quinta-feira, 30 de março de 2017

Paradoxos



A vida é marcada por paradoxos.

A umidade gera ferrugem no ferro, mas dá vida ao musgo. O vento apaga uma vela mas alimenta o incêndio de uma floresta. O sol derrete a cera mas endurece o barro. A mesma condição atuando sobre dois corpos quimicamente diferentes leva a resultados opostos.
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Milton Nascimento na sua música Encontros e Despedidas afirma: “Todos os dias é um vai-e-vem, A vida se repete na estação. Tem gente que chega pra ficar, tem gente que vai pra nunca mais; tem gente que vem e quer voltar, tem gente que vai e quer ficar; tem gente que veio só olhar, tem gente a sorrir e a chorar. E assim chegar e partir, são só dois lados da mesma viagem. O trem que chega é o mesmo trem da partida”.

Por esta razão, as condições não são tão importantes quanto às respostas que damos. Vitor Frankl ao se referir aos seus algozes nos dias que estava nos campos de concentração diz que eles podiam fazer o que quisessem com os prisioneiros, exceto determinar que resposta dariam às afrontas recebidas, porque cada um reagia de forma diferente a agressão sofrida. Em outras palavras, “o que acontece conosco não é tão importante quanto o que acontece com aquilo que nos acontece”.

Por esta razão é que lidamos de forma diferente com a vida. Uma provação, perda ou luto para alguns pode se transformar numa experiência de revolta e amargura contra Deus; a mesma experiência pode gerar fé, resistência e ousadia em outros. Momentos de dor podem ser altamente produtivos  para alguns, e para outros traumático e incurável. Uma tragédia pode gerar profunda fé em alguns; em outros ceticismo e ira. A velhice pode se transformar numa experiência de resignação, desistência e falta de vontade de viver; para outros, abrir oportunidades e descobertas profundas e maravilhosas.

Bob Moorehead escreveu interessante artigo sobre o paradoxo do nosso tempo: 
Nós bebemos demais, fumamos demais, gastamos sem critérios, dirigimos rápido demais, ficamos acordados até muito mais tarde, acordamos muito cansados, lemos muito pouco, assistimos TV demais e  raramente oramos. Multiplicamos nossos bens, mas reduzimos nossos valores. Falamos demais, amamos raramente, odiamos frequentemente. Aprendemos a sobreviver, mas não a viver; adicionamos anos à nossa vida e não vida aos nossos anos.”

O que estamos fazendo com as experiências atuais? A longo prazo o que importa não é o que nos acontece, mas sim o que fazemos com aquilo que nos acontece. Que respostas temos dado às provocações e oportunidades recebidas? Como reagimos diante dos eventos que nos sobrevém? Nossas respostas estão nos amadurecendo ou nos “idiotizando”? 

Lembre-se: Sua resposta ao que está acontecendo hoje, determinará o que você será amanhã. 


quinta-feira, 23 de março de 2017

Como operam as forças do bem e do mal?


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O universo é harmônico. As leis da natureza possuem princípios ativos de ação e reação, que são sincrônicos e complementares, como numa enorme esfera cujo eixo faz seu movimento de ida e vinda, de forma quase infinita. Por esta razão, a ciência é capaz de experimentar suas teorias. Ela observa os princípios subjacentes à determinada ordem biológica ou química, e é capaz de antecipar os movimentos, calculando o tempo em que determinado processo se repetirá.

Esta ordem cósmica, permitiu que Edmond Halley descobrisse em 1696, que o planeta que hoje leva seu nome, retornava às regiões interiores do Sistema Solar a cada 75.3 anos aproximadamente. Ele observou através do estudo da astronomia que esta estrela era a mesma descrita pelo Talmude no século I D.C como “uma estrela que aparece em cada setenta anos e assombra os capitães dos navios”. A ordem do sistema solar, permitiu isto.
Não dá para desprezar os princípios que ordenam a vida.

A Colheita do Bem

A Bíblia ensina: Não vos enganeis: de Deus não se zomba; pois aquilo que o homem semear, isto também ceifará. Porque o que semeia para a sua própria carne colherá corrupção; mas o que semeia para o Espírito, do Espírito colherá vida eterna” (Gl 6.7-8). 

Existem algumas claras leis da semeadura, e uma delas é que colhemos o que plantamos. Muitos querem colheita, mas não fazem semeadura.

No mundo psicológico atualmente fala-se muito em depósitos emocionais. Autores como Wayne Cordeiro afirmam que se queremos saques, precisamos fazer depósitos. Não dá para sacar em uma conta sem crédito. Para Deus é assim também. Esta é a lei natural. Aquele que semeia injustiça, não pode esperar outra colheita. Jesus disse a Pedro: “Aquele que lança mão da espada, da espada perecerá”. Ninguém semeia abacaxi esperando colher laranja. Precisamos lançar sementes de vida, de saúde, de paz, para que estas coisas retornem para nossas vidas. 

