Falta de fé

No almoço de hoje, fui indagado por um casal recém-chegado à nossa comunidade se depois de tantos anos de vida cristã eu ainda enfrento o problema de falta de fé, dúvida e coisas semelhantes a estas. Respondi honestamente, que não só eventualmente, mas que sempre este é um ponto com o qual tenho de lidar.

Não é sem razão que aquilo que Jesus mais censurou nos seus discípulos foi a falta de fé. Na Bíblia, especialmente os Evangelhos, relatam diversas ocasiões em que Jesus expressou frustração ou desapontamento com a falta de fé de seus discípulos e os censurou. Algumas destas passagens são conhecidas:

Na tempestade no mar (Mateus 8:23-27, Marcos 4:35-41 e Lucas 8:22-25), Jesus acalma a tempestade, e censura os discípulos dizendo: "Por que sois tão tímidos? Ainda não tendes fé?" (Marcos 4:40). Ao andar sobre as águas, em Mateus 14:22-33, Pedro começa a afundar e Jesus lhe diz: "Homem de pouca fé, por que duvidaste?" (Mateus 14:31). Na multiplicação dos pães: Em Marcos 8:14-21, após a segunda multiplicação dos pães, Jesus os censura por não entenderem o significado dos milagres e lhes pergunta: "Ainda não compreendeis, nem entendeis? Tendes o coração endurecido?" (Marcos 8:17). Na cura do menino possesso em Mateus 17:14-20, os discípulos não conseguem curar o menino e Jesus diz: "Ó geração incrédula e perversa! Até quando estarei convosco? Até quando vos sofrerei?" (Mateus 17:17).

Esses são alguns momentos registrados nos Evangelhos em que Jesus expressa frustração ou censura os discípulos por sua falta de fé. A falta de fé foi um tema recorrente em seus ensinamentos. Essas censuras não eram apenas críticas, mas também um convite à reflexão e ao crescimento espiritual. A fé, para Jesus, era fundamental para uma vida plena e conectada com Deus.

Ao responder a este casal, usei um exemplo simples para demonstrar nossa falta de fé. A preocupação não é uma demonstração da falta de fé de que Deus está no controle de todas as coisas, que ele me ama, e que vai prover tudo aquilo que eu preciso, como um bom pastor que nada nos deixa faltar? Vivemos como pagãos, esquecendo que assim como ele cuida dos lírios do campo e das aves dos céus, ele cuidará de nós.

Argumentei ainda como a falta de oração demonstra a pouca confiança que temos em um Deus que nos ouve e nos conhece. Nossa insegurança, por acaso, não é resultante da falta de fé? Este é um grande desafio. A senhora que estava na mesa conosco reconheceu que sua fé era muito pequena. Então me recordei de uma conversa de Jesus: “Porque a fé que vocês têm é pequena. Eu asseguro que, se vocês tiverem fé do tamanho de um grão de mostarda, poderão dizer a este monte: 'Vá daqui para lá', e ele irá. Nada será impossível para vocês.” (Mateus 17:20) Com esta afirmação, somos capazes de perceber a pequenez e a limitação da nossa fé. Não é sem razão que os discípulos disseram a Jesus: “Aumenta-nos a fé.” Creio que esta é uma boa oração para todos nós. “Dá-me fé”, ou “aumenta a minha fé”. Tais declarações não são falta de fé, mas o anseio de um coração que deseja cultivar e crescer na fé.

 

Tempo e intensidade

 

Fernando pessoa afirmou que “o valor das coisas não está no tempo em que dura, mas na intensidade com que acontecem.”

A percepção do tempo como algo que passa rápido ou devagar é um fenômeno complexo e subjetivo, influenciado por diversos fatores psicológicos, biológicos e sociais. Apesar de não haver uma resposta única e definitiva para explicar essa diferença individual.

A frase de Pessoa, fala do profundo impacto que momentos significativos podem produzir em nossas vidas. Lembra-nos que o verdadeiro valor de uma experiência repousa, não na sua duração, mas no efeito do seu impacto na nossa mente. Pequenos momentos com profunda relevância e significado, são capazes de transformar nossa história.

Uma rápida conversa que toca nosso coração, pode criar um vínculo profundo que transcende o tempo em si. O primeiro encontro com a pessoa amada, é capaz de deixar indeléveis lembranças na alma. Encontros que marcam nossas vidas, são capazes de acender nossa paixão e ampliar perspectivas. As memórias que são fruto de intensas experiências podem servir como referencial, fonte de força e inspiração por toda vida.

Momentos de intensa experiência, podem nos encher de alegria, admiração e gerar profundas conexões. Um amigo meu estava viajando para Belo Horizonte e sofreu um grave acidente na estrada. Ele foi socorrido pelos paramédicos com graves ferimentos e levado ao hospital, e sua família foi socorrida por outra família, que os assumiu, levou-os para sua casa, apesar de serem desconhecidos. Esta experiência transformou a história daquelas pessoas, tanto dos que socorreram quanto dos que foram socorridos. Eles certamente estarão ligados pelo resto de suas vidas.

As emoções também influenciam a percepção do tempo. Quando estamos felizes e empolgados, o tempo parece passar mais rápido, enquanto em momentos de tristeza ou tédio, ele parece se arrastar. Isso se deve às diferentes maneiras como nosso cérebro processa as emoções, impactando a percepção da duração temporal. Um time de futebol que está precisando marcar um gol para ganhar o campeonato, verá seu relógio andando rapidamente, mas o time que precisa apenas do empate, ficará angustiado porque o relógio passa tão devagar.

