No almoço de hoje, fui indagado por um casal recém-chegado à nossa comunidade se depois de tantos anos de vida cristã eu ainda enfrento o problema de falta de fé, dúvida e coisas semelhantes a estas. Respondi honestamente, que não só eventualmente, mas que sempre este é um ponto com o qual tenho de lidar.
Não é sem razão que aquilo que Jesus mais censurou nos seus discípulos foi a falta de fé. Na Bíblia, especialmente os Evangelhos, relatam diversas ocasiões em que Jesus expressou frustração ou desapontamento com a falta de fé de seus discípulos e os censurou. Algumas destas passagens são conhecidas:
Na tempestade no mar (Mateus 8:23-27, Marcos 4:35-41 e Lucas 8:22-25), Jesus acalma a tempestade, e censura os discípulos dizendo: "Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?" (Marcos 4:40). Ao andar sobre as águas, em Mateus 14:22-33, Pedro começa a afundar e Jesus lhe diz: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" (Mateus 14:31). Na multiplicação dos pães: Em Marcos 8:14-21, após a segunda multiplicação dos pães, Jesus os censura por não entenderem o significado dos milagres e lhes pergunta: "Ainda não compreendeis, nem entendeis? Tendes o coração endurecido?" (Marcos 8:17). Na cura do menino possesso em Mateus 17:14-20, os discípulos não conseguem curar o menino e Jesus diz: "Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?" (Mateus 17:17).
Esses são alguns momentos registrados nos Evangelhos em que Jesus expressa frustração ou censura os discípulos por sua falta de fé. A falta de fé foi um tema recorrente em seus ensinamentos. Essas censuras não eram apenas críticas, mas também um convite à reflexão e ao crescimento espiritual. A fé, para Jesus, era fundamental para uma vida plena e conectada com Deus.
Ao responder a este casal, usei um exemplo simples para demonstrar nossa falta de fé. A preocupação não é uma demonstração da falta de fé de que Deus está no controle de todas as coisas, que ele me ama, e que vai prover tudo aquilo que eu preciso, como um bom pastor que nada nos deixa faltar? Vivemos como pagãos, esquecendo que assim como ele cuida dos lírios do campo e das aves dos céus, ele cuidará de nós.
Argumentei ainda como a falta de oração demonstra a pouca confiança que temos em um Deus que nos ouve e nos conhece. Nossa insegurança, por acaso, não é resultante da falta de fé? Este é um grande desafio. A senhora que estava na mesa conosco reconheceu que sua fé era muito pequena. Então me recordei de uma conversa de Jesus: “Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu asseguro que, se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: 'Vá daqui para lá', e ele irá. Nada será impossível para vocês.” (Mateus 17:20) Com esta afirmação, somos capazes de perceber a pequenez e a limitação da nossa fé. Não é sem razão que os discípulos disseram a Jesus: “Aumenta-nos a fé.” Creio que esta é uma boa oração para todos nós. “Dá-me fé”, ou “aumenta a minha fé”. Tais declarações não são falta de fé, mas o anseio de um coração que deseja cultivar e crescer na fé.
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