Você já ouviu falar de esquecimento seletivo? Nossa memória tem uma maravilhosa capacidade de se lembrar de determinados eventos e de se esquecer de outros. Esta é, na verdade, uma das suas grandes belezas. Não dá para lembrar de todas as coisas, mas, acima de tudo, não devemos nos lembrar mesmo.
Certa vez meu pai reclamou que sua memória estava fraca. Ele possui algumas casas de aluguel e então fiz um teste. Perguntei quem morava em determinada casa, quanto ele recebia por mês, qual era o nome do morador e ele não teve dificuldade em responder às perguntas. Rimos juntos considerando que, na verdade, nós nos esquecemos daquilo que realmente não é tão importante...
Nem sempre é bom lembrar de tudo o que aconteceu e nós não conseguiríamos, considerando a quantidade de informações que nosso cérebro recebe. Mas há outro aspecto curioso: pesquisas mostram que há mecanismos utilizados pelo cérebro para ‘deletar’ memórias. E isso é uma forma de proteção.
O principal objetivo da memória não é armazenar informações de maneira precisa por muitos anos, mas guiar e otimizar o processo de tomada de decisões, retendo apenas as informações mais importantes e eliminando as pouco úteis ou traumáticas.
Na verdade, o nosso cérebro trabalha ativamente para esquecer. Desta forma, esquecer torna-se tão importante quanto lembrar. o cérebro precisa se esquecer de detalhes irrelevantes e se concentrar no que realmente importa. Há mecanismos que promovem o esquecimento.
Isto é memória seletiva. Ter consciência desse processo nos ajuda a usá-lo a nosso favor, esquecendo-nos das situações desconfortáveis ou que nada agregam. Eventos traumáticos são muitas vezes esquecidos, embora seus sintomas possam perdurar, mesmo que não tenhamos consciência deles.
As memórias podem ser olfativas, visuais, auditivas, táteis ou do paladar. Há pessoas com memórias mais aguçadas em alguns aspectos que em outros. Os processos de memória não descansam e trabalham durante todo o dia, por isso precisam filtrar as informações para manter as importantes e ignorar as irrelevantes.
É possível lembrar do perfume que nossa avó usava há 20 anos, mas somos incapazes de nos lembrar da cor da roupa da garota que nos atendeu na loja no dia anterior, e talvez não nos lembremos do que almoçamos no domingo.
Nossa saúde emocional depende de como lidamos com as memórias. O apóstolo Paulo afirma: “uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que para trás ficam, e avançando para as que diante de mim estão, prossigo para o alvo, para o prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus.” Ficar amarrado ao passado de mágoa e dor, pode nos impedir de avançar.
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