Da mesma forma, experiências memoráveis e marcantes tendem a parecer mais curtas em retrospecto, enquanto períodos monótonos e sem eventos memoráveis podem parecer mais longos. O mesmo acontece na medida em que envelhecemos: A percepção do tempo tende a se acelerar com a idade. As expectativas que temos em relação ao tempo podem influenciar sua percepção. Se estamos esperando ansiosamente por algo, o tempo parece passar mais devagar, enquanto se estamos entediados, ele parece se arrastar.

O tempo é um recurso precioso e finito. Ao entender como o percebemos e ao usá-lo de forma consciente, podemos viver uma vida mais plena e significativa.

 

Sucesso

 

Raramente alguma pessoa é vitoriosa e bem-sucedida sem fazer esforço.  A não ser que algo excepcional aconteça, por um lance de sorte ou genialidade, a regra normal é que “O único lugar onde o sucesso vem antes do trabalho é no dicionário.” Sucesso não se constrói no vácuo. Ele é construído com trabalho, dedicação, perseverança, esforço, suor e lágrimas.

Alguns afirmam que o caminho do sucesso pressupõe seis ingredientes:

            Propósito. Esta frase do “Clube da Luta”, nos define: “Nós somos os filhos do meio da história, sem propósito ou lugar. Não tivemos Grande Guerra, não tivemos Grande Depressão. Nossa grande guerra é a guerra espiritual, nossa grande depressão é a nossa vida. Fomos criados pela televisão para acreditar que um dia seríamos ricos, estrelas de cinema e da Globo. Mas não seremos. E estamos aos poucos aprendendo isso. E estamos muito, muito revoltados.”

 

            Planejamento. Todas as diretrizes são resultado de um planejamento bem-feito, fruto de reflexão e estudo. Um antigo provérbio chines afirma: “Se quiser derrubar uma árvore na metade do tempo, passe o dobro do tempo amolando o machado.”

 

            Prática. O preço da perfeição é a prática constante. Quem “somente observa o vento, nunca segará.” É necessário colocar em ação aquilo que se planejou, de tornar efetivo a ideia em algo concreto. Uma teoria que fica no campo da ideia, e não é aplicada no dia a dia, não terá valor efetivo.

 

            Paciência. Esperar não é uma tarefa fácil. Os processos levam tempo, são cansativos, as pessoas e sistemas não ajudam muito na efetividade, mas precisamos lembrar que não devemos apressar o rio, ele corre sozinho. Paciência não significa apatia nem indolência, mas aguardar o tempo certo, não fazer as coisas de forma afoita e atropelada, afinal, “peca quem é precipitado”. A Bíblia nos ensina isto desde 1.000 anos antes de Cristo...

 

            Perseverança. Significa não desanimar diante das más notícias e nem dos obstáculos. As conquistas não vêm de forma rápida e fácil, desistir no meio da maratona é desperdício de energia, mas para se andar uma milha tem que se dar o primeiro passo. Perseverança é o caminho do sucesso. Muitos desistem quando enfrentam os primeiros desafios. É preciso caminhar com determinação e proposito para se alcançar a reta de chegada.

 

       Prioridade. Ninguém tem todo o tempo da vida ou pode abraçar todas as opções. A vida oferece um leque variado de oportunidades, mas não temos competência nem aptidão para todas elas. É necessário entender onde devemos ou não, gastar nossa energia. Estabelecer prioridades traz certos limites, mas ao mesmo tempo produz foco e qualidade. Aprender a priorizar o que verdadeiramente importa é fundamental na caminhada para o sucesso.

 

Para concluir, gostaria de deixar um lembrete. Sucesso é importante, mas não pode ser o foco de nossa existência. Poucas pessoas alcançam sucesso, mas o mais importante não é onde chegamos, quanta fama obtemos, nem quanto dinheiro temos no banco. Ser um homem ou uma mulher de valor, integro e honesto, é muito mais relevante que ser alguém de sucesso. Sem uma boa consciência, com caráter maculado, estamos seguindo na direção errada.

 

São os olhos a lâmpada do corpo

 

Uma das frases mais esquecidas de Jesus é a seguinte: “São os olhos a lâmpada do corpo. Se os teus olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso; se, porém, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Portanto, caso a luz que em ti há sejam trevas, que grandes trevas serão!”  (Mateus 6.22-23). Para muitos estes versículos são difíceis de entender e até parece destoar do restante do Sermão da Montanha, do qual ele faz parte, com pouca conexão com os textos anteriores e posteriores.

Tudo depende da forma como enxergamos. Os olhos filtram os fatos e decodificam as imagens. Nem sempre o que vemos é de fato a realidade, muitas vezes nos equivocamos em fazer julgamentos porque nossos olhos estão deformados. Não é a imagem que é feia, são feios os meus olhos. O que fizeram não é necessariamente mau, mas a forma como interpretamos é que danifica a imagem.

