quarta-feira, 8 de abril de 2015

Não sofra mais... que o necessário


Sofrimentos são inevitáveis. Apesar das modernas pesquisas médicas que trouxeram alívio a muitas enfermidades: analgésicos, antibióticos, anestesias, a fragilidade humana utiliza outras faces e nos adoecem. São relacionamentos tóxicos, aflições de alma, tribulação, angústias, tristeza e ansiedade.
A experiência mostra, contudo, que sofreríamos menos se, pelo menos, aprendêssemos a lidar com três simples princípios:
1.   Não sofrer por problemas irreais;
2.   Não superdimensionar a dor
3.   Não sofrer demais por aquilo que não é importante.
O primeiro deles pode ser analisado da seguinte forma: Nos angustiamos demais por anteciparmos sofrimentos. A ansiedade é a forma mais visível deste problema. Preocupação é uma preocupação antecipada. Estatisticamente falando, 80% dos problemas que antecipamos, nunca acontecerão. Imaginamos o pior, fazemos previsões equivocadas, nos ocupamos antecipadamente com medos que nunca se concretizam.
O segundo é a desproporcionalidade do sofrimento. Certa pessoa, ao perder sua mãe de 90 anos, disse que estava devastada. O luto é sempre dolorido, mas quanto tempo você acha que seus queridos vão viver? Precisamos entender que as pessoas não durarão para sempre e nos preparar para esta. Podemos nos entristecer, mas não ficar devastado? São raros os que chegam a esta marca histórica. Devemos nos preparar para perdas. Infelizmente superdimensionamos a dor. Esquecemo-nos que outras pessoas também sofrem ao nosso redor. Portanto, dê à dor o seu exato lugar. Não sofrer num luto pode ser tão danoso quanto se desesperar ou não sair do luto. Não devemos negar a dor, mas nunca exagerá-la. Muitos fazem isto por causa do forte egoísmo, achando que têm a prerrogativa de nunca sofrer, ou por auto-comiseração. Cuidado com estes mecanismos psicológicos.
Terceiro, sofra por aquilo que é necessário sofrer. Às vezes, uma perda mínima gera sofrimento máximo, porque não avaliamos corretamente a perda, ou lhe damos valor exagerado. Curiosamente somos sensíveis a determinados fatos que tangem nosso narcisismo ou arrogância e achamos que não podemos perder nunca. Mas não temos sensibilidade com aquilo que move o coração de Deus.
William Booth, fundador do Exército da Salvação, uma organização cujas redes protegem pessoas desamparadas no mundo inteiro tinha o seguinte lema: “Nada do que move o coração de Deus pode deixar de mover o meu coração”. 
Curiosamente somos sensíveis a coisas pequenas, mas não com aquilo que realmente deveria mover o nosso coração. O profeta Jonas irou-se com Deus por causa de uma planta que foi devorada por um verme, porque não teve mais sombra, no entanto, não estava preocupado com 120 mil ninivitas que não sabiam discernir entre a mão direita e a esquerda. Deus o censura pelo seu choro egoísta, mas Jonas continuou achando que tinha razão.
Eventualmente entramos em luto e depressão pela perda de um pequeno animal de estimação. (Todos sabemos como é duro perder um “pet”, não há nada errado nisto), mas não temos a mínima sensibilidade pela dor humana, pelas crianças e mulheres que sofrem violência, por gente que luta para colocar comida à mesa dos filhos, por tragédias humanas que diariamente presenciamos. Nossas preocupações estão deslocadas. Não estou dizendo que não devemos ter sensibilidade com tais perdas, mas existem valores, princípios, ideais, que nunca nos moveram.
O sofrimento é universal, real e presente. Mas devemos repensar sua intensidade. Jesus disse: “No mundo passais por aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o mundo”. Não há dor que não passe. “O choro pode durar a noite inteira, mas a alegria vem pelo amanhecer”.

Sofra, mas não mais que o necessário...  

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