Quando meu pai fez 70 anos, todos os filhos estavam presentes e quase todos os netos. Então, nos reunimos e lhe perguntamos se ele ainda era capaz de caminhar com os pés levantados para cima, usando apenas a força do braço, proeza esta que nenhum dos filhos e netos era capaz de fazer. Com cuidado, nós os filhos ficamos ao redor dele, e ele ainda conseguiu se equilibrar. Fantástico!
É possível que envelheçamos mal. Jacó na sua velhice foi indagado sobre sua idade e ele respondeu: “poucos e maus foram os dias dos anos de minha vida” (Gn 47.9). Muitos são aqueles que na velhice tornam-se ranzinzas, mau humorados e intragáveis. Justificam sua rabugice pela idade, doença, incompreensão e mudança de geração.
Muitos, porém, envelhecem com graça e bondade. Aprenderam a desfrutar cada momento de sua vida, descobriram alternativas simples para compartilhar a família, amigos e comunidade. Conseguiram, de alguma forma mágica, o encanto da vida. Aprenderam a celebrar a experiência da longevidade como uma dádiva celeste, e a serem sábios sem acharem que são o “Dr. Sabe-tudo!”
Jovens, amigos e crianças se aproximam de tais pessoas, porque possuem algo de sublime. Assim a bíblia descreve Abraão, o patriarca bíblico: “Era Abraão já idoso, bem avançado em anos, e o Senhor em tudo o havia abençoado!” (Gn 24.1).
A velhice nos dá apenas 2 alternativas:
(a)- Desistência e morte
(b)- Plenitude e celebração.
Na primeira, desistimos da vida, entregamos o ponto e nos rendemos. Na segunda, entendemos os limites que a idade impõe e descobrimos novas e criativas alternativas para continuar vivendo de forma significativa. A espiritualidade é uma destas formas.
Cora Coralina começou a escrever poesia aos 65 anos. As poesias que antes escrevera foram rasgadas pelo pai e pelo marido. Moisés foi chamado para liderar o povo de Deus aos 80!
Encontrar celebração na fé, no exercício comunitário, nas orações, na poesia, na música, nas amizades e na família é um dos fatores que mais enriquecem a vivência nesta fase da vida. Não é necessário dizer como Calebe: “Estou forte ainda hoje (aos 80 anos), como no dia em que Moisés me enviou” (Js 14.11), mas podemos ter a mesma atitude de vitalidade de Calebe e perceber a benção de Deus sobre sua vida, como fez Abraão.
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