Rubem Alves publicou na Folha de S. Paulo, 20/10/2004, uma belíssima crônica sobre “A complicada arte de ver”. Ele cita William Blake: “A árvore que o sábio vê não é a mesma árvore que o tolo vê”. Num dado momento, Rubem Alves diz: “Sei disso por experiência própria. Quando vejo os ipês floridos, sinto-me como Moisés diante da sarça ardente: ali está uma epifania do sagrado. Mas uma mulher que vivia perto da minha casa decretou a morte de um ipê que florescia à frente de sua casa porque ele sujava o chão, dava muito trabalho para a sua vassoura. Seus olhos não viam a beleza. Só viam o lixo.”

No caminho de Emaús, dois discípulos andaram com Jesus depois da sua ressurreição, e só o reconheceram. ao partir do pão, quando “seus olhos se abriram”. Outro texto bíblico nos ensina uma belíssima lição. Jesus convida seus discípulos a olharem os frágeis e belos lírios do campo, afirmando: “Nem Salomão, em toda sua glória, se vestiu como qualquer um deles.” E ainda os convida a aprenderem a olhar a vida com encantamento e graça: “Observai as aves do céu: não semeiam, não colhem, nem ajuntam em celeiros; contudo, vosso Pai celeste as sustenta. Porventura, não valeis vós muito mais do que as aves?”

Gosto muito do poema de Adélia Prado: “Deus de vez em quando me tira a poesia. Olho para uma pedra e vejo uma pedra”. Há muitas pessoas de visão perfeita que nada veem. Beethoven, com sua deficiência auditiva, era capaz de ouvir intuitivamente as notas musicais de algumas de suas composições compostas na velhice, ainda que não ouvisse seus sons, auditivamente.

 

Gilberto Gil afirma: “Do luar não há mais nada a dizer. A não ser, que a gente precisa ver o luar. Rubem Alves ainda afirma: “Os olhos que moram na caixa de ferramentas são os olhos dos adultos. Os olhos que moram na caixa dos brinquedos, das crianças. Para ter olhos brincalhões, é preciso ter as crianças por nossas mestras.”

Olhos são a lâmpada do corpo. Eles têm a função de iluminar, de trazer clareza às imagens e aos fatos. Entretanto, se, os teus olhos forem maus, todo o teu corpo estará em trevas. Mas se os olhos forem bons, todo o teu corpo será luminoso.

 

 

 

 

Reformas

 

Comecei uma pequena reforma em casa. Vou mudar duas janelas de local, colocar blindex, trocar o piso externo que ficou velho e feio com o tempo, e fazer a pintura da casa. O desafio começou. Meu filho, me perguntou: “Papai, você está empolgado com a obra?” Eu respondi meio ressabiado: “empolgado não é uma palavra que me define agora...” E rimos juntos.

Uma reforma possui delicados processos de rupturas, poeira, caçamba de lixo, arrancar velhas cerâmicas, cortar paredes, mexer nos fios de eletricidade. Você pensa em algo externo, mas as reformas também tangenciam aspectos estruturais, que embora simples, precisam ter alguém com competências específicas, como as mudanças do local de tomada.

Pensei em toda desordem que atualmente é perceptível em minha casa, sem cerâmica, quebrando rodapés e cheguei à conclusão de que é assim que Deus faz conosco. Primeiro a desordem, o caos, a poeira, para depois surgir novas formas, algo mais bonito que gera uma dinâmica melhor. O caos antecede a reforma.

Na ciência, a ordem e o caos podem coexistir, já que mudanças podem gerar grandes e produtivos impactos. A desordem pode ser vista como catalisadora para a criatividade e a inovação, em muitos sentidos, como um estado necessário para a transformação e o renascimento. A destruição do antigo pode dar lugar à criação de algo novo e melhor.

Quando iniciamos as reformas, podemos nos assustar com a quantidade de lixo e poeira, já que a desestrutura gera desafios e obstáculos, mas é importante considerar que pode ser uma fonte de oportunidades para o crescimento pessoal e profissional. A ordem excessiva pode levar à estagnação, enquanto o caos excessivo pode gerar ansiedade e desespero.

O que você considera valioso no caos? Certamente o barulho, as despesas, a desestrutura e a desordem não são positivas em si mesmas, mas devemos considerar os efeitos permanentes que são positivos. Nem sempre caos quer dizer algo negativo. A Teoria do Caos, afirma que existe um padrão de organização dentro de um fenômeno desorganizado, ou seja, dentro de uma aparente casualidade.

Portanto, se hoje você olha assustado com a desordem na sua história, por ver as coisas tão fora do eixo e desorganizadas, comece a refletir sobre as possibilidades que este caos pode trazer. Antes de mais nada, considere sua responsabilidade neste caos: Muitas vezes nos metemos na bagunça por decisões errôneas, atitudes precipitadas e por falar demais. O caos pode te levar a refletir sobre a necessidade de ser mais prudente e sábio. Talvez outros sejam a causa do seu caos. A traição e a injustiça não são positivas em si mesmas, mas podem ajudar a refletir sobre a necessidade de construir relacionamentos menos tóxicos e poluídos.

No meio do caos, podemos descobrir até mesmo o mistério de um Deus, que é capaz de fazer novas todas as coisas. Aliás, o maior caos da humanidade, pode ser percebido num carpinteiro nazareno, que andou entre nós fazendo o bem, e foi colocado injustamente numa cruz. Mas a cruz, este emblemático símbolo, tornou-se tão importante que até hoje quando o vemos, lembramos do amor de Deus pela humanidade. Pense nisto...

