“A pessoa da época vitoriana procurava ter amor sem cair no sexo; o humano moderno
procura ter sexo sem cair no amor.”
Num acampamento para jovens “crentes” fui responsável por dar uma palestra e fazer um painel de discussão sobre sexo para rapazes e minha esposa falaria para as moças. Antes de iniciar especificamente o tema, um dos rapazes, aparentemente porta voz do grupo me disse: “Eu não acho que fazer sexo antes do casamento seja proibido na bíblia, desde que seja algo responsável”. Afirmei ao rapaz que seria capaz de citar-lhe dez textos na bíblia que nos advertem contra o sexo pré-conjugal, mas o desafiei a me mostrar um texto que justificasse seu ponto de vista, e se o texto fosse claro, eu poderia “rest my case!”. Obviamente ele não tinha qualquer fundamentação bíblico-teológica para comprovar seu argumento.
A Bíblia nos adverte várias vezes contra a fornicação (sexo pré-conjugal). Prefiro o termo fornicação à prostituição, que algumas vezes aparece na tradução da bíblia, porque prostituição sugere o pagamento pelo ato sexual. Neste caso, a pessoa tenta comprar o prazer que o corpo do outro lhe pode dar, sem nenhum vínculo afetivo. A expressão mais usada no Novo Testamento na NVI é “imoralidade sexual” (pornéia, no grego), ou relações sexuais ilícitas (ou irregulares), dentre estas adultério, fornicação, prostituição, infidelidade, imoralidade e impureza. A fornicação envolve um homem e uma mulher que não são casados. O envolvimento sexual entre pessoas que não são casadas também é chamado de sexo pré-conjugal e prostituição. Algumas versões da Bíblia traduziram fornicação por prostituição e imoralidade sexual; e fornicadores por impuros.
A fornicação envolve um homem e uma mulher que não são casados. Algumas versões da Bíblia traduziram fornicação por prostituição e imoralidade sexual e fornicadores por impuros, como nos versículos abaixo: “Pois esta é a vontade de Deus, a vossa santificação, que vos abstenhais da fornicação” (1 Ts 4.3 - TB).
O Instituto Alan Guttmacher, dos EUA, afirmou: “Oito de cada 10 homens, e sete de cada 10 mulheres comunicam já terem tido relações sexuais na adolescência.” (1981). Em nenhuma outra área tem sido a moralidade cristã atacada como na área de sexo fora do casamento. A Revista Time traz uma informação desconcertante, de que mais de 40% dos adolescentes tiveram relações sexuais antes de falar com seus pais sobre sexo seguro, controle de natalidade ou doenças sexualmente transmissíveis. Isto aponta para um enorme potencial de risco no campo religioso, emocional e da saúde. O Teólogo Paul Tillich declara: “Sem o imperativo moral, cultura e religião se desintegram ”. Já o sociólogo Pitirim Sorokim advertiu que o “grupo que tolera a anarquia sexual está pondo em perigo a sua própria sobrevivência”. “Os amantes modernos aprenderam a fornicar, mas não a amar. Os anticoncepcionais, preservativos e antibióticos colocaram o sexo na área ‘segura’, reduzindo os temores da gravidez e das doenças venéreas, mas ninguém inventou um diagrama para a alma e para a consciência” .
Eis alguns textos bíblicos:
1. Gn 2.24 – Nada mais razoável que começar com o texto que nos fala da origem e propósito de todas as coisas. Sexo foi criado por Deus e ordenado para que fosse feito após o casamento (Gn 2.24), Este também deve ser um princípio a nos nortear, isto é, ao contrário do que muitos pensam, a Bíblia fala da sexualidade humana como boa, embora não autorize o homem a ter sexo fora do casamento. Sexo fora do casamento é sexo sem compromisso e tende a reduzir o outro a objeto. Este texto nos mostra que Deus é o criador da sexualidade humana. Ao criar o homem e a mulher, Deus afirma sua sexualidade: “macho e fêmea os criou” (Gn 1.31). Não o fez com uma sexualidade indefinida. Deus criou o sexo para o prazer e intimidade do casal para que ambos encontrem plena satisfação um no outro. Sexo é saudável quando você pode conciliar satisfação sexual, integridade, compromisso, criando assim uma intimidade duradoura. Foi Deus quem criou o sexo, para proporcionar satisfação e realização pessoal. As Escrituras condenam a prática do sexo fora do casamento, pois tal atitude não faz parte do plano original de Deus.