Muitas vezes nos cansamos do bem, especialmente quando percebemos que o mal prevalece. Você nunca ficou com a sensação de que pessoas bondosas são massacradas, enquanto as arrogantes e perversas se dão bem? Eventualmente o bem parece muito frágil na sua essência e o mal, tão concreto. Podemos até mesmo achar que o bem é impotente. Será que haverá vitória do bem? Parece que o mal domina.

Os últimos eventos políticos brasileiros tem sido desanimadores. O mal parece triunfar, se reinventar, se perpetuar. As colheitas (a conta) que ele vai deixando é devastadora. Ninguém constrói uma nação com injustiça e abusos. A conta chega. O mal inflexível retorna com sua ação bumerangue, cobrando dividendos, assim como o bem que por sua própria natureza, gera uma colheita de vida. A semeadura de hoje aponta para a colheita de amanhã. É bom estar atento para uma antiga canção que diz: “certa é a colheita, a colheita tem de vir”. Assim operam as forças do bem e do mal.





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terça-feira, 14 de março de 2017

Mentalidade de consumo

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Esta é a época do consumidor. 
Afinal, o cliente não tem sempre razão?

Certa empresa americana recebeu a reclamação de um cliente dizendo que havia comprado quatro pneus, mas não estava satisfeito, e queria devolvê-los. O vendedor chamou o gerente, que assinou a devolução. Ele foi ao caixa e recebeu sua grana de volta.

Este episódio seria cotidiano, exceto por um detalhe: Aquela empresa não vendia pneus. Quando o assunto chegou à diretoria, o gerente foi elogiado, pois um cliente satisfeito normalmente compartilha isto com uma pessoa, mas quando está insatisfeito, fala para outros onze.

Qual é o perigo da mentalidade de consumo?

Facilmente transferimos esta forma de lidar com mercadorias, projetando-a em pessoas, e assim construímos relacionamentos baseados em conforto e bem estar, e não em compromisso, responsabilidade e cuidado mútuo.

É fácil se tornar um consumidor nos relacionamentos humanos. É comum vermos pessoas se aproximando das outras tendo apenas amizades funcionais, assim, enquanto encontram vantagens são amigas, mas quando torna-se necessário encorajar e apoiar, tal relação é rompida e a pessoa é descartada.

Na esfera comercial, fala-se hoje de obsolescência industrial. Um produto é feito para durar um tempo curto, e não para durar, por isto eletrodomésticos precisam ser constantemente trocados, sendo substituídos por outro. O mesmo se dá na área emocional, já que a humanidade sofre de obsolescência afetiva, ou como Zigmunt Bauman afirmou, somos uma sociedade de “amor líquido”. As relações não tem consistência  nem são duráveis, mas passageiras e temporais. Nós não nos comprometemos com os outros, mas usamos os outros.

A família sofre direta e recorrentemente deste mal. Casais não se comprometem para cuidar, mas para receber benefícios. Enquanto vale a pena e há proveito, o relacionamento é mantido, mas qualquer sinal que leve ao sacrifício e doação, torna-se uma razão para que o relacionamento seja interrompido.

Até mesmo na religião tem surgido o consumismo religioso. As pessoas não se aproximam de suas comunidades perguntando como podem servi-las, mas olhando qual beneficio poderão receber. O propósito não é servir, cuidar, ajudar, cooperar, mas receber e levar vantagem, e, se a “mercadoria” não parece boa, muda-se a prateleira e busca-se outro “shopping espiritual” para satisfazer a insaciabilidade do consumo.


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É importante refletir no fato de que a doação, o compromisso e o sacrifício, apontam para aspectos mais profundos da alma. Relacionamentos significativos florescem em compromissos sólidos, enquanto o consumismo sufoca relacionamentos autênticos. Quando a mentalidade de consumo é desmascarada, a pessoa entende que é responsável, e para quem é responsável. Quem quiser criar uma cultura de relacionamentos profundos e duradouros, precisa aprender a se comprometer e doar.

sexta-feira, 10 de março de 2017

Desejo


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Certo escritor francês narra o estranho episódio dentro de um  restaurante, quando o garçon se aproxima do cliente e lhe pergunta: -“O que o senhor deseja?”, e ele respondeu de forma lacônica e surpreendente: “Eu queria ter um desejo!”

Perder o desejo não é algo tão incomum. Ele é mais comum nos idosos, mas acontece frequentemente na meia-idade. O desejo perdido pode ser pelo sexo, comida, lazer, viagem e muitas outras coisas, mas o pior e mais perigoso de todos é perder o desejo... de desejar.

Alguns se sentem plenos com comida farta, casa cheia, viagens, festas, academias e até mesmo uma boa cama. Outros se satisfazem com compras, roupas e joias. Muitos destes desejos podem se tornar destrutivos, idolátricos e perniciosos- mas ainda assim, trata-se de um desejo.

Nada desejar é morrer antecipadamente.
Uma pessoa não é velha por causa da idade avançada, mas quando nada mais deseja.

