quarta-feira, 15 de julho de 2015

Impressões do Araguaia


No final do mês de junho, ao lado de um casal querido dos Estados Unidos e minha esposa, fomos para a pousada Água Branca, no município de Formoso do Araguaia, e às margens deste rio encantador, passamos três dias de descanso, pescaria, boa comida e risadas.

A estrada está num excelente estado de manutenção, e mesmo os 50 KM, de estrada de terra, estavam muito bem conservadas, até o porto Fio de Velasco, de onde subimos mais uma hora e meia de barco para a pousada.

O Rio Araguaia continua exuberante. E para minha surpresa, muito bem mantido. Vi pouca sujeira nas suas margens, a natureza está muito em preservada, a pescaria esportiva é praticada, e os pirangueiros, que nos levavam para pescar, cuidavam muito bem dos peixes apanhados, lutando pela sua preservação, e o lixo produzido dentro dos barcos, como papéis, plásticos, latas e garrafas de refrigerante eram cuidadosamente guardado e colocados em lugar adequado.

Da parte dos pescadores e turistas, há também um grande cuidado em não estragar nada, em preservar a natureza. Por força de lei, no Estado de Goiás, até o final de 2016, nenhum pescado pode ser trazido, podendo apenas ser consumido na beira do rio, e isto amplia grandemente a chance de termos peixe em grande abundância na região, nos próximos anos. Com o Estado e os cidadãos cuidando, haverá sempre um equilíbrio sustentável para a região.

Quando contemplo a natureza, e olho a beleza daquilo que Deus criou, lembro-me da ordem dada por Deus no Éden, ao dar instrução ao homem e à mulher para que guardassem, cuidassem e mantivessem o jardim. Portanto, trata-se de um mandato cultural e ecológico, que faz parte da ordem e design da criação. Deus se preocupa com sua criação e orienta o homem a agir de forma responsável no contato com a natureza. Quebrar este princípio é ferir, no seu fundamento, o propósito dado por Deus ao ser humano.

Ecologia não é modismo, faz parte do projeto da criação. Igreja, sociedade e família devem ensinar isto à próxima geração, e nós, os mais velhos, precisamos dar exemplo de cuidado. Acredito que a nova geração, felizmente, possua uma consciência mais clara do que nós mesmos, em relação ao cuidado e proteção da natureza. É conhecido de todos que boa parte dos que se dirigiam ao Araguaia e seus afluentes, alguns anos atrás, traziam quantidades imensas de peixes, eram implacáveis e destrutivos com as matas e cerrados, não cuidavam bem do lixo que produziam, mas hoje é possível perceber uma nova consciência de cidadania que tem mudado sensivelmente esta tendência destrutiva.


Cuidar da natureza, antes de ser um ato cívico e moral, ou um ato de cidadania, precisa se tornar uma questão teológica, ligada à fé e a espiritualidade. Deus criou a natureza para ser preservada. Quatro ordens relacionadas à natureza foram dadas por Deus ao homem, no livro de Gênesis: (a)- O homem deveria sujeitar a terra; (b)- Deveria dominá-la; (c)- deveria cultivá-la; (d)- Deveria guardá-la (Gn 1.28; Gn 2.15). A ordem de sujeitar e dominar a terra, não pode ser dissociada das outras duas ordens dadas: De cultivá-la e guardá-la. Deixar de cuidar da natureza não é apenas um crime, mas quebra de um princípio de Deus. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário