Novamente
a Coca-Cola surpreende com outra belíssima propaganda. Eles descobrem algumas
cartas antigas que foram escritas quando as pessoas ainda eram crianças e que
foram enviadas ao Papai Noel, e as surpreendem trazendo o presente que elas
haviam pedido tanto tempo atrás... Depois que o presente é entregue perguntam:
Você acredita na magia do Natal?
Eu também
acredito na magia do Natal. Independentemente da Coca-Cola e sem papai Noel,
mas acredito...
O
natal me traz positivas reações e eventualmente uma grande nostalgia e senso de
solidão, mas gosto do clima que ele traz: as árvores, as luzes e presépios.
Gosto também de música de natal em qualquer época do ano, embora entenda que
isto é bizarrice. Meus amigos riem disto e com razão me torno motivo de
galhofas e piadas, mas creio que está tudo certo. Gosto de dar presentes, gosto
da casa cheia e gosto de ganhar presentes.
Mas
o grande encantamento do natal não se encontra nestas coisas, nem na fictícia
figura do papai Noel, criada para fins comerciais, nem nas luzes e festas,
cenas de famílias reunidas e encontros sociais – o que me causa um grande
espanto é o natal em si.
Para
refrescar minha memória, abro deliberadamente os quatro evangelhos bíblicos, e
leio as narrativas do nascimento de Jesus, e me encanto com cada uma delas.
Corremos
o risco de perdermos o menino Jesus no meio da festa. Podemos nos esquecer da
razão do natal. Neste dia celebramos o maior evento da humanidade: Deus
resolveu se tornar gente e morar no meio dos homens, tornando-se um menino
frágil num ambiente hostil.
Deus
viu nossa dor e resolver visitar a humanidade. Ele viu nossos delírios
megalomaníacos expressos nas Hiroshimas e nos holocaustos; ele viu a dor das
nossas Biafras e Vietnãs, nossos complexos dos alemães e decidiu que era
preciso se tornar gente, habitar um corpo e nos fazer sonhar novamente.
A
magia do natal encontra-se num Deus que resolveu visitar nossas ricas casas,
tão luxuosas e tão vazias; nossos palácios nababescos e ainda assim tão
deprimentes; nossos casebres carentes de tudo e por isto resolveu morar entre
nós na pessoa de Jesus.
A
magia do natal se torna significativa quando a dor da nossa solidão é visitada
pela presença renovadora de sua graça; quando nosso pânico, medo e depressão
são vencidos no encontro com o Deus que nos conhece. A magia se revela quando
lares quebrados pela indiferença, ódio, luta pelo poder e traição, são
restaurados com o perdão e a reconciliação. Por isto a manjedoura nos aponta
para sonhos, utopias, subversões e desejos.
Deus
viu nossas contradições, as Biafras esqueléticas, as falsas piedades, os abusos
e gemidos de Auschwitz, a destruição de nossas florestas e rios, nas
candelárias e Carandirus da vida, na ansiedade humana tão tola e vazia, e teve
misericórdia de nós. Ele nos enviou seu Filho. O Verbo se fez carne e habitou
entre nós.
Eu
creio na magia que se revela na estrebaria, na gravidez de uma adolescente de
Belém, na humanidade de um Deus que deixou sua glória para nos ensinar a viver
e dar esperança para morrer. Eu creio na magia de um menino pobre de Nazaré que
revolucionou o mundo.
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