Não,
esta frase não foi dita por um pastor, mas por um ateu. Mais especificamente,
um “ex-ateu”. A Revista Veja de 13/7
de 2013, publicou interessante entrevista com o filósofo Luiz Felipe Pondé,
responsável por uma coluna semanal na Folha de São Paulo, e autor de vários
livros. Controvertido por natureza, é estudioso de teologia e apesar de não ter
nenhuma religião em particular, disse que tomou esta decisão ao perceber que a
espiritualidade da esquerda é rasa, pois aloca toda a responsabilidade do mal
para fora de si: na classe social, no capital, no estado, na elite, e isto, na
sua opinião, infantiliza o ser humano.
A partir de então: “Comecei a achar o
ateísmo aborrecido, do ponto de vista filosófico”. Para ele “o cristianismo, que
é uma religião hegemônica no Ocidente, fala do pecado, de sua busca e de seu
conflito interior. É uma espiritualidade riquíssima, pouco conhecida por causa
do estrago feito pelo secularismo extremado... o homem é fraco, frágil. As
redenções políticas não tem isso...” Segundo Pondé, na visão política os homens
não tem responsabilidade moral.
Outro aspecto que ele mencionou ao ser
perguntado se acredita em Deus, foi: “Sim. Mas já fui ateu por muito tempo.
Quando digo que acredito em Deus, é porque acho essa uma das hipóteses mais
elegantes em relação, por exemplo, à origem do universo... considero isto, em
termos filosóficos, muito sofisticado. Lembro-me sempre de algo que o escritor
inglês Chesterton dizia: Não há problema em não acreditar em Deus; o problema é
que quem deixa de acreditar em Deus, começar a acreditar em qualquer outra bobagem,
seja na história, na ciência ou em si mesmo, que é a coisa mais brega de todas.
Só alguém muito alienado pode acreditar em si mesmo”.
Ele afirma que deixou de ser ateu,
porque começou a achar o ateísmo chato. “A hipótese de Deus bíblico, na qual
estamos ligados a um enredo e um drama morais muito maiores do que o átomo me
atraiu. Sou basicamente pessimista, cético, descrente, quase na fronteira da
melancolia. Mas tenho sorte sem merecê-la. Percebo uma certa beleza, uma certa
misericórdia no mundo, que não consigo deduzir a partir dos seres humanos,
tampouco de mim mesmo. Tenho a clara sensação de que às vezes acontecem
milagres. Só encontro isso na tradição teológica”.
Talvez Rubem Alves, no seu livro enigma da religião, tenha conseguido
expressar sua angústia e esperança ao mesmo tempo. “O que nos é dado, em nossa
situação histórica, não nos permite nenhum tipo de otimismo. Sei, entretanto,
que o homem não pode sobreviver sem esperança. É a esperança que nos... autoconsistência.
A psicoterapia descobriu que objetivamente não há esperança, para os pacientes
que subjetivamente não tem esperança”.
Norman Geisler escreveu sugestivo
livro com o título “Não tenho fé suficiente
para ser ateu!”. Este livro aborda a questão da própria verdade, provando a
existência de absolutos e desmontando afirmações do relativismo moral e da
pós-modernidade. Vale a pena conferir!
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