 

 

Preocupação

Perguntaram ao Dr. Edmund Haggai, fundador do Instituto Haggai International, se ele não estava preocupado com o futuro de sua organização, depois que ele morresse, e ele, que ainda estava na ativa, respondeu calmamente: “eu tenho 92 anos de idade e não tenho tempo para ficar preocupado.”

Você já se surpreendeu com pensamentos angustiantes sobre sua vida, do tipo: “O que vai acontecer com minha vida se minha saúde faltar? Como será se um parente adoecer e eu tiver que parar minha vida para cuidar dele? Será que vou conseguir cuidar do meu filho até que ele cresça? E se sofrer um acidente e ficar inválido. Será que não vou sucumbir no meio do caminho?”

Estas e outras questões fazem parte de um dos maiores problemas do homem moderno que é a ansiedade. Rollo May afirma que a ansiedade é um dos mais urgentes problemas de nossos dias, sendo chamada de “a emoção oficial de nossa época e a base de todas as neuroses”. Ansiedade pode ser definida como um sentimento íntimo de apreensão, mal-estar, preocupação, angústia ou medo. Pode surgir como reação a perigo identificável ou em resposta a um perigo imaginário.

Certa vez Jesus falou aos seus discípulos sobre ansiedade, talvez porque percebesse o sofrimento deles em relação ao futuro, preocupações com coisas básicas como a roupa e a comida. “Qual de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?” (Mt 6.27) Jesus demonstra a inutilidade e ineficiência da preocupação. A ansiedade não ajuda em nada. Alguém pode ser mais eficiente numa prova ou concurso, debaixo do efeito da ansiedade? Será que é mais fácil resolver um conflito ou um problema quando estamos sob um forte estado de ansiedade. Será que é mais fácil decidir sob pressão e preocupação do que estando sereno? Não! A ansiedade nos faz sofrer duas vezes: Rouba-nos a saúde, afeta o julgamento crítico, esvazia o poder de decisão e nos leva, progressivamente, a ter mais dificuldade em lidar com as questões práticas da vida.

Jesus ainda avança na questão da ansiedade ao afirmar: “Pessoas sem fé é que se preocupam com o futuro, mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas.” (Mt 6.32) Ele afirma que preocupação é própria de pessoas que vivem sem fé, portanto, incompatível com a fé cristã. Ansiedade é essencialmente falta de confiança em Deus, e pode até ser compreensível para quem tem um Deus caprichoso e imprevisível, não para quem tem um Deus coerente que dirige a história, cujas promessas não são esquecidas. Preocupação não vem de circunstâncias, mas do coração.

 

 

Por que as pessoas mudam de opinião?

 

Não é fácil mudar de opinião, principalmente depois dos 35 anos quando as convicções se tornam mais solidificadas e estruturadas. Um adolescente é propenso a mudanças para ser popular, impressionar outros, ou até mesmo para ser aceito dentro de um determinado grupo. Mas para uma pessoa adulta mudar seus conceitos, não é fácil.

Então, por que as pessoas especialmente no mundo político, mudam de forma radical suas opiniões?

Henry Crumpton, autor inglês escreveu o livro MICE (plural de ratos em inglês), descreve como governos tiranos historicamente recrutam seus espiões, que se dispõem a trair a confiança de amigos, pátria e até mesmo família. Ele afirma que existem quatro componentes que levam uma pessoa a mudarem radicalmente de ideia, elas formam o acróstico MICE: Money (dinheiro); Ideologia, Coerção (ou chantagem) e Ego (satisfação em sentir-se importante). Motivados por estes fatores as pessoas mudam de opinião e traem seus países. Jornalistas e políticos, de forma mais particularizada, são facilmente cooptados por estes quatro fatores.

Por dinheiro, muitas pessoas vendem sua alma e adotam uma imagem pública completamente diferente daquilo que realmente creem, assumindo uma postura política contrária à sua visão pessoal, por causa dos benefícios recebidos. Grandes corporações, principalmente as midiáticas, se colocam a serviço de uma determinada posição por causa dos contratos e recursos que recebem. Na maioria das vezes, desprezando ética, princípios e valores. O dinheiro tem um poder persuasivo muito forte.

A ideologia é outro forte componente. Quando isto acontece, direitos humanos e princípios, são desprezados, para defender convicções políticas. Isto acontece na esquerda e na direita. Estamos vivendo um momento em que o presidente Lula, que sempre levanta a bandeira da democracia e respeito à opinião do povo, tem demonstrado disposição em aceitar todo o absurdo e quebra dos direitos humanos para defender Maduro, o corrupto líder venezuelano, que adota a mesma ideologia da esquerda.

O fator coerção é outro forte componente. O autor descreve incidentes horripilantes de como o Mossad encontrava espiões no Egito. Na cultura muçulmana, as pessoas precisam esconder suas inclinações sexuais por causa da forte pressão religiosa, então, eles iam atrás dos homossexuais, chantageando-os. No Brasil, A “Vaza Jato” botou um monte de gente na lista de coerção. Por causa de informações confidenciais, pessoas mudaram suas convicções e o discurso, adotando uma postura ideológica e partidária, completamente diferente daquilo que anteriormente defendiam. Medo de quebra de sigilo ou medo de serem expostas.