2. Gn 34 – Este texto nos relata o envolvimento sexual de Diná, uma das filhas de Jacó e Lia, com Siquém, filho de Hamor, príncipe de uma terra vizinha, que teve um envolvimento sexual antes de se casarem. A atitude de Siquém, foi considerada um ultraje tão grande que Simeão e Levi resolveram matá-lo. Este texto nos mostra que o sexo antes do casamento foi visto como ultraje, já que o caminho a ser trilhado envolvia o consentimento da família, a aprovação pública e social do fato. A atitude de Levi e Simeão não foi, naturalmente, aprovada nem por Deus nem por Jacó, que na hora de abençoá-los reprovou-os pela impulsiva e violenta (Gn 49.5-7).
3. Dt 22.28-29 - “Se um homem se encontrar com uma moça sem compromisso de casamento e a violentar, e eles forem descobertos, ele pagará ao pai da moça cinqüenta peças de prata. Terá que casar-se com a moça, pois a violentou. Jamais poderá divorciar-se dela. Nenhum homem poderá tomar por mulher a mulher do seu pai, pois isso desonraria a cama de seu pai” .
Neste texto, a lei trata da questão da virgindade. Embora em algumas culturas a virgindade não fosse considerada valor moral, para o povo de Deus, sim. A determinação clara era dada ao povo. O rapaz que casasse com uma moça que não era virgem, poderia divorciar-se dela. Este texto torna claro alguns princípios:
a. A perda da virgindade era considerado algo grave;
b. Por causa do impulso sexual, era natural que eventualmente isto aconteceria, mas era uma prática vergonhosa para a moça. O texto usa o verbo “humilhar” para demonstrar sua situação.
c. Para resolver a humilhação, o jovem pagava o dote para a família da moça e se casava com ela. A solução para o envolvimento pré-conjugal, era o casamento. Quem resolvesse ter sexo antes de se casar, deveria assumir as responsabilidades e implicações de seu ato. Este ato era indissolúvel. Não poderia mandá-la embora durante a sua vida. Não havia apedrejamento como no caso do adultério, mas havia responsabilidades civis a serem assumidas.
4. Pv 6.27-28 – Este texto pode ser criticado e perde força no argumento sobre a fornicação, porque o contexto dele é todo voltado para o adultério. “Porventura tomará alguém fogo no seu seio, sem que suas vestes se queimem? Ou andará alguém sobre brasas, sem que se queimem os seus pés?”. Antes, porém, de o rejeitarmos é bom lembrar que o seu principio se aplica a situações ligadas à sexualidade.
A ideia é simples:
Muitas vezes vivemos nos limites dos impulsos, achando que teremos condições de resistir aos mesmos. Alguns jovens fazem perguntas que demonstram uma tendência perigosa: “Até onde podemos ir?” Esta pergunta nunca deveria ser feita. Jovens cristãos não deveriam pensar em ir até o limite. O texto de Provérbios nos adverte: “Pode alguém colocar fogo no peito sem queimar a roupa? Pode alguém andar sobre brasas sem queimar os pés?” (NVI). O ponto é o seguinte: Como pode alguém permitir intimidades sexuais, sem que todo seu corpo impelido e impulsionado nesta direção, possa resistir? Intimidades sexuais no namoro, geralmente desembocam em sérias consequências. Nenhum jovem vai se satisfazer se o namoro é muito “caliente”, em beijar, tocar nos seios ou em partes íntimas. O resultado é o abrasamento. O texto bíblico nos adverte que se isto acontecer, as vestes vão se incendiar e os pés se queimarão. Tenho certeza de que todos entendemos claramente esta linguagem.
5. Mt 1.18 – Este texto descreve o procedimento comum entre o povo de Deus nos dias de Jesus. O rapaz desposava a moça num ato reconhecidamente público e familiar, muito parecido com o nosso noivado. A partir desta data eles estavam compromissados pelo casamento (desposados), embora não pudessem ter envolvimento sexual até que chegasse o dia da celebração, quando era realizada a cerimônia festiva com muita dança, comida e vinho (Jo 2.1-8). Provavelmente esta era a referência do Antigo Testamento ao cântico da noiva e do noivo (Jr 7.34; 16.9; 25.10 e 33.11). Desta forma se selava o compromisso do casamento, e eram reconhecidos na comunidade. Não havia uma formalidade civil como hoje, com registro de atas e escrivães, mas havia sim, a benção e aprovação dos pais para o distinto encontro.
