Contentamento é um estado de espírito, mais que o resultado de situações
favoráveis.
Nunca a sociedade humana teve tanto conforto, boas condições de
Nunca a sociedade humana teve tanto conforto, boas condições de
saúde, recursos pessoais e desenvolvimento humano como nesta geração, mas,
apesar disso, os índices de depressão, síndrome de pânico, ansiedade e suicídio
têm se tornado cada vez mais alarmantes. Nas décadas de 80 e 90 nos EUA, cerca
de 400 mil adolescentes suicidaram. Esse fato tornou o suicídio a segunda causa
mortis do País, depois dos acidentes de carro.
De acordo com informação publicada pela Revista Ultimato na edição de
janeiro/fevereiro deste ano, “o número de pessoas ‘doentes de tristeza cresce no
mundo e o Brasil está no topo desse ranking – somos campeões na incidências de
depressão e ansiedade.” Quando lemos algo do tipo ficamos alarmados e
rapidamente nos perguntamos: o que há de errado com a civilização?
Tenho um amigo amazonense, daqueles homens intelectuais de pé no chão,
profundamente ligado à cultura da terra e aos hábitos simples da população
ribeirinha. Certo dia ele fez a afirmação chocante de que nunca tinha visto doentes
mentais entre os moradores das palafitas. E segundo o meu amigo a explicação
seria simples: doenças mentais são um fenômeno urbano.
Perdemos o contentamento! Perdemos o estado da alma que sente
satisfação, paz e serenidade. Não há terreno fértil para o contentamento diante da
competição social e do egoísmo humano e muito menos diante da nossa natureza
desgostosa, gananciosa. O ambiente que nos cerca propicia insatisfação, levando-
nos a desejar mais do que realmente precisamos. “Compramos coisas que não
precisamos, com o dinheiro que não temos, para impressionar pessoas das quais
não gostamos”. A alma humana, insaciável, nunca diz basta. Os olhos nunca se
contentam. Apesar de ter muito, a alma continua vazia porque falta o essencial:
sentido e propósito profundo na existência.
Contentamento não tem a ver com bens, nem com circunstâncias porque é
um estado da alma. Muitos se satisfazem com pouco, em um ambiente de singeleza
e alegria. Concomitantemente, outros se perdem no muito, com a alma inquieta e
desassossegada.
Jesus percebeu a inquietação dos seus discípulos quando lhes perguntou:
“Qual de vós, por ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado ao curso de sua
vida?”. Os evangelhos dizem que ele olhou para a multidão que o seguia, cansada,
como ovelhas sem pastor e os convidou: “Vinde a mim todos vós, que estais
cansados e sobrecarregados, e eu vos aliviarei. Tomais sobre vós a minha canga, e
aprendei de mim, porque sou manso e humilde de coração, e achareis descanso para
as vossas almas”. O verdadeiro contentamento é enraizado em Deus.
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