Já viram idosos que sonham e fazem planos? Os desejos e sonhos os mantém vivos. Por outro lado, é muito comum encontrar idosos que desistem da vida e nada mais desejam. Quando isto acontece, perde-se o brilho nos olhos e a vida perde o sentido.

Erik Erikson afirma que na velhice surgem duas possibilidades, diametralmente opostas: desistência ou celebração.

No primeiro, está a apatia. Nada mais importa. Ouvi falar de um longevo senhor de Manaus que em certo dia decidiu que não queria mais viver. Amuou numa rede, não quis mais comer, os amigos insistiam para que se alimentasse, mas ele se manteve resoluto. Trinta dias depois, entrou num quadro de inanição e morreu. Perdeu o brilho das coisas. Assim acontece com aqueles que desistem: tornam-se egoístas, introjetados, indiferentes, distantes e isolam-se afetivamente das pessoas.

Na celebração, a pessoa encontra prazer em se dedicar a determinada função, encontra algo que atribui sentido e propósito. Na medida que envelhece, é natural ser mais seletivo e procurar atividades apropriadas à idade, descobrindo o prazer em servir, cuidar, ser generoso com os bens, abençoar, praticar determinado lazer, pescar, viajar, ler, se envolver em jogos familiares. Eles se abrem para outros. Esta é característica da celebração.

Mais cedo ou mais tarde chegaremos a um ponto no qual teremos que perguntar se queremos envelhecer com amargura, ceticismo, cinismo, grosseria e rudeza; ou nos abriremos para amar, doar, viver e celebrar. As duas alternativas estão diante de nós, e precisamos descobrir o que queremos fazer com nossa história.

Intencionalidade e desejo certamente são dois fatores que podem nos impulsionar a viver, com qualidade, alegria e celebração.  

quinta-feira, 2 de março de 2017

Senhor Destino


Assim como na mitologia e nas lendas, a ficção só se torna atraente porque ela é capaz de despertar sentimentos mistos e desejos mágicos que o ser humano possui, e que tem a ver com superpoderes, eterna juventude e imortalidade, isto é, ter controle sobre a vida e a morte, sobre o além e a própria história.
Senhor Destino é um personagem de ficção, criado por Gardner Fox e Howard Shermanm do Fun Comics # 55. Quando acompanhava o pai numa escavação arqueológica no vale de Ur, na Mesopotâmia, o garoto Kent Nelson encontrou a tumba, e ao abri-la, trouxe de volta Nabu, mas com um grave efeito colateral: os gases expelidos mataram seu pai, deixando-o sozinho, passando a ser orientado por Nabu. Pouco depois de ajudar a fundar a Sociedade da Justiça, Kent descobriu que sua personalidade estava sendo usurpada pela de Nabu quando usava o elmo, então, Kent decide usar um elmo comum, reduzindo assim seus poderes.
O termo destino foi traduzido do inglês “fate” que pode significar “destino”, “sorte” ou “fatalidade”. Entre as habilidades do Senhor Destino está o controle sobre os quatro elementos da alquimia; o disparo de rajadas místicas; a abertura de portais dimensionais; escudos de energia e imortalidade.
Assim tem vivido o homem, tentando encontrar a pedra filosofal, o cálice da eterna juventude, os poderes secretos da magia e da feitiçaria. O feiticeiro é que alguém que tenta controlar o destino, as pessoas e a história. Ele julga falsamente, que caso se alie às magias e poderes espirituais, poderá controlar os eventos e assumir o poder da história. Este é o desejo: não ser pego pelo “Senhor Destino”. Por isto o misticismo e esoterismo são tão populares em nossos dias.
Particularmente não sou adepto do conceito de destino, porque ele sugere fatalidade, sorte, acaso, e todos os conceitos ligados ao maktub, e por isto, contrários à visão de providência e soberania de Deus. Os magos, tentam controlar os eventos, os poderes da terra, água, fogo e ar, e as próprias entidades, deuses e demônios. É isto que busca o feiticeiro: determinadas fórmulas mágicas e secretas, poderiam controlar o destino.
Aqueles que depositam sua fé em um Deus pessoal, tentam identificar-se e amoldar-se à vontade de Deus. Na magia o homem tenta controlar Deus; na fé, o homem se submete a Deus. Na primeira, busca-se poder; na segunda, submissão. Na verdade, muitos cristãos desenvolveram um falso conceito de que se tiverem a equação certa e cumprirem determinados ritos, decretarão e Deus será obrigado a fazer o que querem. Por isto se julgam no direito de exigir e decretar a Deus, que forçosamente fará o que foi exigido. É uma espécie de macumba evangélica. Controle de Deus.

O Senhor Destino é ficção. A história está cheia de surpresas, e muitas vezes a realidade é bruta. Na feitiçaria, tenta-se ter o controle do destino; a fé genuína, se submete ao plano soberano, amoroso e santo de Deus, muitas vezes enigmático em seus propósitos, nem sempre compreensível nos seus planos, mas ainda assim – Alguém a quem podemos subordinar nosso destino.