quarta-feira, 4 de junho de 2014

Beleza e felicidade


É de Vinicius de Morais a conhecida frase: “As feias que me perdoem, mas beleza é essencial”. Por ser um poeta, ele exaltava a estética, o charme e o glamour da mulher brasileira, mas e quanto à felicidade,  ser bonito nos torna mais felizes? Seria verdadeira a frase de Giuseppe Belli: “Que grande dom de Deus é a beleza. É preferível tê-la ao dinheiro: pois a riqueza não dá beleza, mas com beleza se conquista a riqueza”?

Em 2004, Bob Holmes resolveu estudar as chaves da felicidade e levantou a questão se a beleza era importante ou não. Eis sua resposta:

“Primeiro, as más notícias: as pessoas bonitas são realmente mais felizes. De fato existe um efeito positivo da beleza física sobre o bem estar subjetivo”. Sua conclusão se aproxima da visão de Adélia Prado ao declarar que “Beleza não é luxo. É uma necessidade!”. Para Holmes, a vida é mais generosa para os bonitos, já que os rostos mais atraentes são simétricos, e há provas de que a simetria reflete bons genes e um sistema imunológico saudável.

Apesar das declarações de Holmes, gostaria de discutir este ponto de vista por outro ângulo. As pessoas são mais felizes porque são bonitas, ou são mais bonitas porque são felizes? Penso que o último ponto é mais relevante, afinal “Ser bonita não interessa. Seja interessante!” (Nelson Rodrigues).

O livro de Provérbios afirma que “o coração alegre aformoseia o rosto”. Isto é, uma pessoa de bem com a vida, com um humor mais acentuado, tende a gostar e cuidar mais e melhor de si mesma, e assim criar relacionamentos melhores, porque sua disposição interior projeta-se no exterior. De repente, o importante não é a beleza estética, mas o charme, que gera esta beleza e atração.  

O coração alegre faz o rosto ficar bonito, e não o contrário. Pessoas mau resolvidas tendem a projetar seu desencanto e amargura. “Como jóias caras em focinho de porco, assim é a mulher formosa sem discrição”, já afirmava Salomão.

A beleza está no coração daquele que a contempla. Se esta afirmação é verdadeira, beleza possui, além do seu componente estético, artístico, geométrico, cores e formas, o elemento da sensibilidade e do “it”. Pessoas charmosas e elegantes, não são necessariamente as mais belas, mas aquelas cuja imagem que vende atrai, sensibiliza e projeta beleza.

A jóia cara no porco continua rara e bela, mas está no lugar errado. Beleza e pocilga são antagônicas, assim como beleza sem discrição e elegância se torna frívola e vazia. Mulher barata perde seu charme e esvazia a beleza. É jóia rara sem o espaço adequado.


Seja como for, acho que Vinicius estava certo: “Beleza é essencial”, desde que seja definida. O melhor conceito que já vi sobre beleza é “sentir-se confortável dentro de sua pele”. Isto é beleza! Isto traz felicidade!

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