Segundo a Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma), dos dez medicamentos mais vendidos no Brasil, quatro são utilizados para diminuir dores, sendo que o fármaco mais consumido é o relaxante muscular Dorflex, cujo consumo gera mais de R$470milhões ao ano. Na lista da Interfarma, o Rivotril ocupa o sétimo lugar.
Em um artigo publicado no último dia 20 de maio na Revista Veja, o jornalista Eduardo Gonçalves apontou o Rivotril como o remédio mais consumido no Brasildurante a pandemia de covid-19. “Esta droga parece ser feita sob medida para os dias estressantes de pandemia. As vendas comprovam essa impressão. Segundo dados do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), a comercialização do medicamento aumentou 22% em março e abril deste ano comparado ao mesmo bimestre do ano passado, saltando de 4,6 milhões para 5,6 milhões de caixas”, pontuou. O medicamento é usado no tratamento de pacientes com depressão, insônia e crises de ansiedade.
O Rivotril tem efeito sedativo sobre o sistema nervoso e por isto é tão consumido. Estudos apontam que os casos de depressão aumentaram 90% com a pandemia, estresse agudo 40% e as crises de ansiedade saltaram para 71% no mesmo período.
Isso levanta uma bandeira vermelha para todos nós. Tenho encontrado pessoas próximas à beira de um colapso nervoso por causa da quarentena. Percebi esses sintomas em pessoas da família e da comunidade que frequento. Pessoas fortes, em geral, são as que mais sofrem, porque gostam de controlar tudo e são as últimas a pedir ajuda. O orgulho não permite que admitam suas fraquezas e vulnerabilidades, e procurem suporte e ajuda. Quando a crise surge, pode vir mascarada ou em surtos muito intensos.
Os sintomas não discriminam sexo. Estatisticamente as mulheres são mais suscetíveis à depressão que os homens. De cada grupo de 100 pessoas, 75 são mulheres, mas tanto um grupo como o outro pode ser vitimado nesse contexto.
Nesta semana ouvi uma entrevista com o cientista Francis Collins, de Washington D.C., sobre a tensão causada pelo isolamento social. Ele afirma que, ao contrário das outras tragédias humanas, em geral era possível ser solidário e estar com as pessoas que sofriam. Já nesta crise, sequer podemos estar ao lado das pessoas que amamos e que estão enfermas. E em muitos casos, também não se pode sepultá-las. E ele fala de como são necessários determinados ritos humanos para amenizar o sofrimento.
Portanto, nestes dias críticos, o conselho imediato é para que cuidemos de nossa saúde mental e nos asseguremos de que nossos queridos, principalmente os grupos mais vulneráveis, que têm permanecido fechadosem casa, estejam bem.
Nenhum comentário:
Postar um comentário