O último fator, o ego, tem o poder de fazer as pessoas anularem suas crenças e honra para salvar a aparência. Elas precisam ser aprovadas e querem estar em evidência. No filme o advogado do diabo, há uma frase assustadora: “vaidade é meu pecado predileto.” Quando desejamos tanto a popularidade, corremos o risco de nos esquecermos do caráter. Reputação e caráter parecem semelhantes, mas não são. Reputação é aquilo que as pessoas dizem de você, caráter é o que os anjos dirão de você, na presença de Deus, no dia do juízo.

 

 

Perdi o voo

O Brasil se emocionou, entristeceu e sofreu com a tragédia do voo 2283 da Voepass. Nestas horas ficamos pensando nas famílias que esperavam seus queridos que não chegaram, vidas que foram ceifadas ainda tão cedo, a empresa que perdeu 13 funcionários de uma vez, o número de jovens médicos que estava naquele avião, a família dos pilotos e comissários, as duas crianças de 3 anos. Todos os cenários particulares são de partir o coração de qualquer pessoa e com tristeza ouvimos estes relatos.

São marcantes também as histórias dos passageiros que não embarcaram. Do aeroporto de Cascavel, Adriano Assis ligou para sua filha e com a voz embargada lhe disse: “eu perdi o voo. Deus é muito bom filha, o pai te ama.” Estranho também o pedido inexplicável do pai da médica Juliana Chiumento para que sua filha mudasse a passagem para outro dia. E o que dizer da confusão no portão de embarque que fez com que passageiros com lugar marcado no voo que caiu deixassem de embarcar, confundiram o guichê, atrasaram, e a balconista não permitiu que eles entrassem no voo. José Felipe insistiu muito para pegar o avião que nunca pousaria em Guarulhos. A mistura de alívio e profunda tristeza de alguns passageiros que por muito pouco não embarcaram, deixando de dividir o mesmo destino.

É difícil explicar a tragédia de tantos e para o livramento de alguns. Por que erraram o guichê? Por que atender ao estranho pedido do pai? Há tanto mistério. Schopenhauer ensinou que o destino embaralha as cartas e nós jogamos. Einstein disse a Max Born que Deus não joga dados.

 “A mosca a debater-se grita: Não! Deus não existe!  A aranha, vendo a mosca presa diz: “Glória a ti, Divina providência, que à minha humilde teia, essa mosca atraíste!” (Mário Quintana) É impossível não pensar na fragilidade da vida. Nunca entenderemos por que Deus não salvou os outros 62 que entraram? Impossível não pensar na vulnerabilidade da vida.

O apóstolo Tiago afirma: “Atendei, agora, vós que dizeis: Hoje ou amanhã, iremos para a cidade tal, e lá passaremos um ano, e negociaremos, e teremos lucros. Vós não sabeis o que sucederá amanhã. Que é a vossa vida? Sois, apenas, como neblina que aparece por instante e logo se dissipa. Em vez disso, devíeis dizer: Se o Senhor quiser, não só viveremos, como também faremos isto ou aquilo.”

Jesus advertiu seus discípulos: “Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um minuto ao curso de sua vida?” Quem tem poder sobre a morte, sobre as intempéries da vida? Resta a nós humildade, solidariedade e compaixão. Que Deus console aqueles que sofrem tanto nesta hora. Ninguém está isento de calamidades e tragédias. Que isto nos leve a uma vida de maior cuidado e sobriedade.  

O que dirige sua vida?

Sua vida é construída como você a enxerga. A perspectiva que você tem determinará a maneira como investirá seu tempo, gastará seu dinheiro, usará seus talentos e valorizará seus relacionamentos. Como você vê a vida? Qual é seu alvo? Qual é o foco de sua vida?

Todos somos orientados e dirigidos por diferentes motivos: Ideologias, religião (busca pela transcendência) poder, luxúria, riqueza, fama, ou ambições e utopias, afinal precisamos de um sentido para viver, uma bandeira para defender, uma razão para existir. Podemos ainda sermos orientados por outras razões como necessidade de aceitação, desejo de sucesso, anseio por riqueza, vaidade, orgulho ou medo de rejeição.

Muitos são dirigidos pela culpa, dominados pela vergonha e remorso. Permitem que o passado controle seu futuro, sendo dirigidos pelo ressentimento e pela raiva. Precisamos lembrar que aqueles que o magoaram no passado não poderão continuar a feri-lo, a menos que você se agarre à dor através do ressentimento.

Alguns desejos são absolutamente legítimos e positivos. A ausência de ambição, pode nos levar a uma vida de apatia e ausência de sonhos. Não desejar nada, não sonhar, não buscar, nem lutar por melhorias pode ser uma tragédia existencial. Apatia é morte psicológica. Este fenômeno é muito comum em pessoas que passaram por grandes tristezas ou perdas e entraram num estado de profundo desencorajamento, depressão e se tornam catatônicos. É comum encontrar estes sintomas que idosos, quando desistem de viver.

Existem aspectos que orientam positivamente a vida: A busca pela justiça, o sentimento de solidariedade, a fé que nos leva à caridade, são alguns destes pontos cardeais. Por outro lado, existem péssimos conselheiros que orientam e impulsionam nossa vida para o caos.

