sábado, 24 de outubro de 2020

Borderline



O termo “bordeline” tornou-se, nesta semana, um dos mais pesquisados no “Googletrends”, que registra os assuntos mais relevantes da Internet. As características desse transtorno vão da impulsividade (incluindo a violência) às oscilações de humor, passando pela insônia e irritabilidade, levando a pessoa a ter uma forte tendência ao consumo abusivo de álcool, remédios e drogas. Transtornos alimentares também estão associados.


Em outras palavras, a pessoa com esse transtorno de personalidade é alguém intragável. Em alguns casos, é quase impossível conviver com ela. Muitas vezes o comportamento existe porque a pessoa foi exageradamente mimada na infância e desde cedo aprendeu que, com birra, mau humor e agressividade conseguiria o que queria. Naturalmente podemos entender que alguns destes comportamentos também podem estar associados a uma disfuncionalidade ou à violência reativa ao tratamento recomendado, que não é medicamentoso e sim terapêutico.


Um dos tratamentos mais eficazes tem sido a terapia em grupo por razões claras: a pessoa precisa aprender a dialogar, ouvir opiniões diferentes, lidar com frustrações e discordâncias, bem como aprender a controlar seu impulso de gritar, de perder o controle, elaborando melhor suas reações de humor. 


Embora não seja possível ignorar doenças mentais e transtornos como o da ansiedade, bipolaridade e borderline, temo que estejamos terapeutizando, excessivamente, comportamentos inadequados, dando nomes bonitos e sofisticados a atitudes feias e deselegantes. Por exemplo: o déficit de atenção pode justificar o garoto indisciplinado e displicente, mas, será que toda desatenção e dificuldade de se concentrar e estudar pode realmente ser explicada pelo déficit de atenção? 


Da mesma forma, será que toda pessoa desequilibrada, que gosta de “rodar a baiana”, fazer um barraco”, armar confusão e escândalo, dar show e xilique, ter ataque nervoso ou histérico, faniquito e fricote pode ser justificada pelo transtorno de personalidade conhecido como bordeline? Mais uma vez, não quero negar o transtorno, mas, sim, questionar se tais atitudes não poderiam se tornar um meio de vida! Ou seja, questiono, apenas, se tais comportamentos não seriam uma fórmula infantil de resolver as coisas e lidar com frustrações e perdas.

Um conselho a mais para você que se justifica psiquiatricamente: ninguém é obrigado a lidar com seus desatinos e grosserias, seja qual for o nome que você queira dar para se justificar. Então, se você percebe que realmente tem algum problema grave de distúrbio comportamental, procure ajuda profissional. Agora, se isso é apenas uma forma de perpetuar o seu mau humor e instabilidade, fique atento, porque você pode perder não só quem você ama, mas também pessoas que amam você, como diz Chico Buarque: “Se você vai ficar enrustido, com esta cara de marido, a moça é capaz de se aborrecer. Detrás de um homem triste há sempre uma mulher feliz, e detrás desta mulher há sempre homens tão gentis...”

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