Esta afirmação pode ser uma fonte de alegria ou desespero. Para aqueles que acreditam que Deus é poderoso e bom, descanso e refrigério. Para aqueles que suspeitam do caráter de Deus: temor e ansiedade. É... Na verdade, nem todos olham para Deus sem suspeição. José Saramago, escritor português que morreu recentemente, no seu livro Caim, imagina diálogos entre Deus e Caim. Este acusa a divindade, dizendo que ela não pode colocar sobre si a pecha de assassino, já que, Deus mesmo, mandou executar muitas pessoas, de acordo com o relato do Antigo Testamento.
Sempre existe muita suspeita humana acerca do caráter de Deus. Isto é adâmico, vindo desde os primórdios da raça humana.
Um dos relatos mais impressionantes na Bíblia, porém, encontra-se no livro das Crônicas, e é repetido noutro livro de Esdras – o escriba, que retornou a Jerusalém para reconstruir a cidade e restabelecer novamente o culto em Israel. Depois de sucessivas provocações do povo de Israel, veio o cativeiro de Judá. Nabucodonozor, rei dos caldeus, invadiu a cidade, matou jovens à espada “e não teve piedade nem dos jovens, nem das donzelas, nem dos velhos, nem dos mais avançados em idade” (2 Cr 36.17). Levou consigo todos os utensílios do templo, queimou a casa de Deus e ainda arrastou cativos (entre estes, Daniel), para serem escravos e eunucos no seu palácio.
Jeremias profetizou que o tempo do cativeiro seria 70 anos (2 Cr 36.21), e quando este prazo chegou, Ciro, o rei da Pérsia, que havia subjugado a Babilônia, fez passar um pregão em seu reino para que o povo de Israel fosse liberto do cativeiro e retornasse à Jerusalém, e a despesa da restauração da cidade seria por conta da casa do rei (Esd 6.4). Neste contexto foi escrito o Salmo 126. O texto afirma que Deus “Despertou o espírito de Ciro, rei da Pérsia” (2 Cr 36.22; Esd 1.2).
Agostinho afirmava que “quando Deus se agita, o homem se levanta”. Isto é, Deus conduz a história, de forma surpreendente, para cumprir seus propósitos eternos. Quer concordemos ou não, quer gostemos disto, ou não. A visão hebraica e cristã é a de que Deus, não apenas se “move na história”, mas que Ele é Senhor da História. Ele cumpre seus intentos no decorrer dos anos.
A história segue um plano, uma agenda e um cronograma divino. Assim como Deus despertou o rei da Pérsia, para libertar os cativos e cumprir a profecia dada por um de seus profetas, segundo o seu propósito, conduzirá a história para o plano que Ele mesmo designou, e não há força, nem histórica, nem potestade ou principado, que possa deter a história para o fim que Ele mesmo tem em mente. A história não é acidental, nem incidental, nem segue para o caos, mas para um fim ordenado pelo próprio Deus, Senhor da história.
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