O Brasil já está parado há mais de dois meses. Certa impaciência e angústia vão tomando conta dos que estão fechados em casa porque fazem parte do grupo de risco, daqueles que precisam trabalhar e não estão encontrando o caminho para o retorno, dos estudantes que estão longe da escola e precisam apresentar suas atividades e, também, dos professores que têm de preparar as aulas, acompanhar os alunos, corrigir tarefas. Tudo isso no ambiente doméstico onde a distração, o barulho e a circulação de pessoas transformam o trabalho em algo desgastante, muito mais oneroso.
Por outro lado, temos ainda a situação das escolas públicas, nas quais os estudantes não possuem computadores nem internet e por isso não acompanham as aulas. Para muitos, o ano letivo será um ano perdido, assim como o será para a economia, que já tem a previsão do Banco Central de um PIB negativo de 6.25% para 2020.
O que mais angustia em tudo isso é a falta de previsão. Quando vai acabar? Quando as coisas voltarão à normalidade? Isso gera ansiedade e aos poucos as pessoas vão lidando flexibilizando o enfrentamento da enfermidade: pequenos encontros já têm sido marcados, reuniões familiares têm ocorrido e grupos menores de amigos têm se visto porque ninguém está conseguindo mais lidar com o estresse e a tensão que o isolamento gera.
Meus pais, idosos, estão acompanhando a reforma de uma de suas casas, vizinha à casa onde moram.Todos os dias eles se arriscam e saem de casa. Vão até a obra para não fazerem nada, mais pela impaciência que sentem de estar apenas em casa. Meu pai vive um momento em que não se preocupa muito com as coisas, mas minha mãe, mais consciente e ativa, começou a ter choros de saudade dos filhos. Ela tem se sentido solitária e fala em morrer porque se sente “velha e inútil” e assim por diante. São os efeitos colaterais.
E aí? O que fazer? Flexibilizar ou avançar? Quando será o pico da doença? Isolamento social ou distanciamento social? Governador de Nova York, Andrew Cuomo recentemente foi bombardeado por perguntas de jornalistas sobre o desenrolar da situação sobre as propostas para o seu Estado. Por várias vezes Cuomo respondeu: “I don’t know!”, revelando o sentimento de incapacidade que temos, já que não há um procedimento seguro e um protocolo confiável.
Para complicar ainda mais, grupos políticos polarizaram e radicalizaram suas posições e não mais importa o que pensa a ciência (se é que a ciência também está sabendo alguma coisa...). Cada um vai repassando as informações e as fake news que mais interessam ao seu modo de pensar, mesmo porque ninguém sabe ao certo o que vai acontecer nos próximos dias.
Mais do que nunca a impotência humana, diante de um vírus tão pequeno, nos leva a considerar a importância de pedir a Deus misericórdia e sabedoria para que, os que governam o País e os que são responsáveis pelas pesquisas científicas tragam graça e bom senso em meio ao caos e ao medo. Que Deus nos ajude!
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