O saudoso Dr. Elon Gonçalves, pediatra conhecido na cidade, gostava de repetir o título deste artigo. A frase sobre leitura é de autoria do filósofo italiano Benedetto Croce. Na verdade, aprender a ler é o grande desafio de qualquer geração. Livros abrem um universo mágico, cheio de informações e beleza sendo a fonte de transformação da sociedade. Ensinar alunos e filhos o prazer da leitura é um dos grandes desafios pedagógicos.
É preciso que os professores adotem o hábito de leitura como prática importante para a transformação e formação crítica do aluno, mas, ainda mais importante é gerar neste aluno o prazer de ler.
Ninguém é capaz de falar da leitura como prazer como Rubem Alves o fez. Em seu artigo O Prazer da Leitura, ele desafia os educadores a conduzirem as crianças ao fascínio e maravilhas que moram dentro do livro. Não são as letras, as sílabas e as palavras que fascinam. É a história.
Para ele, num primeiro momento, as delícias do texto encontram-se na fala do professor. Citando a psicanalista austríaca Melanie Klein, Alves afirma que o professor, no ato de ler para seus alunos, transforma-se no "seio bom", mediador que liga o estudante ao prazer do texto. Rubem Alves conta que conheceu o prazer da literatura nas aulas de leitura, quando ainda era criança. A professora lia, interpretava o texto e os alunos ouviam extasiados.
Foi ouvindo a narração de estórias que ele conheceu Monteiro Lobato e foi puro prazer. Ainda segundo ele, era sempre uma tristeza quando a professora fechava o livro. O escritor e psicanalista também considera todo texto uma partitura musical em que as palavras seriam as notas.
Ele entende que as escolas só realizarão sua missão se forem capazes de desenvolver nos alunos o prazer da leitura porque quem gosta de ler tem nas mãos as chaves do mundo. Rubrm Alves questiona a afirmação de que os adolescentes não gostam de leitura, apesar de concordar que, como regra, não gostam de ler. Ele atribui este distanciamento ao fato de que nunca tiveram contato com o prazer da leitura.
Já o escritor e ensaísta argentino Jorge Luís Borges declara que não há razão para se ler um livro que não dá prazer, pois há milhares de outros que dão. Ele lembra que o escritor escreve para produzir prazer.
Em uma entrevista às páginas amarelas de Veja, o ex-presidente da Harvard University afirmou que a filosofia da universidade não é ensinar os alunos, mas despertar neles o desejo de aprender. Na verdade, é isso que a universidade faz: dá ferramentas e pistas que despertam nos alunos a vontade de estudar, se aperfeiçoar e de aprender continuamente para se tornar um profissional respeitado. Ou você acredita que a universidade, por si só, seja capaz de formar um bom médico, advogado ou professor?
Nenhuma escola consegue capacitar alguém a ser um bom profissional, mas pode ajudá-lo a desejar o constante aprendizado e isso, por sua vez, pode culminar no exercício da carreira com excelência. Por isso, escolas devem estimular o aluno a querer aprender. Este é o grande desafio. Afinal, “o mais difícil é aprender a ler, o resto está escrito.”
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