Não é fácil lidar com pessoas vulneráveis. Também é muito pesado lidar com as próprias vulnerabilidades, mas ainda mais difícil é vulnerabilizar-se. Principalmente para aqueles que sempre foram durões, autônomos e independentes, e que sempre achavam que eram capazes de resolver suas lutas sem depender de ninguém. A dinâmica social nos encoraja a sermos homens de ação, proativos. O empreendedorismo é encorajado, a competitividade é louvada. Mas ninguém nos ensina a lidar com a vulnerabilidade dos pais quando ficam idosos, e muito menos com a nossa própria necessidade de depender dos outros.
Por isto, quando surge a fraqueza, o inesperado, a doença e a velhice e precisamos dos outros, nós, que sempre tínhamos as coisas sobre controle e muitas vezes sequer considerávamos as sugestões dos outros, somos profundamente impactados. Como lidar com situações em que nossa voz não é ouvida, e quando, muitas vezes sequer temos voz?
Cuidar e ser cuidado deveria ser algo natural, afinal, o ser humano não é um ser gregário? A realidade da mútua dependência deveria ser espontânea. Deveríamos ter uma clara consciência da vulnerabilidade por causa da natural limitação: somos pó e ao pó voltaremos. Não há espaço para a arrogância. Trazemos em nossos corpos a marca da finitude. Ele tem prazo de validade. Todo orgulho será implacavelmente punido porque não resiste aos testes mais duros da fragilidade. Diante da vulnerabilidade alguns desejam até mesmo a morte, mas ela não vem.
Não é fácil ser vulnerável, deixar-se tocar, ser cuidado. O corpo antes tão elegante e viril, se torna flácido e marcado pelas rugas. Pior ainda: recusa a obedecer aos comandos que o cérebro dá. Ele não caminha mais com desenvoltura, e a própria mente, eventualmente, perde seu vigor: a memória e o raciocínio enfraquecem. Vulneráveis... queremos espantar o medo, nós que fomos tão ousados. Não entendemos a própria tristeza e medo do coração. Como diz Santo Agostinho: “A mente controla o corpo, mas a mente não controla a mente...”
O Salmista indaga: “Por que estás abatida oh minha alma? Por que te perturbas dentro em mim?” É o grito da alma que se espanta com a realidade da fragilidade e da ameaça, seja ela real ou imaginária.
Lidar com a vulnerabilidade é lidar com a essência da humanidade. Somos intrinsecamente frágeis. Não somos capazes de entender uma doença que lenta e vigorosamente invade nosso sistema e nos coloca numa cama, ou que altera toda nossa capacidade de julgar os fatos. Porém, apenas a vulnerabilidade tem o poder de restituir nossa humanidade, destruir a arrogância, enfraquecer a vaidade e o orgulho, dar sensibilidade para lidar corretamente com a vida, e a respeitar a dor do outro, que também experimenta seus limites. Nos torna, acima de tudo, humanos.
Excelente reflexão
ResponderExcluirExcelente!
ResponderExcluir👋👋
ResponderExcluirMaravilhoso, nos faz pensar 🧐
ResponderExcluirVulnerabilidade.. Outro algo difícil de lidar.
ResponderExcluir" a vulnerabilidade tem o poder de restituir nossa humanidade, destruir a arrogância, enfraquecer a vaidade e o orgulho" - enfim, leva-nos a depender mais ainda de Cristo, nosso Senhor, provedor
ResponderExcluirE isso aí amado Pastor e amigo
ResponderExcluirRealidade!
ResponderExcluirPr. Samuel é inspirado com o Espírito Santo de Deus em suas reflexões. 👏🏽
ResponderExcluirBom demais ler seus textos com tanta sabedoria e verdade!
ResponderExcluirParabens pastor Samuel!
Amem está e a nossa porção q Deus nos Deu, por isto que devemos descansar NELE
ResponderExcluirMuito bem. Colocado esse comentário. Precisamos de mais coisas assim que chame nossa atenção.
ResponderExcluirQuanta sabedoria em um texto.
ResponderExcluirMaravilhoso!
ResponderExcluirGlórias a Deus! Ensinamentos maravilhosos!
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