus para responder as incertezas e ficamos
sozinhos com as dúvidas.
C. S. Lewis, professor de
Oxford, escreveu uma carta a seu amigo Arthur Greeves, na véspera de Natal,
confessando seu doloroso conflito com as dúvidas: “Creio que meu problema é falta de fé. Não tenho base racional para voltar aos debates que
me convenceram da existência de Deus. Mas a sobrecarga irracional dos antigos
hábitos de ceticismo, mais o espírito desta era, mais os cuidados de cada dia,
roubam de mim toda sensação agradável da verdade. E muitas vezes, quando oro,
penso se não estou enviando uma carta para um endereço inexistente. Veja bem,
não penso assim — minha mente
racional está completamente convencida. Porém, muitas vezes, eu me sinto assim”.
Apesar de nossa era da
incerteza, anseios espirituais não irão simplesmente desaparecer. Na verdade, a
situação é semelhante em todos lugares, cada um a seu modo tentando enterrar
Deus e descobrindo que ele sobreviveu aos seus coveiros. MacAlister afirma que
a dúvida é um convite para o crescimento e para o relacionamento com Deus.
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