Em hipótese alguma era permitido a pessoas tementes a Deus que tivessem vida sexual antes do casamento. Mesmo em famílias não tão comprometidas com Deus este era um valor claro, e a violação destes princípios significava vergonha para a família.
6. 1 Co 6.18 – Este é um dos textos mais conhecidos da bíblia sobre pureza sexual. Veja esta tradução: “Alguém vai dizer: "Eu posso fazer tudo o que quero." Pode, sim, mas nem tudo é bom para você. Eu poderia dizer: "Posso fazer qualquer coisa." Mas não vou deixar que nada me escravize. Outro vai dizer: "O alimento existe para o estômago, e o estômago existe para o alimento." Sim, mas Deus acabará com os dois. O nosso corpo não existe para praticar a imoralidade, mas para servir o Senhor; e o Senhor cuida do nosso corpo. Fujam da imoralidade sexual! Qualquer outro pecado que alguém comete não afeta o corpo, mas a pessoa que comete imoralidade sexual peca contra o seu próprio corpo. Será que vocês não sabem que o corpo de vocês é o templo do Espírito Santo, que vive em vocês e lhes foi dado por Deus? Vocês não pertencem a vocês mesmos, mas a Deus, pois ele os comprou e pagou o preço. Portanto, usem o seu corpo para a glória dele.” (1 Co 6.12,13, 18-20 BLH – Bíblia Na Linguagem de Hoje).
Sexo representa a mais íntima de todas as relações interpessoais, por isto a Bíblia afirma que quem se envolve sexualmente com alguém, torna-se uma só carne. Sexo não tem o propósito de ser puramente recreacional ou comercial. Fora do plano de Deus, na união de um homem com sua mulher, que “deixa pai e mãe e se une à sua esposa”, o sexo se torna pecaminoso e é chamado na bíblia de imoralidade.
Francis Shaeffer faz uma observação muito interessante sobre este assunto quando afirma que “A nova moralidade nada mais é que a antiga imoralidade”. Imoralidade sexual afeta o indivíduo mais profunda e permanentemente do que qualquer outro pecado por causa de sua intimidade: “Qualquer outro pecado que uma pessoa cometer é fora do corpo; mas aquele que pratica imoralidade peca contra o próprio corpo” (1 Co 6.18). Isto não significa que pecados sexuais sejam imperdoáveis (1 Jo 1.9), mas demonstra que não podemos pensar neste pecado sem conseqüências emocionais e espirituais. A Bíblia está repleta de relatos de pessoas que pecaram e foram restauradas diante de Deus. Quando Davi se arrependeu de seu pecado, Deus o perdoou (Sl 32.3-4), mas isto não o isentou das graves conseqüências que ele trouxe para sua vida e sua casa.
7. 1 Ts 4.3-8 – “Porque esta é a vontade de Deus, a vossa santificação; que vos abstenhais da prostituição; Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra; Não na paixão da concupiscência, como os gentios, que não conhecem a Deus. Ninguém oprima ou engane a seu irmão em negócio algum, porque o Senhor é vingador de todas estas coisas, como também antes vo-lo dissemos e testificamos. Porque não nos chamou Deus para a imundícia, mas para a santificação. Portanto, quem despreza isto não despreza ao homem, mas sim a Deus, que nos deu também o seu Espírito Santo”.
Neste texto a Palavra de Deus afirma que devemos viver em santificação e não em desonra e imoralidade. Manter relações sexuais antes do casamento é considerado prostituição e pecado diante de Deus e dos homens. O livro de Cantares relata que o sexo feito após o casamento é agradável aos olhos do Senhor. Se os jovens tivessem a consciência de que o sexo foi guardado e separado por Deus exclusivamente para o casamento, seria possível evitar e diminuir o número de crianças inocentes que têm sido mortas antes de nascer ou abandonadas após virem ao mundo. Mais uma vez gostaria de citar uma tradução mais livre deste texto: “O que Deus quer de vocês é isto: que sejam completamente dedicados a ele e que fiquem livres da imoralidade”. (1 Ts 4.3 BLH – no original, a palavra “imoralidade” se refere à fornicação, isto é, o sexo antes do casamento).
