Poucas
coisas são tão eficientes para gerar alegria em nossa vida que a amizade
genuína. Certos amigos têm o poder de restaurar nosso coração mesmo nos dias
mais sombrios, e trazem muita alegria nos dias comuns. Vinícius de Moraes chegou a afirmar: “Tenho amigos que não sabem o
quanto são meus amigos... Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem
morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus
amigos! Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos e o quanto
minha vida depende de suas existências... A alguns deles não procuro, basta-me
saber que eles existem. Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela
vida. Mas, porque não os procuro com assiduidade, não posso lhes dizer o quanto
gosto deles. Eles não iriam acreditar!”
Para envelhecer com arte e
alegria, precisamos de cinco ingredientes que se complementam, e nenhum deles é
dispensável: comunidade, família, amizade, finanças e espiritualidade. Sem
amigos sinceros nossa velhice se torna pobre, porque são poucos amigos que
ficam na medida em que envelhecemos. “A amizade duplica as alegrias e divide
as tristezas” (Francis Bacon).
Amigos
alegram a vida e trazem enorme senso de prazer. O cientista Bob Holmes, com sua
equipe de pesquisadores, vem investigando o que leva as pessoas a serem felizes
ou infelizes ao redor do mundo. Ele descobriu, por exemplo, que pessoas da
classe C e D costumam ter mais de 70% de amigos que pessoas da classe A e B, e
este seria o ingrediente básico que leva as pessoas de classes mais baixas a
serem mais plenas.
Em
Calcutá, um membro de sua equipe entrevistou 83 pessoas de 3 grupos: moradores
de rua, favela e prostitutas, medindo sua satisfação de vida. Usando uma escala
em que a pontuação 2 é considerada neutra. No total, a média foi de 1.93 – não
é certamente uma posição ótima, mas considerando o estilo de vida que levam,
revelou-se surpreendente. Num grupo de controle de estudantes da classe média
da cidade, a pontuação foi apenas um pouco mais alta: 2.43. sua conclusão foi a
seguinte:
“Acreditamos
que as relações sociais são, em parte, responsáveis por esse quadro. Os
moradores da favela alcançaram media 2,23, como índice de satisfação altos em
áreas específicas como família (2.5) e amigos (2.4)”.
Amigos
amenizam o impacto de perdas, impedem o efeito solidão, enriquecem momentos de
alegria e chegam quando todos os demais saem. Por estas e outras razões, é um
antídoto contra o tédio, a depressão e a falta de significado.
Quem encontra um amigo
encontra uma grande benção. Felicidade e amizade não fazem apenas rima, mas
realmente se complementam. Pessoas solitárias são mais infelizes porque a vida
não compartilhada é saqueada e empobrecida. Afinal, “A amizade
desenvolve a felicidade e reduz o sofrimento, duplicando a nossa alegria e
dividindo a nossa dor” (Joseph Addison).
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