Sofrimentos
são inevitáveis. Apesar das modernas pesquisas médicas que trouxeram alívio a muitas
enfermidades: analgésicos, antibióticos, anestesias, a fragilidade humana
utiliza outras faces e nos adoecem. São relacionamentos tóxicos, aflições de
alma, tribulação, angústias, tristeza e ansiedade.
A
experiência mostra, contudo, que sofreríamos menos se, pelo menos,
aprendêssemos a lidar com três simples princípios:
1.
Não
sofrer por problemas irreais;
2.
Não
superdimensionar a dor
3.
Não
sofrer demais por aquilo que não é importante.
O
primeiro deles pode ser analisado da seguinte forma: Nos angustiamos demais por
anteciparmos sofrimentos. A ansiedade é a forma mais visível deste problema. Preocupação
é uma preocupação antecipada. Estatisticamente falando, 80% dos problemas que antecipamos,
nunca acontecerão. Imaginamos o pior, fazemos previsões equivocadas, nos
ocupamos antecipadamente com medos que nunca se concretizam.
O
segundo é a desproporcionalidade do sofrimento. Certa pessoa, ao perder sua mãe
de 90 anos, disse que estava devastada. O luto é sempre dolorido, mas quanto
tempo você acha que seus queridos vão viver? Precisamos entender que as pessoas
não durarão para sempre e nos preparar para esta. Podemos nos entristecer, mas não
ficar devastado? São raros os que chegam a esta marca histórica. Devemos nos
preparar para perdas. Infelizmente superdimensionamos a dor. Esquecemo-nos que
outras pessoas também sofrem ao nosso redor. Portanto, dê à dor o seu exato
lugar. Não sofrer num luto pode ser tão danoso quanto se desesperar ou não sair
do luto. Não devemos negar a dor, mas nunca exagerá-la. Muitos fazem isto por
causa do forte egoísmo, achando que têm a prerrogativa de nunca sofrer, ou por
auto-comiseração. Cuidado com estes mecanismos psicológicos.
Terceiro,
sofra por aquilo que é necessário sofrer.
Às vezes, uma perda mínima gera sofrimento máximo, porque não avaliamos
corretamente a perda, ou lhe damos valor exagerado. Curiosamente somos
sensíveis a determinados fatos que tangem nosso narcisismo ou arrogância e achamos
que não podemos perder nunca. Mas não temos sensibilidade com aquilo que move o
coração de Deus.
William
Booth, fundador do Exército da Salvação, uma organização cujas redes protegem
pessoas desamparadas no mundo inteiro tinha o seguinte lema: “Nada do que move
o coração de Deus pode deixar de mover o meu coração”.
Curiosamente
somos sensíveis a coisas pequenas, mas não com aquilo que realmente deveria
mover o nosso coração. O profeta Jonas irou-se com Deus por causa de uma planta
que foi devorada por um verme, porque não teve mais sombra, no entanto, não
estava preocupado com 120 mil ninivitas que não sabiam discernir entre a mão
direita e a esquerda. Deus o censura pelo seu choro egoísta, mas Jonas
continuou achando que tinha razão.
Eventualmente
entramos em luto e depressão pela perda de um pequeno animal de estimação.
(Todos sabemos como é duro perder um “pet”, não há nada errado nisto), mas não
temos a mínima sensibilidade pela dor humana, pelas crianças e mulheres que
sofrem violência, por gente que luta para colocar comida à mesa dos filhos, por
tragédias humanas que diariamente presenciamos. Nossas preocupações estão
deslocadas. Não estou dizendo que não devemos ter sensibilidade com tais
perdas, mas existem valores, princípios, ideais, que nunca nos moveram.
O
sofrimento é universal, real e presente. Mas devemos repensar sua intensidade.
Jesus disse: “No mundo passais por aflição, mas tende bom ânimo, eu venci o
mundo”. Não há dor que não passe. “O choro pode durar a noite inteira, mas a
alegria vem pelo amanhecer”.
Sofra,
mas não mais que o necessário...
Nenhum comentário:
Postar um comentário