C. S. Lewis faz a seguinte proposição filosófica: “sentimento
nem sempre gera fato, fato sempre gera sentimento!”. Esta dupla afirmação é uma
das mais eficientes e revolucionárias fórmulas para reorganizar nossas emoções e
restaurar relacionamentos.
A primeira parte desta afirmação aponta para o fato de quão inútil
podem ser nossos sentimentos para realizar o bem, quando não se transformam em
atitudes. Você pode sentir muito dó de determinada pessoa, ver o estado deplorável
de uma criança de rua, uma pessoa abandonada ou necessitada, e isto pode até
chocar sua sensibilidade e levar você às lagrimas, mas não necessariamente a
tomar uma ação concreta para cuidar e proteger. Você sentiu muito, mas sua emoção não gerou nenhuma atitude – não gerou
fato.
A segunda parte diz que “fato sempre gera sentimento”. Esta é uma afirmação um pouco mais
complexa.
É fácil entendermos que atitudes saudáveis geram emoções saudáveis,
em nós e nos outros, pois quando fazemos aquilo que é certo e amoroso, tal
atitude gera dividendos positivos. Mas existe, em contrapartida, alguma coisa
em nós que se torna um problema: “Não gostamos de fazer algo quando não queremos fazer”. Eventualmente não sentimos
vontade de fazer o bem. Nos defendemos afirmando que “não queremos ser hipócritas”,
e que “não podemos fazer nada se não estamos sentindo!”
Veja como esta questão pode se tornar complicada. A Bíblia
afirma que “se o teu inimigo tiver fome,
dê-lhe de comer; se tiver sede, dê-lhe de beber” (Rm 12.20). Pergunte a si
mesmo, honestamente: Eu realmente tenho vontade
de fazer o bem para aquele que me considera inimigo, ou para alguém de quem
me sinto inimigo? Naturalmente, não. Se ele
morrer de fome, problema dele, posso me justificar dizendo que não fui o responsável.
Se morrer de sede, posso ficar ainda mais satisfeito, porque o sofrimento foi
mais cruel e intenso. Ninguém quer
fazer o bem ao inimigo. Portanto, a bíblia parece nos ensinar que amor não é
fruto do sentimento, mas da vontade. Eu decido amar! Amor não tem a ver com
sentimento, mas com obediência. Amor não é uma emoção, mas uma prática.
Então, faça o que Deus
lhe ordena fazer. Apenas obedeça. Se o seu coração lhe dizer Não (Sentimento), ainda assim faça!
(Atitude).
C.S. Lewis fala de fazer o bem “as if” (como se) o amor já estivesse presente. Ele afirma que quando fazemos o bem, porque temos que fazê-lo, e não
porque o sentimento está presente, ocorre algo surpreendente no coração de quem
faz e de quem recebe. Este fato, sempre gera
sentimento.
Para exemplificar, ele usa o negativo exemplo do povo alemão,
que desenvolveu ódio pelos judeus, por isto, resolveu persegui-los e exterminá-los.
Eles estavam sendo honestos com o
sentimento que tinham. Era de se esperar, portanto, que depois que vingassem de
forma tão cruel como fizeram com a prática do genocídio, eles finalmente
encontrassem certa satisfação interior. No entanto, ficaram ainda com mais ódio
dos judeus e da vida.
Quando você faz o bem (amor não é sentimento, mas prática) o
sentimento que você ainda não tem, virá. Atitudes de amor, geram sentimentos de
amor.
Veja como isto tem implicações poderosas no relacionamento
familiar. O marido sente-se ferido pela esposa, então, ao invés de reagir às provocações,
age com bondade e ternura. Este amor demonstrado tem o poder de curar,
restaurar e fazer brotar amor no outro. O seu comportamento de amor gerou no
outro um sentimento de amor, pois fato sempre
gera sentimento. Se este
princípio for aplicado ao relacionamento em casa, será capaz de transformar a
história de competitividade e luta, em doação e entrega.
Será que este princípio é realmente válido? Só há um jeito
de saber. Coloque-o em prática!
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