8. Mt 19.4-5: Aqui Jesus usa o argumento da criação, o projeto original de Deus para a raça humana, antes da queda:
"Não ouvistes que, no princípio, o Criador os fez varão e mulher? Disse: por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à mulher, e serão dois numa só carne." (Mt 19, 4-5) Com efeito em Gen. 2.24 vê-se: "O homem deixará seu pai e sua mãe, e unir-se-á à sua mulher, e serão dois numa só carne." e, ainda, "não separe o homem o que Deus uniu" (Mt 19,6). A cerimônia nupcial com permissão dos pais, e a aprovação de Deus, é o ato que realmente une o casal. A geração atual tem a tendência de desconsiderar os rituais, achando que eles nada significam. Naturalmente, o símbolo não pode ser maior que o simbolizado, mas ao mesmo tempo, não pode ser negado, caso contrário, muitos outros atos também deveriam ser desconsiderados na vida.
Foi o próprio Deus quem instituiu o matrimônio, e ignorá-lo significa rebelião contra o propósito divino. Este é um dos mais claros textos para que entendamos o que é o casamento na perspectiva cristã. Ao invés de ficarmos psicologizando, precisamos ouvir a Palavra de Deus. Um dos maiores problemas de hoje é a recusa e questionamento à Palavra. Ao invés de a abrirmos para receber a instrução de Deus ficamos questionando seu conteúdo. Devemos sempre lembrar que não somos orientados por sentimentos, mas pela Palavra. O Rev. Wilson de Souza costumava dizer: “Se Deus não disse o que teria dito, por que ele não disse o que teria de dizer?”
Deus designou o casamento como um elemento fundacional da sociedade humana. Antes que fossem estabelecidas as igrejas, escolas, instituições de negócios, Ele formalmente instituiu o casamento. Se fosse um projeto meramente humano, poderíamos descartá-lo, mas porque Deus o instituiu, só ele poderá revogá-lo. Ele afirmou que o casamento não deveria ser dissolvido, até que a morte separasse. Casamento não pode ser regulado primariamente pelo governo, ou de acordo com as conveniências humanas, porque como instituição é sujeito a regras e regulamentos estabelecidos por Deus. Nem indivíduos, nem poderes públicos têm o direito e a competência de decidir quem pode se casar ou divorciar, isto é prerrogativa daquele que instituiu o matrimônio. O Estado tem a função de manter os recordes e as certidões em ordem, mas não determinar as regras para casamento porque isto é ato exclusivo de Deus. Ele revelou seu plano nas Escrituras sobre este assunto.
O ataque ao casamento não é coisa banal, mas vai direto ao projeto e propósito inicial de Deus para a raça humana. Deus chama o casamento de Pacto (Pv 2.17). No Éden, Deus instituiu e oficiou este pacto entre Adão e Eva. Um pacto nas Escrituras é solene compromisso entre o regulador e o sujeito. Um pacto assim formalizado traz benção quando mantido e maldição quando quebrado. Nós não podemos fazer regras para justificar atitudes. Existem leis e princípios ordenados claramente por Deus e os tais devem ser cumpridos.
Casamento é projeto de Deus – Contrário ao pensamento contemporâneo, casamento não é expediente humano. Não foi idealizado pelos homens no curso da história, pelo contrário, o texto nos diz que Deus o estabeleceu, instituiu e o ordenou. Faz parte do projeto inicial de Deus, de sua criação. Infelizmente temos tido a tendência de comprar e aceitar tudo quanto o mundo nos vende. Temos sido tolerantes às interpretações e aos conceitos que o mundo tem trazido até nós, aceitando-os como verdade, sem capacidade critica e sem poder de vermos todas as implicações destes valores.
Dois pontos devem ser aqui considerados:
a. Antes de ser uma instituição humana, é iniciativa de Deus - Deus é seu arquiteto.
b. Não é projeto resultante da queda da raça humana. Não foi dado por Deus depois que o pecado entrou na humanidade.
Por esta Palavra dada pelo nosso Senhor Jesus é tão importante: “Desde o princípio Deus fez homem e mulher, portanto... O que Deus ajuntou não o separe o homem”.
Naturalmente corremos sempre o perigo de esvaziar o casamento e transformá-lo num evento meramente humano. Um contrato egoísta no qual ambos buscam vantagens. Por isto podemos pecaminosamente banalizá-lo e desvalorizá-lo. Quem quebra um pacto divino está quebrando regras essenciais da vida cristã. Não sem razão o divórcio traz feridas e dores profundas e prolongadas.