Na tentativa de orientar nossas vidas, decisões e atitudes, enfrentamos grandes inimigos, dentre elas, as emoções e avaliações equivocadas. Como estabelecer focos corretos, uma vez que nosso coração é tendente ao erro e à desorientação? Impulsionados por vaidade, orgulho, ira ou amargura, agimos de forma tola e precipitada e somos conduzidos por julgamentos mesquinhos. 

O que orienta sua vida determina o que será. Jesus afirmou: Onde está o teu tesouro, ali estará teu coração.” Seus valores determinam suas atitudes. Os homens se parecem com seus deuses e ídolos e seguem impulsos e orientações do coração, que podem estar devidamente ajustados ou completamente desalinhados.

O que está orientando sua vida? Quem diz o que você deve fazer, como deve investir seu dinheiro, estabelecer suas prioridades quanto sua família, fé, e o uso do tempo? Ter impulsos nobres e valores corretos, livrar-se da toxicidade da sua própria alma tantas vezes adoecida e neurótica, o ajudará na orientação dos próximos passos que precisam ser dados.

 

 

O Poder do entusiasmo

 

Não é fácil se manter entusiasmado. Existem muitas variáveis que retiram de nós a capacidade de continuar firme, sonhando, crendo que é possível. Os obstáculos são internos e externos.

Perdemos o entusiasmo por causa de nossas dúvidas sobre habilidades ou chances de sucesso. A insegurança pode nos levar a desistir antes mesmo de começar, ou a nos contentarmos com resultados medíocres. Quando estamos cansados ​​ou estressados, é mais difícil ter energia e disposição para as coisas que nos entusiasmam. O esgotamento físico e mental pode apagar nosso entusiasmo. Se não recebermos recompensas ou reconhecimento por nossos esforços, o entusiasmo pode diminuir gradativamente. A sensação de que nosso trabalho não está sendo valorizado pode nos desmotivar.

Nos fatores externos podemos considerar as influências negativas. Eu fujo de pessoas que são “profetas do desespero”, que olham apenas para as impossibilidades. Pessoas negativas e pessimistas podem minar nosso entusiasmo. A falta de apoio de amigos, familiares ou colegas de trabalho são fortes elementos para retirar o entusiasmo. Sentir-se sozinho em seus esforços pode ser desmotivador, trazendo  frustração e desânimo.

O entusiasmo é uma força poderosa que pode transformar nossas vidas de diversas maneiras. Ele nos impulsiona a agir, nos motiva a superar obstáculos e nos contagia com uma energia que inspira os outros ao nosso redor. O entusiasmo nos impulsiona a agir e nos dá a energia e a determinação necessárias para superar desafios e alcançar nossos objetivos. O entusiasmo é contagiante. e nos ajuda a persistir diante dos obstáculos. Quando estamos entusiasmados com algo, é mais provável que superemos os desafios e alcancemos nossos objetivos.

O entusiasmo nos torna mais focados e produtivos, e também pode aumentar nossa criatividade e capacidade de resolução de problema além de estar associado a uma série de benefícios para a saúde mental e física, aumento da imunidade e da longevidade, fortalecendo nossos relacionamentos com amigos, familiares e colegas de trabalho.

Encontre sua paixão. Este é o primeiro passo para cultivar o entusiasmo. Pode ser um hobby, um esporte, uma carreira ou qualquer outra atividade que traga alegria e satisfação. Concentre-se nos aspectos positivos da situação, isso te ajudará a manter o entusiasmo e a motivação, cerque-se de pessoas positivas e entusiasmadas que te inspirem a alcançar seus objetivos e comemore suas conquistas. É importante celebrar conquistas, grandes ou pequenas. Isso ajudará a manter o entusiasmo e a motivação para continuar avançando.

A raiz da palavra entusiasmo é muito interessante. Ela vem do grego, sendo a junção da palavra en + Theos. Literalmente: “Deus em nós.” Em última instância, entusiasmo não é algo autogerado, mas vem de Deus. Ele dá sentido, proposito, razão e alegria para enfrentarmos os desafios constantes que a vida nos impõe.

 

 

Geração “Vulgar”

 

Alguns críticos criaram um acróstico para definir a atual geração. Este acróstico é “VULGAR” (Vazia, utópica, leniente, geniosa, anacrônica e reativa).

Isto decorre da observação de muitos que esta geração tem sido menos respeitosa, menos educada e moralmente “cinza” e indefinida. Obviamente esta percepção é baseada em estereótipos e generalizações, e é importante lembrar que nem todos os membros de uma geração são iguais.

Certamente há um grande número de fatores que podem contribuir para esta percepção negativa, entre eles as mídias sociais, que permitem que as pessoas compartilhem seus pensamentos e opiniões com uma audiência maior incluindo ideias que podem parecer ofensivas, o declínio das instituições tradicionais como igreja e família, que tem perdido sua influência sobre a cultura e padrões sociais. Outro fator é a maior exposição à violência e à sexualidade que pode levar muitos a se engajar em comportamentos questionáveis.

Obviamente não há um comprovação científica que demonstre que esta geração é mais superficial que a anterior. É típico de uma geração ser crítica da outra e se considerar superior. De forma paradoxal, alguns consideram a geração atual menos vulgar que a geração mais velha, que era firmada em princípios moralistas e legalistas, que execravam as pessoas que pensavam e agiam de forma diferente da norma cultura e social estabelecida.

