domingo, 4 de novembro de 2012

A hora e a vez dos “gringos“


 

Fiquei surpreso recentemente ao jantar num ótimo restaurante da cidade cujo proprietário é meu amigo quando ele me afirmou que dos 30 funcionários que ele contratou nas suas empresas, 50% é estrangeiro. Por ter vivido fora do Brasil como imigrante por quase 10 anos, esta nova onda migratória feita agora, inversamente me chama a atenção. Nas décadas de 80 e 90, cerca de 3 milhões de brasileiros deixaram o país em busca de melhores condições de emprego, sendo que só nos EUA eram cerca de 1 milhão, com quase 80% na ilegalidade. Pelo fato deste fenômeno estar mais próximo de nós do que imaginávamos, resolvi estudar um pouco desta matéria.

A verdade é que, com a falta de perspectivas de trabalho no Velho Continente, muitos profissionais qualificados estão tentando se estabelecer no Brasil. A economia inglesa, uma das maiores do mundo, tem apresentado os piores índices econômicos dos últimos 100 anos. Números da Eurostat dão uma dimensão real do problema. A taxa de desemprego da Europa é de 11.1%. Situações de paises como a Espanha assustam: 24.6% de desemprego, e entre os jovens, chega a 52.1%. Na Grécia, a taxa já se encontra em torno de 21.9%.

Existem várias causas históricas: As conquistas sociais foram imensas nos tempos de abundância. Na França, cuja expectativa de vida é de 82 anos, homens e mulheres se aposentam aos 60 anos. Com o envelhecimento da população, e baixa taxa de natalidade (1.2%), quem vai continuar financiando as aposentadorias?

A Europa também enfrenta problemas com riquezas naturais, na sua maioria já exploradas, e com pequenas e caras áreas de plantio e mão de obra. A agricultura na Franca só sobrevive por causa dos subsídios que o governo dá aos pequenos proprietários. Numa época em que as commodities de sementes se tornaram tão valorizadas, pequenos países sofriem com a competição internacional. Outro fator a ser considerado é que a Europa viveu durante séculos recebendo recursos das colônias. Para se ter uma idéia, os ingleses eram donos, literalmente, de metade do mundo há 150 anos atrás.

O que podemos esperar com a vinda dos gringos para a “Terra Brasilis?“. A maioria tem ótima qualificação profissional. Dos imigrantes europeus que receberam vistos permanentes no Brasil, 26.6% são investidores, 36% administradores e diretores, e os outros 37% em diversas áreas. Isto traz um ganho imenso em tecnologia, treinamento e mentoria. O risco, é que estejam buscando lucros a curto  prazo para logo retornar para seus países com os dividendos. Outro ganho é o da diversidade cultural. Ver e dialogar com diferentes cosmovisões ajuda o amadurecimento democrático. Tanto os estrangeiros quanto nós, temos a oportunidade de um mútuo aprendizado.

Do ponto de vista da fé, somos encorajados a não maltratar os estrangeiros. Esta é uma exortação muito presente nas Escrituras Sagradas, formando o que chamamos de “teologia do imigrante“. Somos convidados a acolher, proteger seus direitos e ajudá-los na inserção cultural. Jesus, que nasceu numa cultura auto absorvida e etnocêntrica, estava sempre escandalizando seus compatriotas judeus, ao conversar com mulheres de outros países como a Samaritana e a Siro-fenicia, bem como por exaltar a fé do centurião romano, afirmando que era maior do que a dos judeus, e contando parábolas que exaltava a boa conduta dos samaritanos. Este permanente acolhimento pode ajudar muito aqueles que chegam, nesta desafiadora transição migratória.

 

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