Não é incomum encontrarmos pessoas declarando de forma explícita (ou implícita), que são tristes e frustradas por estarem casadas. Esta declaração, de fato, é verdadeira? Seriamos mais felizes se estivéssemos solteiros? As pessoas casadas são menos realizadas?
Uma
análise de relatórios de 42 países, realizada pelos pesquisadores Bob Holmes,
Kurt Kleiner, Kate Douglas e Michael Bond não confirmam esta “suspeita”, pelo
contrário, demonstra que o ser humano é mais feliz casado que solteiro. Uma
variável foi levantada na pesquisa: O casamento torna a pessoa mais feliz ou
quem é feliz tem mais possibilidade de encontrar um parceiro?
Outro
dado revelou-se curioso. A despeito do grande questionamento moderno sobre a
oficialização do casamento, o papel, o ato de se casar oficialmente, parece
indicar algo especial. “Meu palpite é que casais que apenas vivem juntos não têm
a segurança que vem com o ato formal”, afirma um dos pesquisadores.
Na
pesquisa, chegou-se à conclusão de que pessoas casadas são mais eficientes no
trabalho, menos tendentes à depressão, se ausentam facilmente de seus trabalhos
e tem menos enfermidades, mudam menos de emprego, sendo mais estáveis e
produtivas.
Apesar
da pesquisa, é importante que se entenda que não podemos depender do outro para
nossa felicidade e sobrevivência. Uma relação co-dependente, que baseia sua
alegria no outro, termina quase sempre em fracasso. “A melhor maneira de ser
feliz com alguém é aprender a ser feliz sozinho. Daí a companhia será uma
questão de escolha, não de
necessidade” (Jô Soares).
Este
é o conceito da “simbiose incestuosa”, desenvolvido por Erich Fromm. “Se não
conseguirmos abraçar nossa própria solidão, simplesmente usaremos o outro como
escudo contra o isolamento. Nossa relação será sufocante. Se você é incapaz de
desistir do casamento, então o casamento está condenado”.
Muitos
culpam o companheiro por serem infelizes ou não encontrarem realização pessoal,
mas não consideram que já eram deprimidos antes do casamento. Ao entrarem num
relacionamento já possuíam um histórico de mau humor e insatisfação e ao
casarem encontram um bode expiatório para sua infelicidade.
O
outro pode nos ajudar quando entendemos que existem inimigos reais no
casamento, mas que ele não é, em última instância, nosso adversário, e sim
aliado. Quando o transformamos em opositor, desenvolvemos uma relação de
acusação e defesa, alguém a ser derrotado e não um parceiro.
A
verdade é que estamos onde estamos, porque decidimos, ou deixamos que
decidissem por nós. Não somos vítimas, a não ser de nós mesmos. Todos temos
medos. O homem se angústia pela possibilidade da falência, morte, sexualidade, masculinidade
e busca de significado. A mulher com a ditadura da estética, com o
envelhecimento e a busca de segurança, entre outras coisas.
Obviamente
ter alguém com quem compartilhar nossa história, ainda que num nível
superficial, ajuda no equilíbrio emocional. A Bíblia afirma que “melhor é serem dois do que um, porque há
melhor paga pelo seu trabalho. Se um cair, o outro o levantará. Ai, porém do
que estiver só, pois se cair, ninguém o levantará”. No entanto, condicionar
a alegria a alguém pode ser uma tragédia ainda maior. Temos que resolver as
necessidades, independentemente, sendo solteiro ou casado. Ninguém resolve o
seu problema, a não ser você mesmo (e Deus!).