O termo “vulgar” é subjetivo. O que alguns consideram vulgar pode não ser para outros. Como comportamentos (acordar cedo ou acordar tarde); hábitos alimentares (jiló ou caviar); estilo de vida (minimalista ou perdulário); música (clássico ou sertanejo ou hip-hop) e roupa (casual ou social). Por esta razão, vulgaridade nem sempre é algo ruim, pode até mesmo ser usado por humoristas para fazer o contraponto de um princípio tido como verdadeiro e se transformar numa forma de rebelião contra autoridade e normas.

Se você é daqueles que consideram a atual sociedade vulgar, é fundamental que aprenda a ser respeitoso e polido em seu próprio comportamento. Jesus criticou os líderes de seus dias: “Por que você vê o cisco no olho do seu irmão, mas não repara na trave que está no seu próprio olho? Como você poderá dizer a seu irmão: “Deixe, irmão, que eu tire o cisco que está no seu olho”, se você não repara na trave que está no seu próprio olho? Hipócrita!” (Lc 6.41-42) Fazer parte de organizações que promovem valores positivos e responsabilidade social é uma forma madura de valorizar o bem. Você não consegue mudar o outro, mas você pode promover aquilo que é bom e emitir atitudes de cuidado e respeito.

A mudança de padrões e normas sociais pode ter mudado. O que era considerado polido e respeitoso no passado, pode não ser mais relevante. Isto provoca conflitos e distensão entre as gerações. Decida ser respeitoso, torne-se exemplo de bom senso e prudência para outros. Tente entender os motivos para abrir canais de comunicação e construir pontes, não muros. Foque em valores positivos e construa estradas pavimentadas. É fundamental construir portas de diálogos, ao invés de perpetuar estereótipos e preconceitos.

 

 

Felicidade

 

 

Não me recordo o nome da atriz que fez uma afirmação que me pareceu muito interessante. O assunto era sobre autoestima e autoimagem e ela afirmou: “Felicidade é estar confortável dentro de sua própria pele.” Fiquei considerando quão verdadeira é esta afirmação, porque ela encapsula a ideia de que a verdadeira felicidade reside em aceitar e apreciar a si mesmo como um todo, incluindo seus pontos fortes, fracos, qualidades únicas e imperfeições.

 

É impossível ser feliz sem autoaceitação. É fundamental reconhecer e abraçar quem você é, sem julgamentos negativos ou comparações com os outros, aceitar seus pensamentos, sentimentos, valores, experiências e características físicas, tanto as positivas quanto as desafiadoras. Seu “corpo” precisa caber dentro de sua pele. Seus espaços precisam ser confortáveis.

 

Quando o rei Davi era ainda um adolescente, ele ouviu Golias desafiando zombeteiramente o exército de Israel. Ele se sentiu desafiado, e se propôs a lutar contra o gigante. A luta era desigual, pois Davi era apenas um pastor de ovelhas, enquanto Golias era treinado para a guerra e possuía um corpo gigantesco, fora dos padrões convencionais. Ao se apresentar a Saul, que era o rei naqueles dias, o rei resolveu colocar-lhe uma roupagem de guerreiro, mas a armadura o deixava desconfortável, e ele a dispensou resolvendo guerrear apenas com as armas e a agilidade que conquistou por causa do trabalho que exercia. Moral da história: a roupagem das outras pessoas não serve para nós. Cada um deve usar a roupa adequada ao seu biotipo e sua estrutura física.

 

Para estar confortável na própria pele, é fundamental ter um bom autoconhecimento. Isso implica explorar seus valores, paixões, talentos, crenças e motivações. Significa entender suas necessidades emocionais, seus padrões de comportamento e suas reações a diferentes situações. Olhar no espelho e não gostar da imagem é sempre destrutivo. Surge o desconforto, a amargura, a frustração e tristeza. A autoimagem torna-se negativa e o resultado é depressão e melancolia.

 

Alcançar a felicidade dentro de sua pele não é um processo fácil ou linear. É comum enfrentar desafios como dúvidas sobre si mesmo, medo da rejeição, comparação com os outros e pressões sociais. No entanto, com autoconsciência, autocuidado, resiliência e a busca por apoio quando necessário, é possível superar esses obstáculos e cultivar uma vida mais autêntica e gratificante.

 

A felicidade não é um destino final, mas sim uma jornada contínua de crescimento e autodescoberta. Abrace suas imperfeições e reconheça que elas fazem parte daquilo que te torna único e especial. Celebre suas conquistas e aprenda com seus erros. A verdadeira felicidade reside em estar confortável dentro de sua pele, aceitando-se integralmente e vivendo de acordo com seus valores autênticos. É um processo contínuo de autoconhecimento, autocuidado, resiliência e a busca por apoio quando necessário. Abrace sua jornada e celebre cada passo que te leva mais perto de uma vida plena e significativa.

 

 

Ciclos de produtividade

 

Em todas as sociedades existem épocas que aumentam a efetividade e produtividade. As variações dependem de diversos fatores dependendo do setor de atividade. Entretanto, estudos indicam que os períodos de menor produtividade geralmente coincidem com férias de final de ano: Entre dezembro e janeiro, quando a produtividade tende a diminuir devido às festas, viagens e férias de fim de ano. O Brasil só começa a ser produtivo depois do Carnaval. Neste período, as pessoas estão mais desatentas e com menos foco no trabalho. Fenômeno similar ocorre durante os meses de verão, especialmente em julho, épocas de férias escolares, com as crianças em casa e as famílias tendo que se reinventar para gerar atividades para os filhos.

