Poucos homens estudaram tanto o comportamento humano quanto B. F. Skinner. Ele é um dos pais e mentores da Psicologia do comportamento, ou, do behaviorismo, se adotarmos o termo na língua inglesa. Num intrigante livro sobre o ser humano chamado O mito da Liberdade (Rio de Janeiro, Bloch Editores S.A, 1973), expressa profundo desencanto com esta questão da liberdade humana. Ele conclui seu livro dizendo: "Uma análise experimental transfere a determinação do comportamento do homem autônomo para o ambiente – um ambiente responsável pela evolução da espécie como pelo repertório adquirido por cada membro... Ele está realmente controlado pelo ambiente". (op.cit.pg 167-168).
Embora ele acentue que este ambiente é construído em grande parte pelo próprio homem não deixa de expressar em todo conteúdo do livro, forças humanas que condicionam o homem, levando-o a fazer opções que não necessariamente são julgadas em todas as suas complexidades.
Esta é uma das razões pelas quais temos falado de forças tirânicas que agem sobre nós e interagem conosco. Uma das que tem sido mais enfáticas, tem sido o conceito de sucesso. Somos uma sociedade ambiciosa e desesperada por reconhecimento público.
Imagine que você pergunte ao seu filho pré adolescente ou adolescente, e sugiro que não o faça, o que ele pensa que seria a sua expectativa sobre ele lhe dando três opções: ser um homem rico, um homem bom, ou um homem de sucesso, o que você acha que ele iria responder?
Muito provavelmente a resposta seria sucesso. O excesso de atividades, tarefas e obrigações que criamos para nossos filhos revelam a nossa ansiedade para que eles sejam bem sucedidos. A agenda de muitos meninos e meninas tem sido agenda de executivos, eles perderam a capacidade do lúdico, do prazer e do brinquedo. Tornam-se sérios demais numa época em que deveriam brincar. Por que o estatuto dos menores não discute esta questão? Muitos lares têm impedido os filhos de viverem pelo desejo incontrolável de que sejam pessoas de sucesso na vida.
Homens e mulheres também vivem no afã do sucesso. Partem vorazmente para o mercado de trabalho, fazem cursos cada vez mais rigorosos, afinal, dizem eles, precisam de um lugar ao sol. Os dois saem em busca do sucesso, reconhecimento, notoriedade. Esquecem-se uns dos outros, abandonam afetivamente os filhos e neste desespero pós-moderno, perdem a alma e o prazer de ser gente, de brincar, de rir. Ambos providenciam bens e riquezas para casa, mas ninguém está providenciando recursos para a alma, para os afetos.
O que poucos estão discutindo é o real conceito de sucesso. O que é ser bem sucedido? O que transforma uma pessoa em alguém vitorioso? Um diploma a mais? um carro mais novo? uma viagem a mais à Europa? Gente com tanto e com tão pouco, vazia de afeto, vazia de alma, vazia de sentido? É isto que chamamos de sucesso? Filhos estressados, individualistas, egoístas, burgueses, sem razão para viver, sem prazer de viver, sem sentido para viver? Pessoas ensimesmadas, yuppies sem desejo de ser gente, sem capacidade de amar?
A Bíblia nos faz uma exortação muito séria sobre isto: "Tal é a sorte de todo ganancioso; e este espírito de ganância tira a vida de quem o possui" (Pv 1.19)
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