No desafiador livro “The Point Man”, destinado ao publico
masculino, Steve Farrar escreve um capítulo com o título: “Salvem os garotos!”, citando uma frase de Carl
Farley: "Um garoto é a única coisa que Deus pode usar para fazer um
homem". Portanto, precisamos cuidar dos nossos filhos de forma muito
especial. Eles são a matéria prima de Deus! Através deles Deus quer forjar a
humanidade. Se alguma coisa pode trazer esperança de uma sociedade minimamente
civilizada no futuro, será por meio de famílias com pais responsáveis.
Lamentavelmente
os filhos encontram- se desorientados quanto à sua masculinidade e paternidade.
Os modelos familiares fragmentados na pós modernidade, parecem inviabilizar a
capacidade dos pais em conciliar demandas
sociais e profissionais, com a convivência familiar. O resultado é que os
filhos sofrem da ausência física e emocional dos pais. George Vailant
entrevistou vários homens de negócios, cientistas e professores na meia idade,
o resultado foi que noventa e cinco por cento deles afirmaram que seus pais ou
foram exemplos negativos na infância ou pessoas que não exerceram qualquer
influência em suas vidas.
Jack
Sternbach fez uma pesquisa com homens na fase adulta que assim relataram seus
relacionamentos com os pais: 23% eram fisicamente ausentes; 29% sentiram
ausência psicológica dos pais muito ocupados, desinteressados por suas vidas ou
passivos em casa; 18% sentiram a ausência psicológica dos pais que foram muito
austeros ou moralistas e sem envolvimento emocional com suas vidas e 15%
descreveram seus pais como pessoas ameaçadoras e descontroladas. Somente 15%
consideraram seus pais envolvidos em suas vidas.
Se
quisermos criar famílias fortes e emocionalmente estáveis, precisamos cuidar desta
geração. Será uma longa jornada para mudarmos os paradigmas equivocados e
construirmos um novo modelo. A tarefa é árdua, porque temos que vencer nossos
próprios limites; e longa por não ser um projeto rápido. Se começarmos agora,
só veremos os efeitos desta mudança daqui a 20 anos, mas é preciso salvar os
filhos.
Quantos
pais são capazes de afirmações simples como: “eu amo você!” Quantos já
declararam alguma vez: "estou orgulhoso de você" ou "você fez
muito bem"? Quantos pais estão jogando vídeo games com seus filhos ou demonstram
interesse em participar de seus eventos atléticos? Quantos pais tem abraçado
seus filhos e filhas? Tem contado histórias e os leva para pescar ou para uma
tarefa comum de lazer ou à igreja nos domingos?
Tenho defendido a tese de que a fonte de todas neuroses
está relacionada à figura dos pais. Você deve conhecer um homem desequilibrado
e já deve ter percebido os graves traumas que ele causa em seus descendentes. Numa
campanha promovida por Chuck Colson entre os presos americanos, resolveram sugerir
aos presos que no dia das mães escrevessem um cartão, e providenciaram papéis,
envelopes e pagariam o envio do correio. O resultado foi surpreendente: Poucos
deixaram de fazê-lo! Como a idéia se mostrou eficaz, resolveram ampliá-la para
o dia dos pais, no entanto, raros foram os presos que quiseram enviar um
cartão. Isto demonstrou que a grande maioria daqueles homens, não tinha
relacionamento positivo com seus pais ou não estava interessado neles.
A tese que propus acima, de que grande parte de nossas
neuroses encontra-se no relacionamento disfuncional com os pais (aqui me
referindo diretamente aos homens), encontrou mais peso ao perceber que Jung
defendia a idéia de que o mal oculto nos pais, se manifestava nos filhos: “Há
um grande número de pacientes que se sentem verdadeiramente perseguidos pelos
pais, mesmo que estes hajam morrido há muito tempo” (A natureza da Psiquê,
244).
Neuroses profundas se associam ao distanciamento,
passividade ou agressão paterna, causando males psiquiátricos quase irreversíveis.
Por isto, nada mais justo e urgente que refletir sobre a paternidade, num tempo
em que os pais parecem cada vez mais perdidos, diminuídos ou distanciados, tornando-se
meras máquinas para prover recursos, roupas, viagens e brinquedos cada vez mais
caros, quando a alma humana insiste em dizer: “A gente não quer só comida, a
gente quer a vida, diversão e arte”.