Esta é uma famosa frase de C. S. Lewis, celebrado autor da Série “Nárnia”, que tem encantado crianças e adultos por tantas gerações.
Igualmente conhecida é a frase de Guimarães Rosa, no seu estilo enigmático e misterioso, de prosa inventiva, mas sempre cheio de sensibilidade que aparece na boca do narrador-personagem Riobaldo no clássico romance Grande sertão: Veredas: “Viver é muito perigoso”. Viver (...) é muito perigoso. (...) Porque aprender-a-viver é que é o viver, mesmo. (...) Travessia perigosa, mas é a da vida. Sertão que se alteia e se abaixa. (...) O mais difícil não é um ser bom e proceder honesto; dificultoso, mesmo, é um saber definido o que quer, e ter o poder de ir até no rabo da palavra.
Temos vivido dias de insegurança no Brasil, não apenas pelo alto índice de assassinatos, violência do trânsito, câncer, Covid-19 e agora a ameaça à segurança nas escolas. Os pais estão histéricos, e os filhos igualmente neuróticos. Uma pessoa na área da educação me disse que uma das conversas recorrentes entre os pré-adolescentes nas escolas, é sobre o plano de fuga que eles têm em mente, em caso de novos ataques. Muitas instituições estão instalando detetores de metais e contratando seguranças para proteger suas crianças.
Sim, viver é muito perigoso. Não estamos isentos de enfermidades, podemos ser assediados pelo fracasso e desilusão, “o tempo é mais curto do que os sonhos, porque o fim pode vir antes do começo” e isto pode nos levar à desesperança, pessimismo, e até mesmo perda da vontade de viver. Luiz Filipe Pondé afirma que “O pessimismo é o modo mais racional de ver o mundo O grande dano causado pelo projeto demoníaco é a perda da esperança (...) o pessimismo era um pecado diante de Deus.” E é interessante anotar que Pondé se vê como ateu...
Certo homem mudou para uma cidade do interior, porque percebeu que muitas pessoas estavam morrendo onde morava, e ele queria fugir da morte. Ao chegar à pacata cidade, começou a conversar com um homem simples da periferia e lhe perguntou: “O Senhor sabe me dizer se há muitas mortes por aqui?” E o homem, na sua simplicidade respondeu: “Não. Apenas uma para cada pessoa.”
É fácil perder a alegria, o entusiasmo pela vida, diante das aberrações, contradições e da injustiça. Sim... viver é perigoso, mas não custa lembrar que a esperança é uma das virtudes cardeais do cristianismo. Fazer atividades físicas é perigoso, mas ficar sentado é ainda mais; viajar é perigoso, mas não viajar é ainda mais; amar é perigoso, mas endurecer o coração e viver sem afetos o é ainda mais; trabalho é perigoso, mas a ociosidade traz consequências ainda mais danosas.
Muitos tem medo de viver, mas devemos entender que viver é uma grande benção. Precisamos de prudência, mas não podemos viver presos e amarrados ao medo. Precisamos de segurança, mas jamais teremos controle de todas as variáveis. Saber que há um Deus que governa nossa história é uma das coisas mais maravilhosas para a alma ansiosa. Afinal “O Senhor é meu pastor, e nada me faltará.” Não faltará sustento, não faltará direção, não faltará segurança, não faltará esperança. Viver é perigoso, mas não precisamos ter medo de viver.
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