O período do Carnaval pode levar a uma queda na produtividade nos dias que antecedem e sucedem a folia, especialmente em regiões onde é intensamente celebrado, o mesmo se dá nos feriados prolongados como Semana Santa, pois as pessoas geralmente tiram folgas ou fazem viagens curtas.

Outro aspecto interessante é a produtividade na semana. há uma tendência que as segundas e sextas feiras sejam os dias menos produtivos da semana. Na segunda, as pessoas podem estar se sentindo cansadas após o fim de semana e precisando de tempo para se reintegrar ao ritmo de trabalho, e na sexta se sentindo cansadas após a semana de trabalho ou já pensando no fim de semana, o que pode afetar o foco e produtividade.

Existe também os fatores climáticos. O calor intenso, pode afetar a concentração e a disposição dos trabalhadores, levando a uma queda na produtividade. Grandes eventos políticos e sociais como eleições, Copa do Mundo e Olimpíadas podem tirar o foco dos trabalhadores e levar a uma queda na produtividade, principalmente nos dias em que há jogos ou eventos importantes.

Existem ainda os fatores individuais. A produtividade de cada indivíduo é influenciada por diversos fatores, como sua saúde física e mental, motivação, nível de qualificação e experiência profissional.

De qualquer maneira, é bom considerar que períodos de férias, são fundamentais na tarefa de reorganizar, reavaliar, restaurar as emoções e o físico. Produtividade é importante, mas tratar o ser humano como máquina de produção ou agir como se não precisasse de revisão emocional, é um grande risco.

Na última semana estive de férias, pescando na cidade de Dueré-TO. Na viagem com minha esposa, ouvimos uma música que fez muito sentido para nós. Seu título é Mundança (não escrevi errado, é isto mesmo!) escrita por Flávio Leandro. Ela diz: “Hoje, com sinceridade, eu acordei com uma vontade de cuidar de mim. Me levar para um passeio, sem pisar o pé no freio, sem pensar no fim. Arrumar minhas gavetas, botar tinta na caneta do meu coração. Escrever um: Eu me amo, cada vez que a voz do mundo me disser que não. Ler um livro, colher flores, pra te dar quando tu fores flor no meu jardim. Animar essa pessoa, que andou vagando à toa, mas que mora em mim.”

O mês de Julho é uma boa oportunidade para pensar nestas coisas. Bom descanso!

 

Autoimagem

 

Somos uma geração extremamente excessiva e patologicamente preocupada com autoimagem. Este é um fenômeno complexo com diversas causas interligadas cujas origens são multifacetadas.

O que causa distorção significativa na autoimagem? De um lado, os fatores sociais. A sociedade moderna valoriza muito a aparência física, beleza e sucesso, o que gera pressão para se encaixar em padrões estéticos muitas vezes inatingíveis. Beleza é algo ideológico, e toda geração constrói seus paradigmas e modelos do que é belo. Os padrões de beleza das mulheres na era vitoriana (1837-1901) eram bem estabelecidos: Deveriam ter pele clara, cabelos longos, cintura fina, e não serem muito magras. Em relação ao modelo ideal, muitas mulheres de hoje adorariam viver neste período.

A construção da imagem moderna, sofre a influência das redes sociais. A constante exposição a fotos e vídeos de pessoas aparentemente perfeitas nas redes sociais pode alimentar sentimentos de inadequação e baixa autoestima, além da cruel comparação com outras pessoas, especialmente com celebridades e influenciadores digitais, que pode levar ainda a uma maior à insatisfação com a própria aparência e realizações.

Quando a autoestima é baixa, as pessoas tendem a ter uma visão negativa de si mesmas, focando nos pontos fracos e se comparando negativamente com os outros. Surge a insegurança relacionada a fatores como aparência, inteligência, habilidades sociais ou outros aspectos da vida pessoal, que nos leva à busca por validação externa e à obsessão por aprovação. Os perfeccionistas, de forma particular, sofrerão ainda mais os efeitos da pressão social, porque tendem a ter expectativas muito altas de si mesmas, resultando em frustração e insatisfação constante. O medo de ser julgado ou rejeitado pelos outros gera preocupação excessiva e obsessiva com a imagem, de uma forma até mesma neurótica.

Certamente um ambiente social marcado por bullying ou comentários negativos sobre o corpo, podem deixar marcas profundas na autoimagem. Histórico de dietas restritivas, exercícios físicos excessivos ou obsessão por emagrecimento indicam uma relação distorcida com o corpo e a alimentação, gerando transtornos de ansiedade, depressão ou distúrbios alimentares.

É importante valorizar outros aspectos da nossa identidade, como valores, habilidades, talentos e personalidade, cultivar o amor-próprio significa aceitar a si mesmo com qualidades e defeitos, reconhecendo seu valor como pessoa independentemente da aparência física ou da capacidade intelectual. Se a preocupação com a autoimagem estiver causando sofrimento significativo, é importante buscar ajuda profissional. Famílias e amigos podem ser muito importantes neste processo de construção de uma visão positiva de si mesmo, afinal, a autoimagem não define quem somos.