sexta-feira, 28 de janeiro de 2022

Não vamos trabalhar!!!

 


 

A maioria de nossa idade adulta gastamos trabalhando, envolvidos com o trabalho, procurando trabalho e falando do trabalho. Esta é uma forma social de iniciar uma conversa: “Eu sou ....” ou “Eu trabalho em...” Assim tem sido desde sempre e de forma mais profunda na era industrial. Muitos valorizaram mais o trabalho em suas vidas, que até mesmo suas relações afetivas ou sua fé.

 

Com  o surgimento da tecnologia, o trabalho tem sido cada vez menos físico e mais intelectual, além do mais existe mais liberdade de escolher a educação e de poder trabalhar nas áreas nas quais cada um se sente recompensado, cuja remuneração satisfaça, e que assegure o status social desejado.

 

Com a economia digital, o trabalho exige plena atenção, habilidade para criar, produzir, vender, inovar e consumir. Apesar do papel central do trabalho na vida do ser humano, recentemente um forte movimento, começou a surgir nos EUA, e tem sido chamado de “Anti-work movement”.

 

A pergunta que o Sheila Flynn levanta no Jornal Inglês “The Independent”  É interessante: é possível realmente existir um mundo sem trabalhos?” Ela analisa o fenômeno atual de um grande número de pessoas que pediram demissão de seus trabalhos. As estimativas falam em 4 milhões de pessoas que recentemente decidiram não trabalhar em empregos formais.

 

Na verdade este movimento não defende explicitamente a ideia de não trabalhar, mesmo porque as pessoas precisam sobreviver; mas expressa um desejo profundo de mudança, que ficou mais acentuada na pandemia. Um fórum foi criado, “Reddit”,  e tem crescido vertiginosamente. O número de pessoas inscritas aumentou 400% em um ano, alcançando quase 1 milhão de assinaturas. A proposta deste fórum é “começar um diálogo sobre a problemática do trabalho como conhecemos e resistir aos valores dos gerentes e corporações que encontram-se acima das necessidades dos trabalhadores e as relações abusivas do trabalho”.

 

Em Outubro de 2021, Elle Hunt, colunista do prestigiado “The Guardian”, escreveu um artigo sobre o assunto, aprofundando a discussão e explorando a crítica sociológica que este movimento suscita sobre o modelo “exaustivo e insustentável de trabalho” que sustenta a atual economia.

 

Os líderes do movimento reconhecem que precisam de ter dinheiro para pagar as contas e colocar comida na mesa, mas trata-se de uma reação ao sistema de trabalho estressante a que os trabalhadores tem sido submetidos. Eles advogam a necessidade das pessoas encontrarem um novo estilo de vida, mais saudável, mais feliz, e que realmente possa trazer significado.

 

Trata-se, portando, de uma reflexão sobre o papel da produção e do trabalho. Qual o local que ele deve ocupar em nossas vidas e prioridades? É possível repensar o modelo atual que tem sido a mola mestre da Era Industrial? Estamos iniciando um novo processo sobre as relações de trabalho que marcarão a Sociedade moderna nas próximas gerações? Bem... apenas o tempo poderá responder a estas profundas questões.

 

 

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