Num artigo publicado pela revista
Seleções, em Abril/2004, foram avaliadas 10 “Chaves da felicidade”, tendo como fundamento teórico uma ampla
pesquisa de campo, com estudiosos e cientistas entrevistando milhares de
pessoas de diferentes idades, línguas e culturas para verificar quais seriam
estes fatores que poderiam gerar felicidade. Além da riqueza, inteligência,
família e idade, a fé foi um dos temas discutidos. Uma pessoa de fé tem ou não
mais chance de encontrar a felicidade?
Apesar de Karl Marx afirmar que a
religião é um “ópio do povo”, cuja finalidade é anestesiar sua capacidade
crítica da raça humana e Freud ter considerado a religião “uma neurose
obsessivo-compulsiva”, a pesquisa revelou que há uma profunda relação entre Fé
e Bem Estar. Uma pessoa que professa uma fé é, de fato, mais propensa à alegria
que uma que ignora realidades espirituais.
Isto torna-se claro no meio das
ambigüidades, dores e tragédias da vida. A fé nos sustenta no meio das
dificuldades. Quem crê tem mais propensão à resignação e sente maior conforto
no meio das lutas porque relaciona crises e perdas a um propósito maior. Se
Deus existe, é poderoso e bom, então o sofrimento faria parte de um plano e de
um sentido maior, ainda não possa ser explicado.
Acreditar na vida após a morte é outro
aspecto que tem um efeito altamente positivo em tempos de lutos e perdas.
Quando a morte não é vista como ponto final, mas transição e passagem, a dor
pode ser amenizada, afinal, perder um ente querido, mesmo quando o mesmo encontra-se
doente e idoso é algo fortemente emocional, e a fé se torna uma fonte de grande
esperança nestes momentos. O fim da vida, o funeral e o túmulo são, por sua
natureza intrínseca, grandes fontes de angústia, e sem uma convicção de
eternidade, a perda torna-se ainda mais dura e pesada.
O Dr. Haroldo G. Koenig, da Duke
University afirma que o fator fé se torna especialmente positivo quando se
envelhece. “Você vê esse efeito em tempos de estresse. A crença religiosa pode
ser uma forma muito poderosa de lidar com a adversidade”. A fé traz
estabilidade, conforto, equilíbrio e esperança em tempos aflitivos e nas
intempéries da vida.
Outro fator que relaciona fé e o bem
estar é que a religião tem um forte componente comunitário, trazendo interação
social e apoio. O fato da pessoa participar de uma comunidade dá sentido de
pertencimento que enfraquece a força negativa da solidão, do abandono e do
anonimato, principalmente em grandes centros urbanos.
Mas não é só uma questão de receber.
Todas as religiões encorajam a solidariedade, fraternidade e engajamento.
Pessoas que repartem e cooperam em projetos tornam-se generosas e
consequentemente, isto traz qualidade de vida. Doar e doar-se é uma enorme
fonte de satisfação.
Por estas e outras razões, a fé está
intimamente ligada ao bem estar das pessoas.
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