9. 1 Co 7.1-2 – “Ora, quanto às coisas que me escrevestes, bom seria que o homem não tocasse em mulher; Mas, por causa da prostituição, cada um tenha a sua própria mulher, e cada uma tenha o seu próprio marido. Outra tradução afirma: “Mas eu digo: Já que existe tanta imoralidade sexual, cada homem deve ter a sua própria esposa, e cada mulher, o seu próprio marido”. (1 Co 7.2 BLH). O casamento é a proposta de Deus para que não caiamos em imoralidade sexual.
Infelizmente a sociedade tem criado cada vez mais embaraços para que o casamento se realize. Recentemente conversava com um casal que não é brasileiro e faz parte de nossa comunidade, e aquela mulher muito sensata me disse: “Fico com dó dos jovens brasileiros, porque as exigências na preparação da cerimônia e festa do casamento, e para que todas as coisas estejam absolutamente preparadas, são muito altas e muitos deles não tem condições para atender tais expectativas”.
O casamento tem se tornado muito caro. Já fiz casamento que custaram mais de R$ 300 mil reais. Uma festa simples fica em torno de R$ 30 mil, com ornamentação, orquestra, fotógrafo, roupas, mestre de cerimônia, etc. Além disto, temos o aluguel do apartamento (ou compra), móveis, eletrodomésticos, muitos vem de famílias bem estruturadas, com todo o conforto e querem todas as coisas já prontas, quando sabemos que é muito difícil ter tudo pronto.
Os vitorianos procuravam o amor sem o envolvimento com o sexo. Os homens contemporâneos procura sexo sem amor. Rollo May chama a idéia de “O novo puritanismo”(…) “Os antigos puritanos recalcavam o sexo e eram apaixonados. O novo puritano recalca a paixão e entrega-se ao sexo” .
10. 1 Co 7.9 - “Caso, porém, não se dominem, que se casem; porque é melhor casar do que viver abrasado”. O texto não diz: “caso vocês não se dominem, tenham sexo, responsável... O texto nos ensina que se as coisas estão no limite, avançando o sinal, não demorem – que se casem! A fim de aliviarmos a tensão sexual, a recomendação de Deus é que nos casemos.
Este texto não dá margem para que aliviemos desejos sexuais fora do matrimônio.
Isto não indica, porém, que a motivação para o casamento seja apenas o impulso sexo. Muitos caem neste perigo!
Deus entendia claramente a força de nosso instinto sexual. Não há nada de errado neste impulso que Ele mesmo colocou em nós. Por isto, quando chega o abrasamento, é “melhor casar”. Por quê? Porque existe uma forma lícita, ordenada por Deus, de se liberar a pressão natural que Ele colocou em nós — o ato conjugal. Esse é o método de Deus para a satisfação sexual. Sexo dentro do casamento, e não fora dele.
12. Col 3.5-7 – “Mortificai, pois, os vossos membros, que estão sobre a terra: a prostituição, a impureza, a afeição desordenada, a vil concupiscência, e a avareza, que é idolatria; Pelas quais coisas vêm a ira de Deus sobre os filhos da desobediência; Nas quais, também, em outro tempo andastes, quando vivíeis nelas”. Este texto trata de várias questões relativas à pureza moral da vida cristã, não apenas do sexo pré conjugal. Cita prostituição, impureza (porneia) e paixão lasciva (RA) ou afeição desordenada, e conclui dizendo que “por estas cousas é que vem a ira de Deus [sobre os filhos da desobediência” (Col. 3.6).
13. 1 Ts 4.3 – “Porque estais inteirados de quantas instruções vos demos da parte do Senhor Jesus. Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, que vos abstenhais da prostituição; que cada um de vós saiba possuir o próprio corpo em santificação e honra, não com o desejo de lascívia, como os gentios que não conhecem a Deus; e que, nesta matéria, ninguém ofenda nem defraude a seu irmão; porque o Senhor, contra todas estas coisas, como antes vos avisamos e testificamos claramente, é o vingador, porquanto Deus não nos chamou para a impureza, e sim para a santificação. Dessarte, quem rejeita estas coisas não rejeita o homem, e sim a Deus, que também vos dá o seu Espírito Santo”.
Este texto é auto explicativo. Fico pensando como alguém que deseja agradar a Deus, lendo este texto com o coração sincero pode ainda continuar achando que sexo antes do casamento é algo aprovado por Deus. A tradução Viva diz: “Porque Deus deseja que você seja santo e puro, livre de toda impureza sexual, para que se casem em santidade e honra”.
