Quem tem mais de
20 anos, aprendeu nos bancos de escolas, que Plutão era um dos planetas do
sistema solar. Pois bem, se você aprendeu assim, pode “desaprender”. O planeta Plutão foi descoberto em 1930, pelo astrônomo norte-americano Clyde
Tombaugh e ficou conhecido como o menor, mais frio e
distante planeta do Sol. Por causa de uma
reclassificação da União
Astronômica Internacional (UAI), no dia 24 de Agosto de 2006, este planeta
perdeu seu status anterior, e se tornou um “planeta-anão”. De acordo com as
novas regras, um planeta deve satisfazer três critérios: deve orbitar o sol,
deve ser grande o suficiente para a gravidade moldá-lo dentro da forma de uma
bola e sua vizinhança orbital deve estar livre de outros objetos. Plutão não
atende a estes requisitos.
Outro dado
interessante é que depois de nove anos de viagem à velocidade de 52.800 mil km/hora, a espaçonave New Horizons, da
Nasa, chegou a Plutão e fará observações científicas precisas nas proximidades
desse gélido planeta-anão. Plutão é muito frio e sua menor temperatura pode
chegar a menos 230 graus Celsius. A gravidade nesse planeta-anão equivale a
1/15 da gravidade terrestre, por isto, um ser humano que pese 100 kg na Terra
pesará apenas 6,66 kg em Plutão.
Na verdade,
Plutão não deixou de ser o que sempre foi, ele apenas recebeu da parte dos
pesquisadores, outra nomenclatura. Ele continua sendo o que era, mas deixou de
ser aquilo que diziam dele. Esta constatação científica não mudou sua essência,
mas alterou sua definição, aquilo que falavam dele.
Creio que
isto se parece com a humanidade. Não somos aquilo que falam de nós, mas aquilo
que somos de fato. Alguém afirmou que reputação é o que dizem a nosso respeito;
caráter é aquilo que de fato somos. A melhor maneira de saber a verdadeira
natureza de homem é quando a luz se apaga, e ninguém o observa. Caráter é o que
somos na vida privada, sem holofotes.
Nesta semana li um artigo que dizia: “Ultimamente estou igual plutão,
frio, distante e solitário.” Certamente o autor não elaborou uma boa definição
acerca de si mesmo, mas esta auto percepção pode refletir o estado de alma ou
um momento de vida. Certa pessoa com o estado de humor alterado, afirmou que estava
ficando velho e se tornando cínico, cético e grosso.
Envelhecer ranzinza conduz inexoravelmente para a síndrome de plutão. É
fácil se isolar, se tornar insensível, sentir-se alijado e discriminado, não
ter amigos, enfrentar o frio na alma e a solidão de espírito. Mas viver assim é
uma decisão, ou, quem sabe, a decisão de não decidir por uma vida de doação,
aproximação, calor e amizade. Afinal, nossa decisão determina o estilo de vida
que teremos, e o que somos e fazemos. Talvez seja melhor afirmar como o poeta:
“Medo, eu não te escuto mais, aonde tenha sol, é prá lá que eu vou!”
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