Que mistério maravilhoso existe num útero que acolhe
gentilmente a semente plantada, recebendo um outro ser, completamente distinto
de si, e que por ser tão diferente torna-se tão igual.
O bebê depende inteiramente destas misteriosas entranhas
uterinas onde encontra seu habitat, ambientação, nutrição e vida. Alimentado
pelo cordão umbilical, protegido pelo líquido amniótico.
Somente Deus seria de conceber algo tão magnífico como o
seio. A dependência é tão grande que mesmo estando fora do útero, a criança precisa
dele para sua sobrevivência. Vínculo estabelecido, identificação simbiótica. O bebê
se “co-funde” no aleitamento, considerando-se ainda parte da mãe.
Antes de nascer, quando é ainda um zigoto, a identificação já
existe de forma tão absurdamente complexa que torna-se descomplicado entender, tão
sobrenatural que é natural. É por ser assim tão divino, que mãe é mais que
poesia, é magia; é mais que útero e placenta, é afeto; é mais que mulher, é
encanto.
A sorte do mundo se lança ali nos vínculos maternos. As
primeiras compreensões de aceitação/rejeição, dos afetos e do mundo se
constroem neste primário relacionamento, útero/criança; seio/vida. No útero que
acolhe, no seio que alimenta, no braço que acolhe, muito antes de qualquer elaboração
abstrata, a percepção de mundo vai sendo construída, no cuidado protetor, no
abraço que inspira.
Quando Deus resolveu se tornar gente e caminhar entre nós
por meio de seu filho Jesus, ele demonstrou sua confiança radical numa mãe, decidiu
ser acolhido no útero de Maria, se nutrir de seus seios e se permitiu depender
inteiramente desta mãe adolescente. Bastava ser mãe... Deus realmente sabia o mágico
significado que se encontra presente neste sublime conceito de maternidade e
dependeu de uma mulher, mãe, e se tornou menino, completamente dependente dos
cuidados e da nutrição desta mãe.
Ele sabia que dava para confiar numa mãe...
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