14. 2 Tm 2.21-23 – “Assim, pois, se alguém a si mesmo se purificar destes erros, será utensílio para honra, santificado e útil ao seu possuidor, estando preparado para toda boa obra. Foge, outrossim, das paixões da mocidade. Segue a justiça, a fé, o amor e a paz com os que, de coração puro, invocam o Senhor”.
O que são “paixões da mocidade”? Os impulsos sexuais estão à flor da pele exatamente nesta fase da vida. Muitos afirmam que não podem controlar suas paixões. O Talmude judaico dizia: "A paixão é, primeiro, uma estranha; depois, torna-se hóspede; e, finalmente, é a dona da casa". Ai do homem que não controla sua paixão. Muitos perderam sua vida por causa de uma paixão tresloucada. Amnom, o filho primogênito de Davi, foi uma destas vítimas de sua própria paixão (2 Sm 13). Ele desenvolveu uma paixão proibida, um sentimento doentio ao se apaixonar por sua irmã, e traído pelas forças dos seus próprios desejos e uma força incontrolável que nasceu nele e se tornou obsessivo e a estuprou. Sua paixão o adoeceu. A paixão o leva a cometer um dos atos mais infames em Jerusalém, bem como em nossa cultura moderna: Ele estupra sua irmã.
Muitos, da mesma forma, sabem que sua paixão é loucura, é proibida, mas ainda assim são atraídos por este louco sentimento!
Paixão destrói famílias, gera mortes, traz tristeza e desgraça a famílias inteiras e tem sido um agente fomentador do ódio. Quantas desgraças se seguem a uma paixão dentro da história das famílias, destroçando almas e gerado profundas depressões familiares, levando pessoas ao inferno e trazido dores à igreja de Cristo.
C.S.Lewis afirma: “Um homem com uma obsessão é um homem que tem pouca resistência à compra…Muitas pessoas dizem não praticar a castidade por ser ela impossível. Quando uma coisa é obrigatória, não facultativa, deve-se fazer o melhor e não pensar em possibilidade ou impossibilidade” .
Pv 9.13 afirma: “A loucura é mulher apaixonada, é ignorante e não sabe coisa alguma”. Existem algumas coisas interessantes que a Bíblia fala sobre a pessoa apaixonada.
1. É louca – O louco perde o senso da realidade, do ridículo, da lógica e da coerência. O louco tira a roupa no meio da rua, faz interpretações malucas acerca da vida, perde a coerência, o paradigma do seu próprio interior e do seu universo social, e o pior: "todo maluco acha que tem razão". O louco não compreende ninguém e também não é compreendido por quem quer que seja. É alienado das conseqüências de seus atos. “A loucura é mulher apaixonada”. Isto é, tem o mesmo naipe; Já viram uma moça ou um rapaz apaixonados o que são capazes de fazer? Não vêem mais nada, tornam-se cega. Todo mundo vê o cenário, mas eles são incapazes de enxergar sua realidade. Existem rapazinhos fazendo loucura por uma mulher.
2. É ignorante – Já viram uma pessoa apaixonada o que faz? Ela ignora os perigos e as ameaças e se torna tola no seu julgamento. Gente apaixonada precisa de amigos que o advirtam do perigo porque ele mesmo não sabe quão grave é o perigo que corre. O texto diz ainda que “não sabe coisa alguma”. Ai da pessoa que se torna presa de uma paixão direcionada ao objeto errado, porque sua tendência é ignorar os aspectos mais essenciais de sua existência.
Mulher e homem apaixonados são loucos. Isto não é amor, é paixão! Sentimento distorcido, profundamente forte, mas doentio. A palavra paixão, vem do grego “pathos”, donde se origina em português o termo “patologia”. Paixão é febre, é doença!
