segunda-feira, 7 de julho de 2014

Generosidade e Alegria

Muitas afirmações de Jesus são surpreendentes, mas em dias de tanto auto enamoramento e narcisismo, nos quais somos tão atraídos pelo conforto e entretenimento, e nos preocupamos tanto em receber e sermos servidos, Jesus surpreende ao afirmar: “mais bem aventurado é dar do que receber”. Jesus afirma que liberalidade e generosidade são grandes fontes de alegria e contentamento.

No entanto, parece que dar é uma graça que ninguém quer ter. Talvez seja esta a razão de tanta depressão e solidão: Estamos demasiadamente ensimesmados.

É interessante considerar isto, porque em geral acreditamos que se ganharmos mais, tivermos mais, acumularmos mais e recebermos mais seremos mais felizes, mas Jesus analisa a vida por outro ângulo: Ser generoso traz libertação e alegria.

Num clássico na área de psiquiatria na década de 1950, chamado “Pecados do tempo presente”, um famoso psiquiatra de Nova York relata sua experiência com um cliente milionário, que vivia uma vida miserável. Na terapia tornou-se claro que uma das raízes de sua angústia era o apego aos bens materiais, e o médico lhe sugeriu que superasse esta angústia doando alguns de seus bens. Ele reconheceu que tal atitude seria positiva, mas ao mesmo tempo afirmou “eu sinto calafrios só de pensar nisto”. E continuou doente e ansioso.

Pessoas deprimidas possuem grande propensão ao movimento egóico (psicanálise), são auto centradas e quanto mais voltam-se para si mesmas, mais adoecem. Pessoas que se dão e aprendem a doar, tornam-se menos preocupadas consigo mesmas e tornam-se mais plenas.

Estas afirmações possuem fundamentação científica. Estudos demonstram a relação entre felicidade e comportamento altruísta. É conhecido o fato de que pessoas acumuladoras e gananciosas parecem nunca se satisfazer, enquanto que os que se envolvem em atos de solidariedade e serviço ao próximo, tornam-se mais felizes.

A angústia e a falta de sentido são mais fáceis de serem curadas se olharmos para além de nós mesmos, se desenvolvermos a simples prática de cuidar desinteressadamente de outros. Um período da semana separado para visitar um asilo, uma pessoa solitária, a doação de parte de nossos recursos para uma missão ou projeto social, cuidado com os pobres, visitas a hospitais, etc, poderia nos curar de muitas mazelas típicas da nossa autopiedade.

Certa mulher, viúva de um senador em Brasília, veio deprimida à nossa igreja num domingo de manhã, já que seu apartamento ficava ao lado da igreja. O tema daquela manhã era a importância do trabalho, não apenas como fim de manutenção, mas de auto-doação e serviço. No final da palestra, emocionada disse que veio procurar uma resposta, que lhe fora dada através da percepção do amor/serviço.


A afirmação de Jesus continua atual. “Mais bem aventurado é dar que receber”. Afinal, felicidade nunca deve ser buscada como um fim em si mesma, mas é sempre resultado de uma vida de equilíbrio. Romper com o auto-centrismo, narcisismo, possessividade e vaidade, pode ser a cura definitiva de nossos tantos problemas emocionais. 

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