O Mundo precisa de colo!
Não apenas do útero e seios, mas de colo.
Colo é o lugar onde se resolve quase todas as dores
infantis: O medo do inseto, a dor do arranhão no joelho, o bicho da sala
escura, o choro de não sei o que... basta qualquer pequena ameaça e a criança busca
um colo, se for o da mãe, melhor... Se não, serve o do pai mesmo... E ali, no
aconchego, quase tudo se resolve.
O problema é que falta colo e sobram dores. Os pais estão atarefados
demais, exigidos num mercado de competitividade, numa luta constante para o
luxo e a sobrevivência. O importante é prover... fartamente... se der tempo,
nutrir, dar colo. Sobram provedores, falta aconchego.
A ausência do colo é fatal. Colo não é apenas o lugar em que
se busca o alimento, mas o lugar em que se experimenta serenidade. A criança descansa,
se sente segura. O choro nem sempre é de manha, é quase instintivo, desejo de
intimidade, proximidade, calor.
Mãe é sempre mãe, mas precisamos de pais e avós para ninar.
O colo não pode ser o lugar do abuso e do pesadelo. Não foi feito para punir, machucar.
Uma fotografia tirada na Síria e publicada no dia 19 de
Abril de 2015 na Folha de São Paulo, me chocou. Era de uma criança com menos de
2 anos que ao ver o fotógrafo apontando a câmera na sua direção,
instintivamente levantou as mãos, num gesto de rendição. Crianças não devem se
sentir ameaçadas, mas devem fazer poses para fotos.
Lares pobres e ricos perderam a capacidade de dar colo.
Certo casal me procurou afirmando que queria se separar. Na verdade
não sabia “como se separar”. Acho um sinal de esperança quando me procuram para
separar, porque quem quer separar mesmo não procura o pastor, mas o advogado.
No meio da insegurança e do desabafo, uma cena me chamou a atenção. A mulher toca
carinhosamente no rosto de seu marido, abatido e cansado e diz: “Eu só queria
que ele me procurasse, me desse um pouco mais de atenção, me tocasse”.
Este é o ansioso desejo da maioria dos homens e mulheres, de
filhos pequenos e avós. Uma geração ansiosa por acolhimento e toque...
desejosas de colo.
Em tempos de afetos tão mesquinhos, de ensimesmamento e
fechamento, falta toque, ternura, abraços, beijos.
Por isto a figura materna se torna indispensável. Quem dá
colo? Quem nutre? Quem acolhe? Conquanto esta tarefa não seja apenas materna,
feliz o homem que teve colo de mãe. Nesta semana minha mãe celebra 79 anos de
vida, e gostaria de expressar minha alegria pelo colo que tive. Espero que esta
mesma contagiante alegria faça parte de suas recordações mais caras neste dia
das mães.
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