Didachê:
Um dos documentos mais apreciados por todos os cristãos, e certamente o livro mais respeitado depois da Bíblia é o Didachê, um documento escrito em torno do ano 120 d.C., pelos cristãos primitivos para ser utilizado na catequese cristã. Embora não seja considerado inspirado, tem grande estima na tradição cristã. Nele podemos observar que desde os primórdios do cristianismo já se observava a regra da fidelidade no matrimônio:
"E este é o segundo mandamento do ensinamento. Não matarás e não cometerás adultério, não serás corruptor de rapazes e não fornicarás, não roubarás, não terás tratos com a magia, nem farás feitiçarias, não matarás a uma criança com um aborto, nem matarás ao que nasceu (...)"[6]
Sexo antes do casamento. Riscos:
As igrejas e famílias cristãs precisam ter coragem de mostrar os efeitos prejudiciais do sexo antes do casamento e não deixarem que a mídia secular seja o parâmetro ético. O cenário é preocupante. Revistas, jornais, cinemas, TV, bombardeiam constantemente nossos jovens com idéias contrárias ao pensamento das Escrituras Sagradas. Portanto, não é de se surpreender que aquele jovem que no início do artigo me abordou, fizesse tal colocação. Josh McDowell, conhecido apologeta cristão, afirma que 85% dos adolescentes cristãos acreditam que a verdade se encontra dentro deles (subjetivismo, relativismo), e não nas Escrituras Sagradas. Deus fez as coisas de forma organizada e dentro de um propósito que Ele mesmo estabeleceu e “deseja que o impulso sexual seja usado responsavelmente no casamento, com fidelidade para o companheiro e com preparativos para o cuidado dos filhos que podem resultar da relação sexual.” 2
No livro, “Os adolescentes falam” Josh Mcdowell lista algumas razões para que o sexo pré-conjugal seja praticado pelos adolescentes:
• A mídia tem inculcado estas idéias na mente dos adolescente através de revistas pornográficas e reportagens abordando o assunto;
• Lares quebrados tornam o adolescente carente e sem condições de tomar decisões corretas;
• Falta de diretrizes morais e espirituais para o adolescente;
• Sexo é um círculo vicioso, com os seguintes componentes: Jovem deprimido & Necessidade de segurança e aceitação & Paixão de adolescente & Falta de planejamento ou educação sexual & gravidez & Frustração e novamente depressão;4
• Os métodos educacionais sem um padrão cristão ao invés de auxiliarem tornam a curiosidade do adolescente mais aguçada;
• O medo da solidão;
• Pensamentos impuros;
• Dar prova de amor.
Perspectiva Cristã do Sexo
Sexo tem sido sempre um tema delicado nas Igrejas católicas e protestantes, e por se falar pouco sobre o assunto, torna-se carregado de tabus e de más compreensões. Afinal, este assunto deve ser matéria de nossa reflexão teológica, em outras palavras, isto tem uma dimensão espiritual?
O ser humano tem necessidades biológicas ligadas à própria sobrevivência da raça. Uma destas necessidades é a sexual. O cristianismo não vê o sexo como o pecado em si mesmo, antes como algo próprio da constituição humana. Sexo é uma necessidade básica, como beber, comer, ser livre, etc., Esta necessidade foi dada por Deus, a Bíblia afirma que "homem e mulher os criou".- (Gn 1.27). Portanto, não há espaço para culpa quando se faz dentro do propósito de Deus, ao contrario do que dizia Santo Ambrósio, um dos pais da igreja que influenciado pela cultura helênica, afirmou que quando o casal entra no quarto para ter relação sexual, o Espírito Santo saia. "O ideal do gnosticismo é a neutralização da sexualidade, transformando a pessoa em ser assexuado" . Para o cristianismo, porém, não há conflito entre uma vida sexual rica e uma vida espiritual consagrada.
Para Jesus, que cresceu na tradição hebraica, não era o corpo a sede do mal. Jesus atacou os pecados do espírito."Do coração procedem assassinatos, adultérios e roubos" (Mc 7.21). Desde o início da teologia cristã, Deus surge em um corpo humano. Jesus se historiciza pela mediação do corpo de Maria. Deus torna-se carne, habitando num corpo, conhecendo seus desejos e instintos, necessidades e dores. Neste corpo, centro de relações, Jesus afirma a beleza da humanidade e rompe o dualismo que os platônicos não admitiam, escandalizando as concepções gregas de que o corpo era matéria infame.
A Bíblia demonstra que o sexo, na concepção de Deus, é algo puro e natural (Gn 2.25). O pecado do Éden não foi o "sexo", mas a desobediência que procedeu da soberba e do orgulho.
Precisamos de uma teologia bíblica do corpo que seja clara e abençoadora, temos que exorcizar idéias errôneas sobre nosso corpo.
Mas para desfrutarmos bem de nossa sexualidade, precisamos seguir as normas de quem nos criou. A sexualidade é parte da bela criação divina. Nada tem de pecaminoso. Contudo, como todas as dádivas de Deus aos seres humanos, o sexo caiu sob o plano satânico de desviar a humanidade da intenção divina. A função do sexo é de unir, gerar intimidade, procriar. Homem e mulher são convidados para formarem “uma só carne”. Quando o sexo ocorre fora do casamento — tanto premarital como extramaritalmente — temos a violação do sétimo mandamento. E isto é pecado — pecado contra Deus, contra um ser humano e contra o próprio corpo.
Um dos grandes desafios da sociedade de hoje, tem a ver com a sexualidade. De um lado, pessoas neurotizadas e reprimidas, que não conseguem lidar com suas necessidades de forma equilibrada, de outro, gente liberal e licenciosa, que se afunda em todas as experiências negativas relacionadas a sexualidade. Como saber o que é certo ?
Como dissemos, um dos princípios básicos é seguir as normas de quem o criou. Quem tem o nosso manual foi aquele que nos fez.
Robinson Cavalcante aponta alguns importantes princípios em seu livro, Libertação e Sexualidade, embora ache interessante fazer uma síntese de todo o seu conteúdo, quero chamar a atenção para o 6º e o 10º pontos, que estão diretamente ligado ao nosso artigo:.
1. Deus destinou o ser humano a buscar realização sexual com outros seres vivos.
A necrofilia, ou atração sexual por cadáveres, fere este padrão;
2. Deus destinou o ser humano à realização com seres da mesma espécie.
A zoofilia, ou atração sexual por seres irracionais, fere este padrão;
3. Deus destinou o ser humano à realização com o sexo oposto.
O Homossexualismo ou atração pelo mesmo sexo, fere este padrão;
4. Destinou o ser humano a se realizar sexualmente por livre manifestação de vontade.
O estupro ou relações sexuais à força, fere este padrão.
5. Deus destinou o ser humano à realização sexual por amor.
A prostituição, ou relação mediante remuneração ou compra, fere este padrão.
6. Deus destinou o ser humano a relacionamentos estáveis que crescem e se aprofundam.
A fornicação, ou relacionamentos sexuais efêmeros, fere este padrão;
7. Deus destinou os seres humanos a relacionamentos na amplitude da espécie.
O incesto, ou relacionamento sexual com parentes próximos, fere esse padrão;
8. Deus concebeu a atividade sexual como um ato de comunicação interpessoal.
A masturbação, ou auto-realização solitária, quando opção
permanente de um egoísmo sexual, fere este padrão;
9. Deus deixou ao ser humano a incumbência e a capacidade de reprodução da espécie. Ele é a fonte da vida e condena a morte.
O Aborto, ou destruição do ser enquanto ainda no útero, fere esse padrão;
9. Deus destinou o ser humano a fazer do sexo, um ato construtivo de afeto.
O sadismo ou prazer em fazer sofrer,
e o masoquismo, ou prazer no sofrer, com suas agressões e mutilações, fere esse padrão;
10. Destinou Deus o ser humano à integração de sua sexualidade com equilíbrio.
A lascívia, sexocentrismo, sexomania ou obsessão sexual, fere esse padrão.
Conclusão:
Deus nos convida para santificarmos nossos corpos, que são chamados de “templo do Espírito Santo”. (1 Co 3.16). Para Deus, nosso corpo é sagrado, local de adoração. O conceito de sacralidade sai de um local para pessoas, que são o templo vivo de Deus. Por isto, devemos ter o nosso corpo em atitude santa, e fugir da impureza moral, sexual, e tratar bem o nosso corpo como local da habitação do Espírito Santo.
No Novo testamento, Jesus retira a idéia de um local sagrado e as pessoas passam a ser o local da habitação de Deus. Nós somos o templo do Espírito Santo, e isto nos ensina que:
1. Nosso corpo é morada de Deus - Onde Deus habita e fixa sua permanente residência. Isto tem a ver com intimidade.
2. Somos livres de qualquer outra possessão, já somos posse do Espírito de Deus. Ele mora em nós;
3. A pessoa que destrói o seu corpo destrói a presença de Deus nele. O corpo cheio de pecados não traz honra e glória a Deus. Você honra ao Senhor quando se mantém puro e livre do pecado sexual. É assim que você honra a Cristo que entregou o Seu corpo, sofrendo e morrendo em seu lugar, para pagar o preço da sua salvação.
“Não sabeis que os vossos corpos são membros de Cristo? E eu, porventura, tomaria os membros de Cristo e os faria membros de meretriz? Absolutamente não... Fugi da impureza!” (1 Co 6.16,18)